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Fórum Econômico de Davos mostra as tendências para o futuro dos criptoativos

Evento que reúne os mais relevantes atores da economia mundial debateu temas como tokenização e adoção institucional de cripto

Fórum Econômico Mundial contou com nova edição em 2024 (WEF/Divulgação)

Fórum Econômico Mundial contou com nova edição em 2024 (WEF/Divulgação)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 27 de janeiro de 2024 às 13h00.

*Por Eduardo Carvalho

Na última semana foi realizado em Davos, nos Alpes Suíços, a 54ª edição do Fórum Econômico Mundial, encontro anual que reúne as principais lideranças e autoridades globais para discutir as questões mais importantes sobre a economia global. Neste ano, mais uma vez os criptoativos assumiram uma posição relevante nos debates, sendo um dos tópicos recorrentes nos diversos painéis do evento.

Tal fenômeno sinaliza não apenas o interesse crescente pelo mercado, mas principalmente a importância estratégica que os ativos digitais conquistaram no cenário econômico global. Mas, o que exatamente moldou esse contexto tão próspero? Quais são os próximos passos do mercado? A institucionalização ajudará ou será um obstáculo?

Estas e outras questões foram debatidas pelos principais especialistas do mundo e ajudaram a compreender os motivos que levaram os ativos digitais a estarem num momento importante e prestes a realizar uma revolução em nossas vidas. Confira algumas das principais temáticas discutidas:

RWA: Valor real para a adoção em massa de cripto

Na criação de novas modalidades financeiras, a percepção de valor é fundamental. Até porque uma coisa só tem significado se isso for um consenso de todos. No caso do dólar, por exemplo, o governo norte-americano se utilizou do ouro como referencial de valor para garantir a estabilização e a confiança da moeda no final do século 18.

Hoje está consolidado dentro do universo cripto um cenário muito parecido com os chamados tokens RWA (Ativos do mundo real, em tradução). Nesse nicho, que deve atingir um valor de mercado de R$ 20 trilhões até o final de 2030, segundo relatório recente divulgado pelo Citibank, os ativos digitais possuem uma referência tangível de valor baseada em bens do nosso mundo real.

Ao dar maior tangibilidade, a aceitação e percepção das criptos são significativamente potencializadas pelo público. Como resultado, esse tipo de ativo vem sendo um dos grandes responsáveis para que o ecossistema consiga superar uma de suas dificuldades prioritárias (percepção de valor) e atinja a estabilidade necessária para uma adoção em massa, assim como ocorreu com a moeda norte-americana há quase 250 anos.

Tokenização geral será mesmo uma revolução do mercado?

Outro aspecto amplamente analisado no evento foi a tokenização, processo que desenvolve a conversão de direitos de um ativo real - como imóveis, obras de arte ou commodities - em um token digital no blockchain. Nesse sentido, os tokens funcionam como representações digitais dos valores de ativos, tornando-os mais acessíveis, divisíveis e negociáveis em plataformas globais.

Dessa forma, a tokenização não apenas simplifica e agiliza as transações, mas as revoluciona ao reduzir drasticamente custos e burocracias, abrindo caminho para negociações sem o envolvimento de intermediários ou processos excessivamente regulamentados.

Graças ao método, por exemplo, a comercialização de commodities e pedras preciosas já ocorre de forma transparente via blockchain, evitando a necessidade de grandes operações logísticas por parte do comprador e garantindo a liquidez do item por parte dos detentores.

Até por conta disso, o mercado global inclusive começa a se movimentar para se adequar à nova realidade, buscando conceber e disponibilizar uma série de novos negócios e serviços dentro do universo digitalizado chancelado pela tecnologia blockchain.

Tendência de boom nos valores

Diante do seu surgimento repentino e rápido desenvolvimento, o segmento cripto sempre conviveu com a expectativa de quando o interesse institucional deixaria o âmbito especulativo para marcar presença no mundo real. No início de 2024, um dos passos mais significativos ao processo foi finalmente dado.

Logo na segunda semana do ano, os ETFs de bitcoin estrearam nas bolsas de valores dos Estados Unidos. Por meio desses fundos, que já movimentaram espantosos US$ 4,6 bilhões somente no primeiro dia de comercialização, permite-se que investidores possam alocar recursos no mais famoso dos ativos sem necessariamente precisar adquirir a moeda.

A partir desse tão aguardado movimento, a expectativa agora é de que o setor experimente uma maior procura por parte dos investidores. Isso porque, a abertura para a relação com as instituições mais tradicionais, como o caso da bolsa americana com os fundos recém-lançados, abre caminho para que novos interessados possam ingressar no mercado de forma muito mais fácil e “desmistificada”.

Vale ressaltar ainda que a projeção contempla amplamente o segmento, uma vez que todos os ativos tendem a se beneficiar com a alta da procura e interesse sobre o seu exemplar mais badalado - o bitcoin.

A institucionalização é uma realidade. E agora?

A adoção institucional sempre foi um dos tópicos dominantes no debate sobre os criptoativos. Agora com a formalização da iniciativa surge o questionamento sobre quais são os próximos passos. No entanto, a grande verdade é que a próxima etapa já está em vigor desde o início do desenvolvimento da tecnologia blockchain e ocorre mediante à todo o amadurecimento do cenário: a adoção em massa dos ativos digitais.

Um exemplo notável, nesse sentido, ocorreu recentemente no próprio território nacional, após o início da comercialização de criptos ao varejo por parte do Itaú. Tal movimento institucional sinaliza a quebra da última barreira para a popularização da tecnologia. Com a facilidade e garantia de transacionar as moedas por meios regulamentados, a adoção em massa dos ativos digitais passa a se tornar uma mera questão de tempo.

Após anos de desenvolvimento e validação global do blockchain, a sensação em Davos é de que antes o que era promissor, agora já está estabelecido como uma realidade sólida e concreta. Diante do seu substancial amadurecimento, as perspectivas apontam um futuro próspero para os criptoativos.

*Eduardo Carvalho é CEO e cofundador da Dynasty Global AG, a primeira empresa de criptoativo no mundo a usar o mercado imobiliário como referência para emissão de tokens de pagamento. Com experiência nos setores imobiliário e de tecnologia, é um dos principais especialistas em criptoativos na Europa.

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