Uso de conteúdos para treinar inteligências artificiais gerou polêmica (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 16h26.
A Fox Corp, um dos maiores grupos de mídia dos Estados Unidos, anunciou nesta terça-feira, 9, o lançamento de uma nova plataforma blockchain para auxiliar as empresas do setor na identificação do uso dos seus conteúdos na internet, inclusive para o treinamento de ferramentas de inteligência artificial.
De acordo com o Axios, a plataforma recebeu o nome de Verify Protocol e será usada pela Fox na negociação com empresas desenvolvedoras de inteligências artificiais para definir uma possível remuneração por uso de conteúdos dos integrantes do conglomerado, incluindo a Fox News, a Fox Sports e a Fox Entertainment.
O grupo de mídia afirmou ao Axios que já está em contato com outras empresas do setor para incentivá-las a usar a plataforma como forma de terem uma vantagem na negociação com as desenvolvedoras de inteligências artificiais. Não há informações até o momento sobre quais empresas aceitaram a ideia.
O Verify Protocol usa a tecnologia blockchain como forma de armazenar dados criptografados referentes à origem e história de conteúdos produzidos por empresas de mídia. A plataforma é uma colaboração entre a Fox e a Polygon Labs, responsável pelo blockchain Polygon.
Com a plataforma, as empresas poderão registrar os seus conteúdos e verificar a autoria e posse, possivelmente facilitando negociações de remuneração pelo uso desses materiais, em especial para o treinamento de grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês) usados em ferramentas como o ChatGPT e o Bard.
A ideia, segundo a Fox Corp, é que os conteúdos sejam registrados no blockchain imediatamente após a publicação. O projeta conta também com uma ferramenta que informa se um conteúdo está ou não registrado na rede. Até o momento, 80 mil publicações das empresas do conglomerado já foram registradas.
A estratégia da Fox surge em meio à intensificação das negociações e tensões entre empresas de mídia e desenvolvedoras de inteligência artificial. A Axel Springer, que controla publicações na Alemanha e nos Estados Unidos, anunciou recentemente um acordo milionário com a OpenAI, dona do ChatGPT, para remuneração por uso de conteúdo.
Já o The New York Times decidiu processar a OpenAI e a Microsoft, afirmando que as empresas violaram as leis de direitos autoriais dos Estados Unidos ao usarem conteúdos do jornal para treinar o ChatGPT sem uma remuneração ou autorização prévia. O caso deverá ser importante para determinar o futuro da relação entre empresas de mídia e as ferramentas de IA.
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