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Senior Solutions Architect da Chainalysis
Publicado em 15 de junho de 2025 às 10h02.
Os ativos digitais estão transformando rapidamente o ecossistema financeiro global, oferecendo novos modelos para pagamentos, investimentos e troca de ativos. Mas, juntamente com essa inovação, surge um conjunto familiar de riscos.
Infelizmente, as mesmas táticas de fraude que há muito impactam nas finanças tradicionais - como phishing, esquemas Ponzi e estelionato - também estão atormentando cada vez mais a Web3 e o ecossistema de criptomoedas.
Entre os tipos de fraude mais prejudiciais está a fraude de pagamento autorizado – ou APP (Authorized Push Payment) –, na qual as vítimas são levadas a transferir fundos voluntariamente para os fraudadores.
Atualmente, os golpes de APP são as principais ameaças direcionadas às instituições financeiras, impactando reembolsos, custos operacionais e muito mais.
Como revelado recentemente pela Chainalysis na edição 2025 do seu Crypto Crime Report, quase US$ 10 bilhões em criptoativos foram perdidos em 2024 devido a fraudes APP, embora estima-se que esse número provavelmente ultrapasse a marca de US$ 12,4 bilhões até o final das apurações e atualizações de monitoramento, o que seria um ligeiro aumento dos valores roubados em 2023.
Com a natureza descentralizada do ecossistema de criptos, as transações são rápidas, irreversíveis e muitas vezes pseudônimas – criando um cenário ideal para fraudes de APP. Os golpistas exploram esses recursos para se passarem por entidades confiáveis, fabricar oportunidades de investimento ou criar a urgência necessária para pressionar as vítimas a atuar antes que possam verificar a legitimidade da operação e/ou da situação.
À medida que a adoção de criptomoedas cresce, entender como a fraude APP funciona é essencial para permanecer protegido.
A fraude de pagamento autorizado (APP) ocorre quando um golpista manipula uma vítima a enviar dinheiro de bom grado sob falsos pretextos. Esse tipo de fraude difere da fraude não autorizada - como clonagem de cartão de crédito ou invasão de contas bancárias – em que os criminosos fazem transações sem o consentimento da vítima.
Os bancos e os prestadores de serviços de pagamento geralmente reembolsam as vítimas de fraudes não autorizadas, mas as vítimas de fraude de pagamento autorizado infelizmente têm menos proteções, especialmente em quando se trata de criptoativos.
Golpistas utilizam uma ampla variedade de táticas para manipular as vítimas e fazê-las autorizar transações com criptomoedas. Aqui estão alguns dos golpes mais comuns:
Os fraudadores têm como alvo específico as transações com criptomoedas por vários motivos:
Assim como em qualquer transferência de valor, os usuários de criptomoedas devem sempre verificar sua contraparte — especialmente se uma solicitação de pagamento for feita por meio de redes sociais, e-mail ou aplicativos de mensagens. Também é importante desconfiar de qualquer pessoa que prometa retornos garantidos ou use a urgência para pressionar a operação; dois sinais comuns de fraude.
Além disso, deve-se utilizar carteiras com múltiplas assinaturas ou etapas de autorização adicionais, e evitar conectar-se a sites desconhecidos ou aprovar transações incomuns. Em geral, um nível saudável de ceticismo e verificação pode ser fundamental para evitar erros dispendiosos.
Exchanges e empresas de criptomoedas também podem implementar ferramentas de detecção de fraudes para monitorar comportamentos suspeitos em tempo real, identificar atividades de risco em carteiras e descobrir padrões vinculados a golpes conhecidos.
Por exemplo, o Chainalysis Alterya é uma solução de detecção de fraudes com tecnologia de IA que identifica golpistas antes que eles encontrem suas vítimas e pode ser usada para ajudar a combater fraudes em aplicativos.
A abordagem baseada em dados do Chainalysis Alterya, que inclui modelos de machine learning (ML) on-chain e dados determinísticos (por exemplo, atribuição a golpes), permite avaliar com precisão os riscos, permitindo que os clientes tomem decisões informadas sobre transações e reduzindo a probabilidade de serem vítimas de golpes.
Governos em todo o mundo estão respondendo à ameaça de fraudes APP com uma série de medidas destinadas a prevenir e interromper golpes em andamento, desde campanhas de educação pública até o compartilhamento aprimorado de informações.
Em muitos países, há também uma ênfase crescente nas responsabilidades de prevenção de fraudes por parte de empresas regulamentadas, com as empresas sendo obrigadas a compartilhar as perdas das vítimas quando essas responsabilidades não são cumpridas.
Por exemplo, no final de 2024, o Reino Unido se tornou um dos primeiros países a determinar como a indenização deve ser concedida às vítimas de fraudes e golpes APP, exigindo o reembolso obrigatório às vítimas de instituições financeiras (IFs) que enviam e recebem pagamentos por meio de sistemas de pagamento tradicionais (FPS e CHAPs), sujeito ao cumprimento de certas condições.
Desde então, também vimos outros países, como a Austrália no início de 2025, introduzirem estruturas para combater vários tipos de fraudes APP, obrigando instituições financeiras, plataformas digitais e provedores de telecomunicações a prevenir, detectar, interromper e denunciar golpes, sob pena de sofrer penalidades severas por não proteger os clientes.
Esses esforços sugerem que a reflexão sobre quem arca com as responsabilidades e os custos das fraudes APP está mudando. No futuro, essas estruturas provavelmente também incluirão criptoativos, à medida que seu uso para pagamentos continua a crescer e as plataformas de acesso a criptomoedas já operam sob essas regras.
Ao mesmo tempo, as parcerias público-privadas continuam a desempenhar um papel fundamental no combate à fraude APP. Os reguladores estão agora trabalhando mais estreitamente com provedores de análise de blockchain para obter melhor visibilidade da atividade on-chain e detectar comportamentos fraudulentos precocemente.
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