Future of Money

Felippe Percigo: entenda como funciona o blockchain e suas camadas

Layer-0? Layer-1? Você já deve ter ouvido falar que as soluções de segunda camada estão na crista da onda no setor cripto. Mas o que significam esses termos? Fique por dentro

Um blockchain pode ter várias camadas (Getty Images/Reprodução)

Um blockchain pode ter várias camadas (Getty Images/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2022 às 09h33.

Por Felippe Percigo*

A atualização The Merge, a atualização histórica da rede Ethereum, levou os analistas de criptomoedas a um altíssimo nível de empolgação com os projetos chamados de "segunda camada", que também são conhecidos por camada 2 ou layer-2.

As apostas é de que a versão 2.0 da Ethereum vai conduzir os blockchains de layer-2 a uma valorização sem precedentes, assim como aconteceu com os protocolos DeFi nos áureos 2020. Mas por que estão pensando assim? O que, afinal, seria esse negócio de camada 2?

E mais: se há uma segunda camada, também precisa existir uma primeira, certo?

(Mynt/Divulgação)

Para quem é investidor, mais do que escutar opiniões de analistas, é preciso entender a tecnologia por trás de cada solução e avaliar a utilidade que oferecem. O sucesso do projeto vai depender de sua relevância funcional no ecossistema de inovação e, principalmente, da manutenção dessa relevância no longo prazo.

É mergulhando mais a fundo na tecnologia que se pode tirar subsídios para fazer essa análise. Compreender a segmentação do blockchain é parte essencial da investigação.

Para tornar o nosso papo mais didático, vou fazer uma analogia simples, adotada por alguns especialistas no assunto, entre a estrutura de uma casa e as camadas 0, 1, 2 e 3 do blockchain (ou L0, L1, L2 e L3).

Camada 0

A camada 0 funciona como a fundação da casa. É a base sobre a qual as demais camadas serão erguidas. Nela, hardware e software se unem para sedimentar a construção dos blockchains.

Estão presentes na L1 os nós, computadores responsáveis por rodar o software, e todo o restante da infraestrutura necessária para conectá-los e transferir dados. Ela permite a comunicação entre cadeias diferentes (processo chamado de interoperabilidade) construídas sobre o seu alicerce.

Cosmos e Polkadot são bons exemplos de projetos do segmento.

Camada 1

Chegamos ao primeiro andar da casa. É neste pavimento que se encontram os mais populares do universo cripto, entre eles Bitcoin e Ethereum. Os protocolos L1 processam e concluem transações em seu próprio blockchain. Eles têm o seu próprio mecanismo de consenso para garantir a segurança da rede.

Com o aumento crescente da demanda pelas L1, as transações se multiplicam rapidamente e congestionam a rede, que se torna mais lenta e mais cara. A velocidade e a escalabilidade acabam sendo prejudicadas.

(Mynt/Divulgação)

“O trilema do blockchain”, termo cunhado pelo criador da Ethereum, Vitalik Buterin, prega que, para manter um alto nível de segurança e descentralização, como fazem os projetos de primeira camada, a escalabilidade do blockchain sairá invariavelmente sacrificada. Segundo a teoria do programador, os três pilares não são capazes de coexistir, um deles estará sempre comprometido.

Fazem parte do grupo Bitcoin, Ethereum, Avalanche, Binance Smart Chain e Litecoin.

Camada 2

Bem-vindos ao segundo andar. É aquele pavimento que a gente até gosta de ter, mas que definitivamente não é necessário. Os protocolos L2 são integrações que melhoram a eficiência das L1, atacando os problemas de escalabilidade e congestionamento de que falamos acima. A cadeia principal (L1) é poupada, enquanto a solução de camada 2 usa uma rede paralela externa para facilitar as transações.

Como previsto no trilema, a fragilidade desta categoria está na segurança. Os projetos de camada 2 confiam nas L1 para mantê-los protegidos.

No time do segundo pavimento, estão soluções como os rollups e as sidechains. Projetos L2 de destaque são Lightning Network, Polygon, Arbitrum e Optimism.

Camada 3

Por fim, o terceiro piso é o telhado, que tem uma superfície ampla de contato com o exterior. Isso significa que a L3 é responsável por adicionar o componente de integração direta com o usuário. A camada 3 também é conhecida como camada de aplicações. Hospeda aplicativos descentralizados (DApps) que fornecem casos de uso no mundo real para a tecnologia blockchain.

Se você é usuário do marketplace OpenSea ou joga CryptoKitties, já está familiarizado com soluções L3.

*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok  

Acompanhe tudo sobre:Blockchain

Mais de Future of Money

A importância da tokenização no mundo das moedas digitais e do Drex

6 ferramentas indispensáveis para investir em criptomoedas com confiança

Cripto para além da especulação: o impacto social tangível no dia a dia de pessoas reais

Por que o bitcoin é “um diversificador único” para a BlackRock, uma gestora de US$ 10,5 trilhões?