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Geração Z e futebol: oportunidades e inovação para colocar o Brasil de volta no cenário global

Era "hiper conectada" ampliou os horizontes do universo dos esportes, criando um novo perfil de torcedor através da transformação digital

seleção brasileira de futebol feminino olimpiadas (CBF/Reprodução)

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 28 de dezembro de 2024 às 10h00.

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Por Bruno Pessoa*

A globalização do futebol está transformando significativamente o comportamento dos torcedores, especialmente no Brasil. Com o amplo acesso a transmissões internacionais e plataformas online, muitos fãs brasileiros estão se conectando a clubes estrangeiros.

De acordo com o Global Fan Report, encomendado pela Chiliz, 34% dos brasileiros já demonstram mais interesse por times de fora do que pelos nacionais.

Esse fenômeno vai além do marketing dos clubes europeus e reflete também a mobilidade dos atletas, com muitas estrelas brasileiras em ligas internacionais de destaque e a mobilidade das bases de fãs que a cada dia se espalham mais ao redor do mundo.

Historicamente, o futebol brasileiro sempre foi sinônimo de criatividade, talento e paixão. No entanto, na era hiper conectada de hoje, a internet e a cobertura midiática global ampliaram os horizontes dos torcedores. Ao longo dos últimos anos, vimos o surgimento de um novo perfil de torcedor, impulsionado pela transformação digital.

Novo perfil de torcedor

Se antes o fanatismo pelo clube era central, hoje há cada vez mais "fãs de esportes" que consomem partidas e campeonatos de diferentes clubes e ligas. Esse comportamento, especialmente entre as gerações Z e Millennials, foi moldado por avanços tecnológicos que mudaram radicalmente o consumo de mídia.

A transição da Web1, onde o conteúdo era estático, para a Web2, que introduziu a interação e as redes sociais, já revolucionou a experiência dos fãs, permitindo maior proximidade e constante acesso ao conteúdo.

Inovação da Web3

Apesar de ser diferente de outras formas de entretenimento, com o esporte ainda dependendo muito do ambiente físico e do momento ao vivo, a inovação da Web3 pode fazer os torcedores interagirem ainda mais de uma forma ativa e personalizada com seus clubes.

As novas gerações, acostumadas a interações instantâneas e relações mais personalizadas, esperam que o esporte também adote esse nível de engajamento.

Fan Tokens

É nesse contexto que os Fan Tokens, que completaram 5 anos em 2024, e outras tecnologias emergem como soluções para atender a essas expectativas.

Eles transformam o torcedor de um mero espectador para um participante ativo, permitindo que façam parte de decisões, recebam recompensas exclusivas e se conectem com o clube de forma significativa, mesmo à distância, ampliando seu senso de pertencimento.

Muitos brasileiros, por exemplo, moram fora do país e enfrentam barreiras para acompanhar os times locais, como restrições de transmissão e limitações de canais de interação direta que o façam se sentir pertencentes àquela comunidade.

Isso cria uma oportunidade para clubes inovarem, levando a experiência esportiva para fora dos estádios e para a vida cotidiana dos torcedores, usando tecnologia para criar interações contínuas e personalizadas. Com essa nova configuração, os clubes brasileiros têm uma oportunidade única: usar a tecnologia para amplificar a presença do futebol além dos estádios e, ao mesmo tempo, celebrar a identidade única que o esporte representa e fortalecer os laços sociais e de comunidade, seus grandes alicerces.

Temos grandes exemplos mundiais de como isso pode acontecer. O clube alemão St. Pauli engaja seus torcedores ao representar valores de comunidade e apoiar causas sociais. Já o Atlético de Madrid decidiu escutar seus torcedores a respeito de seu rebranding e recuperar seu tradicional logo após perceber insatisfação.

Os torcedores detentores dos Fan Tokens do time espanhol puderam acompanhar em primeira mão o lançamento do novo uniforme após a decisão do clube. Da mesma maneira, os times brasileiros também podem se tornar símbolos de pertencimento e identidade. Mas, para isso, é essencial entender que a experiência não precisa estar restrita ao ambiente físico ou aos momentos dos jogos.

Assim, o desafio é criar um ecossistema de engajamento que combine tradição e inovação, conectando os torcedores à essência do clube de forma contínua e personalizada.

O futebol pode — e deve — ser uma experiência que transcende o calendário de jogos, uma interação permanente que permite ao torcedor ser parte do dia a dia e dos valores do clube, uma relação que transcende os limites geográficos e que se mantém fiel à identidade de pertencimento a uma comunidade única e leal à sua história e tradição.

Ao adotar tecnologias Web3 e soluções de engajamento digital, os clubes podem expandir sua presença global e fortalecer seus laços com os fãs, transformando o futebol brasileiro em uma plataforma dinâmica e conectada com as novas gerações.

A globalização não precisa ser vista como um desafio; ela representa uma oportunidade de inovar e reconquistar o torcedor local e ao mesmo tempo atrair uma audiência internacional que busca mais do que apenas uma partida — um vínculo genuíno e interativo. O próximo capítulo do futebol brasileiro pode ser tão vibrante quanto seu passado glorioso, basta apenas inovar e expandir os horizontes.

*Bruno Pessoa é Country Manager do Grupo Chiliz no Brasil, ecossistema de fan tokens de times como Barcelona e Paris Saint-Germain.

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