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Investimento direto ou ações: qual a melhor maneira de investir em cripto?

Em 2022, queda generalizada dos mercados financeiros após uma onda de incerteza geopolítica e monetária afetou mais as ações do que as principais criptomoedas

Ações de empresas podem ser afetadas pelas criptomoedas de diversas formas (Alistair Berg/Getty Images)

Ações de empresas podem ser afetadas pelas criptomoedas de diversas formas (Alistair Berg/Getty Images)

Se você ouviu que as criptomoedas são o “futuro do dinheiro” e está pensando em investir no setor, pode estar em dúvida quanto a melhor forma de fazê-lo. Além do investimento direto, uma outra forma de obter exposição às criptos é por meio das ações de empresas envolvidas com o setor.

A diferença entre ambos está no fato de que as criptomoedas são uma forma de dinheiro totalmente digital protegido por criptografia e vivem em redes baseadas em blockchain. Isso faz com que a sua falsificação, alteração ou roubo se tornem ainda mais difíceis. Elas são de custódia própria do investidor, que pode trocar seu dinheiro comum por criptomoedas em corretoras especializadas. É como trocar reais por dólares na esperança da valorização da moeda, só que de forma digital.

Enquanto isso, as ações representam uma participação individual de propriedade em uma empresa. Elas são emitidas por empresas que optam por abrir o seu capital após passarem por um extenso processo regulatório e podem valorizar ou desvalorizar de acordo com o desempenho da empresa em questão e do sentimento do mercado. O investimento em ações é disponibilizado em bolsas de valores de todo o mundo.

Mesmo que as ações não sejam dinheiro, elas podem ser afetadas por ele. É aí que as criptomoedas entram como protagonistas ou coadjuvantes nas ações de muitas empresas de capital aberto. “Não existe uma discrepância entre o mercado tech e o mercado cripto. Muito pelo contrário, eles estão correlacionados. E aí com o mercado caindo, as ações acabam caindo também”, revelou Guilherme Zanin, estrategista da Avenue Securities.

(Mynt/Divulgação)

Seja por meio do balanço da empresa, que pode utilizar reservas em criptomoedas como estratégia de tesouraria, ou por seu modelo de negócio, a verdade é que muitas gigantes da tecnologia possuem algum nível de exposição às criptos. Listamos as principais e seus desempenhos em 2022:

Empresas que investem em bitcoin:
• MicroStrategy (MSTR): - 62%
• Tesla (TSLA): - 41%

Empresas que oferecem serviços com criptomoedas:
• Mercado Livre (MELI34): - 47%
• Nubank (NUBR33): - 62%
• PayPal (PYPL): - 58%
• Silvergate Bank (SI): -52%

Empresas que investem e oferecem serviços:
• Coinbase (COIN): - 73%
• Block (SQ): - 47%
• Marathon Digital (MARA): - 68%
• Galaxy Digital Holdings (GLXY): - 65%
• Riot Blockchain (RIOT): - 68%

No mesmo período, o desempenho das duas maiores criptomoedas foi de:
• Bitcoin: - 36%
• Ether: - 46%

Enquanto ativos de risco, as principais criptomoedas e o mercado de ações estão mais correlacionados do que nunca, de acordo com especialistas. E o momento, apesar de parecer negativo, pode ser interessante para os investidores mais aventureiros, de acordo com o autor de “Pai Rico, Pai Pobre”.

Robert Kiyosaki, o autor do livro nº 1 de finanças pessoais, declarou estar à espera de novas quedas do bitcoin para que ele possa “encher um caminhão” de unidades da moeda, já que estes são os “melhores momentos para ficar rico”.

Guilherme Zanin, o estrategista da corretora que promove o investimento em ações estrangeiras, comentou o cenário atual das criptomoedas e ações: “O mercado financeiro de uma forma geral tem caído nos últimos meses. É natural, dado que houve uma elevação da taxa de juros [nos EUA], e aí os ativos que possuem riscos acabam sofrendo mais”, afirmou.

De acordo com dados apontados pelo estrategista, a correlação das ações com a maior representante das criptomoedas já ultrapassa os 100%. “Além disso temos visto uma correlação grande entre criptomoedas e as empresas de tecnologia. Se a gente fizer uma correlação entre o índice Nasdaq e o bitcoin a gente vê que hoje está 180%”, revelou Guilherme à EXAME.

No entanto, no longo prazo as expectativas ainda são boas para as empresas que investem no setor. “Nossa expectativa é que obviamente, uma diversificação desses produtos deveria trazer benefícios para essas empresas no longo prazo. Caso o mercado cripto volte a subir, elas devem se beneficiar de forma direta ou indireta”, contou.

Uma quebra na correlação entre ambos os mercados pode ainda ser benéfica às empresas. “Esperamos que essa correlação acabe descorrelacionando com o tempo e a gente veja uma menor correlação nos próximos meses caso o mercado cripto continue a crescer. E aí as empresas poderão se beneficiar disso”, revelou o estrategista da Avenue Securities.

Falando apenas em números, investir diretamente nas criptomoedas pode ser mais vantajoso. No entanto, é preciso notar que o investimento direto nas moedas digitais requer alguns cuidados e adaptações que o investidor mais acostumado aos mercados tradicionais talvez precise se adaptar.

Carteiras digitais, frases semente e chaves privadas são apenas algumas das novidades propostas pela tecnologia blockchain há pouco mais de 10 anos, enquanto as ações estão há muito mais tempo no mercado e oferecem um regulações mais avançadas. Por isso, além dos números, o investidor interessado nas tecnologias do futuro deve avaliar com qual modalidade de investimento se sente mais seguro e otimista.

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