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Inteligência artificial, blockchain e mais: qual será a tecnologia dos empregos do futuro?

Carreiras de profissionais de todas as áreas estão sendo impactadas pelo surgimento de novas tecnologias; descubra as tendências do mercado e como se adaptar

Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)

Novas ferramentas de Inteligência Artificial já se tornaram essenciais para potencializar os resultados de marketing (Getty Images/Reprodução)

Mariana Maria Silva
Mariana Maria Silva

Repórter do Future of Money

Publicado em 18 de junho de 2024 às 15h41.

Última atualização em 18 de junho de 2024 às 17h20.

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Em 2023, o “boom” do ChatGPT veio para mostrar que a possibilidade de humanos serem substituídos por máquinas não está apenas nos filmes de ficção científica. Dados de uma pesquisa realizada pela Ipsos revelam que 50% dos brasileiros teme ser substituído pela inteligência artificial (IA) no trabalho em 2024.

No entanto, estar atualizado sobre tecnologias como IA e blockchain pode ajudar profissionais a conquistar novas posições de destaque no mercado de trabalho, de acordo com especialistas ouvidos pela EXAME.

IA e cibersegurança

Para Henrique Gamba, managing partner na Kinp Group, empresa especializada em recrutamento de executivos, o mercado de profissionais de tecnologia está “quente”, principalmente com vagas voltadas para inteligência artificial e cibersegurança. Pensando em cargos mais altos na tecnologia, para além do conhecimento técnico, o perfil deste profissional mudou e agora exige um novo tipo de visão de negócio.

“Faz 20 anos que eu só faço vagas de tecnologia. Com certeza o perfil dos executivos de tecnologia mudou muito ao longo dos anos. O que mais mudou é a habilidade comportamental. Porque até 10, 15 anos atrás o que era esperado de um executivo de tecnologia era deixar a tecnologia andando, implementar sistemas e não deixar com que eles caiam, manter a rede em pé. Com o tempo, essa parte se tornou extremamente fácil e tercerizável, e agora ele precisa trazer conhecimento de negócio”, disse Gamba em entrevista exclusiva à EXAME.

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“Cada vez mais eu vejo competências comportamentais e habilidades interpessoais sendo um diferencial. Conhecer as melhores tecnologias para se trabalhar é básico, ele tem que conhecer. Agora se ele não souber usar esse conhecimento para agregar valor para o negócio, não serve de muita coisa”, acrescentou.

Segundo Henrique, o profissional deve se fazer as seguintes perguntas: “Como que a tecnologia vai agregar valor para aquele tipo de negócio? E se eu sou especialista, como que eu faço para essa tecnologia alavancar valor?”

Blockchain e Drex

Outra tecnologia que já demanda profissionais especializados é a tecnologia blockchain. Conhecida como o berço das criptomoedas, esta tecnologia possui diversas aplicações e já é adotada e estudada por uma série de bancos e instituições financeiras, como JPMorgan, BlackRock, Fidelity Investments, BTG Pactual, Nubank e Itaú.

Um estudo da Coinbase revelou que a adoção de blockchain por empresas da Fortune 500 aumentou 56% este ano. A Fortune 500 é um compilado feito anualmente pela revista Fortune com base no faturamento das empresas dos EUA.

Pensando nisso, Juliana Manara, estrategista de inovação e negócios da Ilegra, empresa global de estratégia, inovação e tecnologia, apontou para uma escassez desses profissionais e possíveis oportunidades.

Segundo ela, essas oportunidades não se limitam apenas à programação, como muitos podem pensar à primeira vista. Empregos com potencial em blockchain também envolvem áreas como UX/UI e gestão de projetos, por exemplo.

“[Depois de programação] a segunda área que vai ter maior impacto de blockchain é UX. Por experiência nossa em projetos com blockchain, a gente vê que o maior ‘buraco’ está na interface e na experiência, porque ela acontece tão por trás da tecnologia, que na hora que vai pra interface, ela fica muito difícil e não consegue traduzir todo o potencial”, explicou em entrevista exclusiva à EXAME.

“Outra área é a gestão de projetos. Projetos de blockchain vão funcionar de forma descentralizada, têm uma dinâmica diferente, o profissional vai ter que fazer diferente da forma que lida com outras tecnologias. E isso vai desde cargos junior até sênior. Tentar fazer uma Ferrari andar como um fusca é deixar de aproveitar muitas das capacidades que ela entrega”, acrescentou Juliana.

Para a executiva, blockchain é uma habilidade cada vez mais exigida e escassa. Ela também acredita que o Drex, projeto de moeda digital do Banco Central do Brasil, pode acelerar ainda mais a procura por profissionais do setor.

Recentemente, o próprio Banco Central passou por um movimento de funcionários apelidado de “Drexit”, em que especialistas em Drex deixaram a autarquia para trabalhar em empresas privadas. Os que ficaram, exigem salários e condições de trabalho melhores.

No entanto, a executiva admite que é possível observar uma busca maior entre profissionais que querem se atualizar em inteligência artificial ao invés de blockchain, principalmente depois do “boom” do ChatGPT. Apesar disso, ela destaca a importância de aprender sobre blockchain e diz que no futuro, muitos podem se arrepender de não pesquisar sobre como empregar a tecnologia em seus trabalhos.

“Blockchain ainda não chegou no dia a dia das pessoas, essa é a grande diferença com IA. Mesmo com o projeto do Bacen, a grande operação vai ser inicialmente entre bancos e Banco Central, então ainda vai demorar um pouco para chegar no dia a dia das pessoas. Hoje ainda tem muita comparação do porquê eu preciso do Drex se eu tenho o Pix. Mas as empresas já viram que não, que vão ter que se reinventar para buscar outras formas de faturamento”, explicou ela à EXAME.

“A questão é que se o profissional não está ligado no mercado internacional, ele vai depender disso chegar no seu dia a dia para se mexer. Ele está seguindo a curva de amadurecimento das tecnologias, mas com a mídia e o envolvimento do setor público, essas curvas acontecem de maneira mais rápida e intensa”, acrescentou.

“Vai ter muito profissional que vai olhar pra trás e pensar ‘perdi o timing’, principalmente no setor financeiro ou empresas que tem interesse em produtos financeiros”, concluiu Juliana Manara, da Ilegra.

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