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Fundo tokenizado da BlackRock deve incentivar outras gestoras a adotar blockchain; entenda

Maior gestora do mundo intensificou ações no setor de criptoativos, com defesa de CEO Larry Fink e novos produtos de investimento

BlackRock intensificou ações na área de criptoativos (Shannon Stapleton/Reuters)

BlackRock intensificou ações na área de criptoativos (Shannon Stapleton/Reuters)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 2 de abril de 2024 às 09h30.

A BlackRock surpreendeu o mercado em março com a revelação da criação de um fundo tokenizado de investimentos. O projeto, batizado de BlackRock USD Institutional Digital Liquidity Fund é o primeiro da gestora que usa a tecnologia blockchain, mas especialistas afirmam à EXAME que a iniciativa não deve ser a última, podendo se espalhar para outras gestoras.

O fundo foi criado junto à rede Ethereum e tem como foco investimentos em moedas fiduciárias, acordos de recompra e títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Quando o investidor compra uma participação no fundo, ele recebe em troca um token, o BUIDL, sendo que cada unidade equivale a US$ 1 investido.

Até o momento, o fundo já atraiu mais de US$ 274 milhões (R$ 1,3 bilhão, na cotação atual) em capital e se tornou um novo símbolo do conjunto de iniciativas da BlackRock voltadas para o mundo cripto e para a tecnologia blockchain.

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Importância do fundo

Murilo Cortina, diretor comercial da QR Asset Management, avalia que o lançamento do novo fundo da BlackRock representa um "salto em direção à adoção da tecnologia blockchain" que seria significativo por si só, mas que também deverá servir como um "colchão de segurança para outros participantes".

Na visão do especialista, outras gestoras poderiam já estar interessadas em lançar seus próprios fundos tokenizados, mas "por incertezas regulatórias ou mesmo falta de conhecimento, ainda não partiram para adoção mais direta da tecnologia blockchain". Nesse sentido, o lançamento deve servir como um incentivo para movimentos semelhantes.

Cortina pontua ainda que "a BlackRock tem se mostrado muito 'pró-cripto' nos últimos meses. Seu CEO, Larry Fink, está se tornando quase que um 'advogado' de cripto no setor financeiro americano. Então de certa forma acho que só reforça esse ímpeto da BlackRock de realmente tornar cripto algo palpável e já integrado no nosso setor financeiro".

Já Dan Yamamura, sócio Fuse Capital, considera que o lançamento é um "posicionamento bastante estratégico" por parte da gestora, que vem demonstrando seu interesse e conhecimento sobre o setor. Ele insere o lançamento do fundo no conjunto de medidas da gestora, que incluiu o lançamento neste ano de um ETF de bitcoin nos Estados Unidos.

No caso do fundo tokenizado, ele opina que "é engraçado porque é quase que a mão inversa. O ETF dá acesso a investidores de mundo tradicional a um ativo do mundo de blockchain. O fundo agora é quase que a versão ao contrário. Ele dá acesso aos investidores de blockchain, ou na verdade de Web3, a um ativo de mundo tradicional. Os dois são a ligação entre esses mundos, e com a BlackRock no meio. É um posionamento bastante interessante".

Quais as diferenças para o mercado tradicional?

Cortina, da QR Asset, explica que, diferentemente de um fundo tradicional, os fundos tokenizados emitem tokens ao invés de ações para os investidores, com todo o registro de operações ficando armazenado em blockchain. "Os tokens emitidos para os investidores são únicos para cada um deles, eliminando assim a necessidade de alguma entidade externa reconhecer a propriedade do token por parte do investidor", comenta.

"Nesse sentido, não há um registro centralizado de acionistas, e a tecnologia de blockchain permite que os participantes visualizem suas participações em tempo real", diz. Como vantagens, ele acredita que o fundo tokenizado "pode reduzir custos relacionados às operações, como redução de taxas bancárias. Além disso, por estar dentro do blockchain, cada cotista pode ver em tempo real sua posição no fundo, de uma forma muito mais direta".

Em linhas gerais, porém, esses fundos ainda adotam uma estrutura semelhante à do mercado tradicional, com administrador, auditor e custodiante. Dan Yamamura ressalta que os fundos tokenizados trazem como vantagem o "acesso ao mundo Web3", possibilitando elementos como negociação 24 horas, sete dias por semanas e também a criação de "produtos financeiros baseados em blockchain".

"O desafio é você integrar essas duas instituições, instituições de mundo real e instituições de mundo de blockchain ter isso fluido através de um token. Então as duas partes precisam se encontrar no token, ou seja, o token é ligado a uma estrutura de mundo real, e esses prestadores de serviço precisam fazer essa integração e essa distribuição desses dois produtos", pontua.

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