Investigações teriam começado em abril, após quase 1 ano do início dos crimes (Issaro Prakalung / EyeEm/Getty Images)
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira, 21, a prisão do ex-executivo de uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo. Ishan Wahi foi acusado de utilizar informações privilegiadas obtidas a partir de seu cargo de gerente de produtos na Coinbase para realizar investimentos ilícitos. Seu irmão Nikhil Wahi também foi preso e um terceiro envolvido, Sameer Ramani, continua foragido.
As acusações foram feitas em conexão com o que o DJ descreveu como um esquema de “negociação de informações privilegiadas sobre criptomoedas”. Obtendo um lucro estimado de US$ 1,5 milhão, o trio falhou em cobrir seus rastros e chamou a atenção da Coinbase e das autoridades para suas transações ilícitas em abril, dando início às investigações.
De acordo com o comunicado disponibilizado pela justiça norte-americana nesta quinta-feira, 21, Ishan chegou a tentar fugir do país para a Índia, e foi impedido no aeroporto. Agora, ele e seu irmão Nikhil aguardam a definição da sentença. A pena máxima nos Estados Unidos para o crime de fraude eletrônica é de 20 anos.
Os lucros obtidos pelo trio foram gerados a partir do uso de informações privilegiadas obtidas por Ishan sobre quais criptoativos a corretora, que atualmente é a terceira maior do mundo, disponibilizaria em sua plataforma. Deste modo, investimentos em tais ativos eram realizados com antecedência a fim de lucrar com a sua valorização após a listagem.
Em outubro de 2020, Ishan entrou para o time de funcionários da Coinbase como gerente de produto na equipe de listagem de ativos. Em sua função, Ishan tinha conhecimento de quais ativos a corretora planejava listar e o momento de seus anúncios públicos, de acordo com o comunicado. O crime teria ocorrido entre junho de 2021 e abril de 2022 com a ajuda dos outros dois investigados.
Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, cerca de 25 criptoativos foram negociados pelos réus, que ainda teriam utilizado contas em nomes de terceiros e registros anônimos para evitar consequências legais. Alguns dos lucros divulgados foram US $ 7.000 em Tribe, US$ 13.000 em Alchemix, Gala, Ethereum Name Service (ENS) e Powerledger, e mais US$ 900.000 em XYO.
Apesar do crime ter ocorrido em um ambiente totalmente digital, o Departamento de Justiça quer deixar claro que este tipo de ação não passará impune nos Estados Unidos. Damian Williams, procurador do Distrito Sul de Nova York, declarou no comunicado:
“Nossa mensagem com essas acusações é clara: fraude é fraude é fraude, seja no blockchain ou em Wall Street. E o Distrito Sul de Nova York continuará implacável em levar os fraudadores à justiça, onde quer que os encontremos”.
O FBI endossa o posicionamento de Williams, defendendo que crimes envolvendo criptomoedas sejam investigados da mesma forma que os crimes financeiros de Wall Street. “Embora as alegações neste caso estejam relacionadas a transações feitas em uma corretora de criptomoedas – em vez de um mercado financeiro mais tradicional – elas ainda constituem informações privilegiadas”, disse o diretor assistente do FBI, Michael Driscoll.
Apesar do CEO da Coinbase, Brian Armstrong, ter dito em abril que “sempre existe a possibilidade de que alguém dentro da Coinbase possa, intencionalmente ou não, vazar informações para pessoas de fora envolvidas em atividades ilegais”, a empresa defendeu nesta quinta-feira, 21, que possui “tolerância zero para este tipo de má conduta”. O diretor de segurança, Philip Martin, ainda afirmou que forneceu informações sobre os réus às autoridades norte-americanas após conduzir uma investigação interna.
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