John Ray assumiu como novo CEO da FTX para administrar a empresa durante processo de falência (Reprodução/Reprodução)
John Ray, que assumiu como novo CEO da FTX para liderar a empresa no seu processo de falência, falou sobre a quebra da segunda maior corretora de criptoativos do mundo como parte do acompanhamento judicial para o pedido, feito nos Estados Unidos.
Em documentos divulgados nesta quinta-feira, 17, ele disse que nunca havia encontrado em sua carreira "uma falha tão completa dos controles da empresa e uma ausência tão grande de informações financeiras confiáveis como ocorreu aqui".
"Considerando desde a falta de integridade de sistemas comprometidos e uma supervisão regulatória falha no exterior, até a concentração de controle nas mãos de um grupo muito pequeno de inexperientes, não sofisticados e potencialmente parciais indivíduos, esta situação é inédita", afirmou o novo CEO.
Segundo ele, o pedido de falência tem cinco objetivos principais:
Ray disse ainda às autoridades norte-americanas que identificou quatro grandes áreas de atuação da FTX, divididas por ele em "silos". O primeiro é voltado principalmente à subsidiária da empresa nos EUA, a FTX.US, enquanto o segundo abrange a Alameda Research.
Já o terceiro "silo" reúne outras empresas de investimento fundadas por Sam Bankman-Fried, e o quarto, o site da FTX internacional e outras subsidiárias. "Cada um desses silos era controlado por Bankman-Fried", observa Ray.
O novo CEO da FTX diz ainda que o "silo" ligado à FTX.US deve ter "passivos significativos decorrentes de criptoativos depositados por clientes através da plataforma FTX.US", que não está aceitando retiradas.
Já a Alameda Research teria US$ 5 bilhões em dívidas, somados aos US$ 1,5 bilhão de outras empresas de investimento e US$ 465 milhões do "silo" ligado ao site da FTX.
Em todos os casos, porém, Ray ressalta que "como este balanço não foi auditado e produzido enquanto os devedores eram controlados por Bankman-Fried, não tenho confiança nele e as informações podem não estar corretas".
Ao falar sobre a crise da empresa, o novo CEO disse que a falência foi causada por uma "severa crise de liquidez" e o surgimento de "questionamentos sobre a liderança de Bankman-Fried e a forma como administrou seu complexo conjunto de ativos e negócios".
Ray informou às autoridades que, desde que assumiu o cargo, concluiu que "muitas das companhias do grupo FTX não tinham governança corporativa adequada" e que nomeou novos diretores independentes para todas as empresas.
O objetivo é que esses diretores implementem mecanismo de controle, proteção de ativos, investiguem a insolvência da companhia e maximizem o valor para acionistas.
Segundo o CEO, a corretora de criptoativos "não mantinha um controle centralizado de seu caixa", com uma série de falhas incluindo a falta de uma lista de contas bancárias e atenção insuficiente ao grau de crédito dos seus parceiros ao redor do mundo.
"Devido a falhas históricas de gestão de caixa, os devedores ainda não sabem a quantia exata de dinheiro que o Grupo FTX detinha", destacou Ray. A empresa não tinha um departamento de contabilidade, e está agora no processo de identificar todos os históricos financeiros produzidos.
Até o momento, os novos diretores da corretora recuperaram cerca de US$ 740 milhões em criptoativos que estavam armazenados em carteiras digitais, mas não há uma divisão clara de quanto corresponde a cada negócio que Bankman-Fried criou.
Ray ressaltou ainda que "Bankman-Fried não é empregado e não fala pela FTX. Ele está atualmente nas Bahamas, e continua a tornar públicas declarações erráticas e enganosas".
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