Mineração de bitcoin demanda energia barata e sustentável (Foto/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 28 de maio de 2024 às 17h31.
A Enegix Global, uma das maiores empresas do mundo na área de mineração de bitcoin, pretende expandir suas operações para o Brasil. Em entrevista à EXAME Yerbolsyn Sarsenov, CEO da empresa, revelou que a companhia criada no Cazaquistão foi atraída para o mercado brasileiro devido a vantagens energéticas e regulatórias que o país tem apresentado.
Sarsenov explica que "o Brasil apresenta condições referentes a recursos naturais que o tornam uma potência na mineração de bitcoins. Aqui, encontramos uma quantidade muito expressiva de recursos naturais que proporcionam geração de energia com custo e eficiência que buscamos".
Em geral, a mineração da criptomoeda demanda um alto consumo de energia, usada para alimentar os complexos computadores que resolvem problemas matemáticos avançados como parte do processo de mineração do ativo. Por isso, empresas de mineração vêm buscando cada vez mais instalar mineradoras em países com fontes de energia baratas.
Ao mesmo tempo, o impacto ambiental da prática de mineração de bitcoin se tornou um ponto de crítica contra a indústria, e por isso as empresas têm buscado operar em países com amplo uso de fontes renováveis de energia.
Nesse sentido, Sarsenov avalia que o Brasil combina essas duas necessidades, um cenário que também se repete em outros países da América Latina.
"Vemos um grande potência no continente nesse sentido e estamos vislumbrando parcerias com empresas e profissionais locais, pois será uma ferramenta muito importante para o crescimento do ecossistema. Esses parceiros entendem o ambiente, cultura e formas de fazer negócios no Brasil e América Latina como um todo", destaca o executivo.
Ele revela ainda que a meta da companhia é tornar o Brasil mais atrativo para os mineradores de bitcoin. A operação inicial da Enegix será de 80 megawatts em um complexo na região Nordeste, mas a ideia é expandi-la para 200 megawatts nos próximos anos.
A principal instalação da companhia está no Cazaquistão, contando com uma capacidade de 180 megawatts. Há operações, ainda, nos Estados Unidos, e planos para expansão para a Argentina e o Paraguai a partir do escritório no Brasil.
“O escritório regional em São Paulo será responsável por identificar potenciais instalações em todo o continente sul-americano. Inicialmente, nosso objetivo é aumentar nossa pegada, começando pelo Brasil, e atingir 80 megawatts até o final de 2025", diz.
"O Brasil oferece regras claras sobre criptomoeda e energia, e nossa ideia é seguir com a expansão pela América Latina”, comenta Sarsenov, apontando o avanço da regulação de cripto no país como outro fator que atraiu a companhia.
Na visão do executivo, a mineração de bitcoin é a "espinha dorsal" da criptomoeda: "Entendemos que o bitcoin está apresentando uma maior aceitação e isso gera cada vez mais receita. O movimento é natural e isso impulsiona a mineração. Essa é uma indústria muito importante, tende a crescer e nosso objetivo é oferecer o apoio necessário para o crescimento da indústria de bitcoin".
Ao mesmo tempo, o CEO comenta que a Enegix não divergiu de outras grandes mineradores e também está buscando diversificar suas operações, em especial na área de inteligência artificial. Na visão dele, as operações com IA são um "caminho natural" para o setor, o que incluirá a presença no Brasil.
"Estamos realizando conversas com outras empresas internacionais que estão olhando para o Brasil e seu potencial. Para uma evolução nesse aspecto, é muito importante a utilização uma banda de internet muito boa e a região Nordeste tem uma conexão de bom nível. Esse é o local de nossas operações, então, sim, nós estamos pensando em AI também", pontua.