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Hashdex lança 1º fundo ativo de previdência no Brasil com investimento em criptomoedas

SulAmérica Hashdex Prev vai combinar exposições a criptoativos e renda fixa, buscando ampliar os ganhos dos investidores no longo prazo

Hashdex lançou novo fundo cripto com foco em previdência (Reprodução/Reprodução)

Hashdex lançou novo fundo cripto com foco em previdência (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 5 de junho de 2023 às 09h15.

Última atualização em 5 de junho de 2023 às 11h35.

A Hashdex lançou nesta segunda-feira, 5, o primeiro fundo ativo de previdência do Brasil com exposição a criptomoedas. O SulAmérica Hashdex Prev foi criado a partir de uma parceria com a SulAmérica e já está disponível para os investidores. O objetivo do produto é expandir as opções de investimentos no mercado cripto e, ao mesmo tempo, explorar a tese de investimento de longo prazo nos ativos digitais.

A empresa já é conhecida no Brasil e em outros países pelo trabalho com fundos de criptomoedas. Ela foi a responsável por lançar o primeiro ETF - um fundo negociado em bolsa - com exposição a criptoativos, o HASH11, e desde então tem atuado tanto no mercado brasileiro quanto internacional na oferta de outros tipos de fundos, facilitando a entrada de investidores no segmento.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Samir Kerbage, CIO da Hashdex, destaca que a ideia surgiu porque os fundos de previdência representam um mercado "gigante", mas pouco explorado no mundo cripto. "Basicamente não tem alternativas de exposição a cripto, e é uma categoria de investimento vista como de longo prazo, um portfólio de longo prazo, e com tributação muito atrativa, então é mais vantajoso que os fundos multimercados", explica.

Dinâmica do fundo

A estratégia de alocação no novo fundo da Hashdex segue a lógica "long biased", em que o foco é em uma valorização no longo prazo. Os investidores adquirem cotas no fundo e, a partir de um determinado ano, começam a receber valores mensais resultantes dos ganhos obtidos a partir dos investimentos realizados por aquele fundo.

No caso do SulAmérica Hashdex Prev, a alocação em criptomoedas é dinâmica, explica Kerbage. Há um limite máximo de exposição de 20% em relação investimentos totais, seguindo regras internacionais sobre o tema. O foco dessa estratégia é "mitigar choques negativos de preço, reduzindo a volatilidade e a perda máxima que a carteira pode ter. Isso exige abrir mão de um pouco de rentabilidade, mas entregando um retorno ajustado ao risco melhor que uma alocação em cripto sem essa metodologia".

O grau de exposição segue os investimentos no Nasdaq Crypto Index, um índice da bolsa de tecnologia dos Estados Unidos que investe em projetos do segmento. Por isso, a carteira do fundo "naturalmente é diversificada e capta o crescimento do mercado. Hoje, esse índice é  composto primariamente por bitcoin e ether, mas tem outros oito ativos. Conforme o mercado muda, vão entrando e saindo ativos", comenta Kerbage.

O executivo observa que, com essa dinâmica, o fundo é capaz de realizar correções de rota nos investimentos que, muitas vezes, precisam ser feitas pelos próprios investidores. No caso dos investidores diretos, "se 5% da carteira vai para cripto, ao longo dos anos, para manter esse investimento balanceado, precisa vender e redistribuir o portfólio quando o mercado cripto dispara. Já se o mercado cai muito, o investidor também precisa rebalancear a carteira e comprar mais. É uma atividade difícil para a maior parte dos investidores, esse balanceamento exige disciplina e resistir aos vieses comportamentais, como de comprar na alta e vender na queda".

Já o fundo "faz isso automaticamente, rebalanceia a carteira. Na prática, ele compra na baixa e vende na alta". Com essa estratégia, Kerbage explica que foi possível tanto "satisfazer exigências regulatórias para esse tipo de fundo", que exige uma política de investimentos mais conservadora, quanto permitir que os investidores com foco em longo prazo "capturarem a tese de criptoativos".

Por outro lado, os investimentos restantes do fundo, que podem chegar a um mínimo de 80%, são em títulos públicos brasileiros, o que segundo o executivo gera um "benefício de ter mix de alocação em dólar, com os criptoativos, e uma parcela relevante em renda fixa. Em um ambiente de juros altos, e essa é a perspectiva pro futuro, juros mais altos, consegue capturar essa alta de juros. É um veículo super interessante".

Também por ser um fundo de previdência, ele não está sujeito ao chamado "imposto come-cotas", mas possui uma taxa de administração de 1,5% do total e de performance, de 20% sobre os ganhos que excederem os do CDI, com os investimentos em criptomoedas sendo realizados exatamente para gerar esse ganho.

Ao mesmo tempo, Kerbage pontua que a lógica de longo prazo de um fundo de previdência "casa muito bem" com os criptoativos: "Para um investidor que monta carteira de longo prazo, faz sentido ter essa alocação em criptoativos. O tamanho da alocação depende do perfil do investidor, idade, se é mais conservador ou mais agressivo, mas acreditamos que toda carteira deveria ter uma pequena parcela em criptoativos devido ao potencial de retorno no longo prazo".

"Em um veículo de previdência, você consegue um conjunto de benefícios, em especial a tributária, e nessa metodologia de long bias consegue capturar o crescimento dessa classe de ativos [cripto] mas também de um ambiente de juros altos e uma possível apreciação de longo prazo. São componentes super interessantes para a carteira de brasileiros, de exposição à tecnologia e a um investimento geracional", diz o executivo da Hashdex.

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Fundos de criptomoedas no Brasil

Para o CIO da Hashdex, o lançamento do novo fundo de previdência não teria sido possível sem os avanços de regulamentação que o Brasil teve nos últimos anos em relação às criptomoedas. Kerbage afirma que "o Brasil é uma das jurisdições mais avançadas do ponto de vista de regulação de criptoativos, e isso é super positivo para o setor".

"A CVM teve uma orientação que permitiu que fundos investissem em criptoativos, tivemos o Marco Legal aprovado recentemente. Tudo isso dá mais clareza. O Brasil está muito avançado na adoção de criptoativos e ativos digitais no geral, e a gente tem criado um ambiente muito propício para o surgimento de uma indústria de gestão profissional de cirptoativos", avalia o executivo.

A postura dos reguladores deu espaço para o que Kerbage chama de "proliferação de fundos e ETFs", tornando o Brasil uma das maiores indústrias de fundos cripto do mundo, e talvez até a maior, além de uma diversidade de teses, fundos e gestores, com uma "prateleira bem diversa e com bastante opções para os investidores".

"Isso coloca o Brasil em uma vanguarda. Existe uma demanda muito grande de investidores, eles querem investir em criptomoedas, e há interesse de investidores institucionais, com uma preferência pelos fundos e ETFs. Eles estão estudando, curiosos, porque viram que precisam alocar, a questão é achar o momento adequado em uma incerteza macroeconômico", pontua.

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