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FTX ainda deve US$ 8,7 bilhões e usava dinheiro de clientes “desde o início”, aponta relatório

Documento divulgado por equipe responsável pelo processo de falência da corretora cripto desmascara má gestão e ilusão de que a FTX era uma empresa confiável

 (envato/Reprodução)

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Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 26 de junho de 2023 às 17h41.

Última atualização em 26 de junho de 2023 às 17h54.

O processo de falência da FTX, que chegou a ser a terceira maior corretora de criptomoedas do mundo até novembro de 2022, ainda não terminou e revela novidades desagradáveis para os investidores da corretora, que permanecem em um prejuízo bilionário.

Segundo um novo relatório divulgado pela equipe responsável pelo processo em Delaware, nos Estados Unidos, a FTX ainda deve US$ 8,7 bilhões e utilizava o dinheiro de clientes indevidamente “desde o início”.

“A imagem que o FTX Group procurou retratar como o líder focado no cliente da era digital era uma miragem”, disse John Ray III, o novo CEO que está tentando recuperar dinheiro para investidores, em um comunicado. “Desde o início da bolsa FTX.com, o Grupo FTX combinou depósitos de clientes e fundos corporativos e os utilizou de forma indevida com abandono sob a direção e por design de executivos seniores anteriores.”

John Ray III foi contratado após a saída de Sam Bankman-Fried, o fundador e então CEO da empresa. Com um julgamento marcado para outubro, Bankman-Fried enfrenta uma série de acusações da corte americana. Antes da falência, no entanto, ele figurava entre os principais nomes da indústria de criptomoedas.

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Mentiras aos clientes

Uma análise de auditoria forense foi realizada durante meses pelo grupo liderado por John Ray III e o documento divulgado recentemente afirma que pelo menos um advogado sênior fez o uso indevido do dinheiro de clientes de forma consciente.

“Mentiram para bancos e auditores, executaram documentos falsos e retiraram o Grupo FTX da jurisdição ameircana para Hong Kong e Bahamas, em um esforço contínuo para permitir e evitar a detecção de seus delitos”, diz o documento.

O relatório ainda aponta que um ex-funcionário da FTX afirmou que o grupo de empresas “não fazia distinção significativa entre fundos de clientes e fundos da Alameda Research”. A Alameda Research era uma das empresas do grupo e foi imprescindível para a falência, que se deu após a insolvência da empresa à medida que investidores sacavam seus fundos com o vazamento de dados internos da empresa.

O testemunho de Bankman-Fried em 9 de fevereiro de 2022, quando compareceu ao Senado americano e falou sobre as práticas da empresa para a proteção de clientes também foi falso, segundo o relatório.

Cerca de US$ 6,4 bilhões do dinheiro que a FTX devia a seus clientes estava “na forma de moeda fiduciária e stablecoin que foram desviados”, de acordo com o relatório. Cerca de US$ 7 bilhões em ativos líquidos foram recuperados até agora, e aqueles que procuram os ativos da empresa “esperam recuperações adicionais”.

Com um processo de falência em Delaware, a FTX ainda pode voltar ao mercado como FTX 2.0, caso o processo liderado por John Ray III obtenha sucesso. A tarefa, no entanto, está sendo “extraordinariamente desafiadora”, segundo o relatório.

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