Real Digital vai facilitar a programação de pagamentos a partir de contratos inteligentes (imaginima/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 15h47.
O presidente do Banco Central do Brasil Roberto Campos Neto anunciou nesta segunda-feira, 27, que a autarquia vai iniciar a próxima etapa do processo de criação do Real Digital. A moeda digital de banco central (CDBC, na sigla em inglês) deverá ganhar uma versão piloto em março, quando começarão os testes para a rede e aplicações da tecnologia.
Campos Neto falou sobre o tema durante uma participação no evento IDP Summit. Segundo ele "no mês que vem a gente já vai ter um piloto da moeda digital. O Brasil vai ser um dos primeiros países a fazer isso. A gente vai avançando com o piloto à medida que a gente vai tendo segurança".
Ele também comentou que o Real Digital será diferente do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central, em alguns aspectos. A grande novidade deverá ser a realização de pagamentos por meio de um contrato digital, o que permitirá programar transações.
"O ente recebedor deixa de ser uma pessoa e passa a ser um contrato digital. Isso tem uma grande melhoria, em vários aspectos", disse Campos Neto. Ele revelou ainda que a autarquia planeja ter a CBDC brasileira em funcionamento até o fim de 2024, seguindo o cronograma divulgado previamente.
O processo de desenvolvimento do Real Digital encerrou a sua primeira fase em fevereiro. O Lift Challenge reuniu projetos e empresas com propostas de casos de uso para a futura moeda digital brasileira e teve início em 2022.
Em entrevista à EXAME, o diretor de Inovação da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) Rodrigoh Henriques, que está envolvido nas discussões em torno da moeda digital, disse que essa etapa ajudou a delimitar melhor quais serão os casos de uso da futura CBDC brasileira.
Agora, a próxima fase deverá ser a criação de uma versão piloto do Real Digital e de toda a rede blockchain e infraestrutura necessárias para o seu funcionamento. A expectativa é que esse processo demore cerca de 18 meses e conte com as principais instituições financeiras do país.
A expectativa, de acordo com Henriques, é que os testes confirmem a CBDC como uma alternativa "mais veloz e barata, mais transparente e com mais eficiência". Ele se referiu à moeda digital como um "Pix inteligente". Com ela, será possível por exemplo vincular uma transferência de dinheiro a determinadas condições, como o recebimento de um produto.
Será possível também oferecer descontos ou outras vantagens desbloqueadas com uma antecipação de pagamento, incluindo de contas. Para isso, a rede contará com um sistema de contratos inteligentes, os mesmos citados por Campos Neto no evento nesta segunda-feira.
"Entre os dois [Pix e Real Digital] está o Open Finance, porque a inteligência de pagamentos demanda dados, e se está tudo padronizado e aberto fica mais fácil. O Pix já é algo que todos usam e precisam. No Real Digital, não é ele que vai chamar mais a atenção, é onde vai ser usado, então no dia a dia, você está fazendo um pagamento instantâneo e, eventualmente na hora da pagar, vai ter a escolha se quer que seja um pagamento na hora ou após determinado fato", conta o diretor de inovação da Fenasbac.
Ele projeta que "a população vai precisar dos serviços que serão oferecidos em volta do Real Digital, e cada um vai ser um pouco diferente do outro". Por isso, a ideia é que a interface de uso desse serviço seja "super simples" e semelhante à do Pix, com a qual os brasileiros já se acostumaram.
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