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EXCLUSIVO: Eletrobras lança operação de mineração de bitcoin com foco em data centers

Em entrevista à EXAME, vice-presidente de Inovação da empresa explica como testes com mineração de bitcoin estão ligados a fornecimento de energia para IA

Eletrobras: empresa inicia operação de mineração de bitcoin (Pilar Olivares/Reuters)

Eletrobras: empresa inicia operação de mineração de bitcoin (Pilar Olivares/Reuters)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 8 de setembro de 2025 às 11h31.

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A Eletrobras vai lançar em setembro uma operação de mineração de bitcoin na Bahia. O movimento, o primeiro do tipo realizado por uma empresa do setor elétrico brasileiro, faz parte de uma estratégia da companhia para se preparar para o fornecimento de energia a data centers, em especial para a inteligência artificial, de acordo com informações exclusivas da EXAME.

Juliano Dantas, vice-presidente executivo de Inovação, P&D, Digital e TI, explica em entrevista que a ideia da companhia é usar a mineração da criptomoeda como um teste para entender as dinâmicas específicas do fornecimento de energia para o setor de tecnologia. A Eletrobras já tinha uma operação de teste em pequena escala, que será expandida.

Da mineração à IA?

Dantas comenta que a empresa "primeiro olhou para o negócio de data centers. É uma visão, compartilhada no mercado, de que o Brasil tem um grande potencial de energia renovável e que poderia estar a serviço [do fornecimento de energia para] IA computing", se referindo aos data centers que armazenam, processam e fornecem os dados necessários para a inteligência artificial funcionar.

"O Brasil poderia dar uma solução para essa demanda. Cada vez mais vemos empresas reativando usinas nucleares, de geração via gás, em busca dessa energia para poder alimentar os data centers", comenta. A visão da empresa também envolve o impacto em termos de geração de emprego e conhecimento que a vinda de empresas do setor ao Brasil poderia gerar.

No mundo do fornecimento de poder computacional, ou computing, a inteligência artificial não está sozinha. Outro tipo de operação que também exige um alto poder computacional, e, portanto, um alto consumo de energia, é a mineração de bitcoin.

Exatamente por isso, "nada mais razoável do que entendermos bem o que é esse mercado, como essas máquinas consomem energia, quais são os requisitos, como extrai mais eficiência". Dantas explica que "esse interesse de entender mais, até para servir os clientes, nos motivou a nos aprofundar nesse tema".

Outra vantagem é que a mineração de bitcoin tem um custo benefício maior que a de IA: "Se quiser montar uma operação de 1 megawatt para mineração bitcoin, gasta US$ 1 milhão é uma capacidade computacional equivalente. Acontece que a operação de IA custa US$ 50 milhões para ter os mesmos 1 mega watt. É uma escala 50 vezes maior".

"Se eu quero testar, aprender como máquinas computacionais consomem energia, é melhor começar com a mineração de bitcoin e aí ir para a inteligência artificial", defende o executivo.

Exatamente por isso, a Eletrobras criou em 2024 o seu primeiro protótipo de mineração de bitcoin, em nível de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Agora, a ideia é criar um projeto em escala maior na Bahia, combinando energia eólica e solar para entender as dinâmicas de consumo de energia da atividade.

"Queremos saber quais efeitos gera, como opera ao lado de outros sistemas. É um investimento de quase R$ 90 milhões para testar essa rede, entender como opera e como consome energia. E tem a possibilidade de gerar receita a partir da obtenção do bitcoin. Queremos saber quais são as melhores soluções para melhorar o fornecimento de energia para esse tipo de operação", comenta.

Novas dinâmicas do mercado

Dantas pontua que, nos Estados Unidos, as próprias empresas de mineração de bitcoin têm migrada parte das operações para o fornecimento de poder computacional para projetos de inteligência artificial. O movimento, segundo o executivo, mostra um padrão: "Você começa nessa área e migra para IA, porque todo o conhecimento que adquire com mineração consegue aproveitar para IA."

"Para nós, faz muito sentido explorar isso pensando no longo prazo, do Brasil como um hub de computing. E aí vamos precisar oferecer produtos energéticos para os clientes. No caso da mineração, começamos com uma planta pequena e vamos ganhar escala aos poucos", diz.

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O executivo da Eletrobras ressalta que o foco não estará em quantos bitcoins a operação vai obter, mas sim "sair da bancada e ganhar escala, e uma escala real. Podemos depois partir até para uma planta maior, inclusive de computing de maneira geral. O bitcoin também não exige uma boa conexão com a internet ou de transmissão de dados, então é uma operação mais simples".

Uma das principais vantagens do Brasil para o fornecimento de energia para essas operações é a grande participação de fontes renováveis na matriz elétrica, atendendo a uma demanda de sustentabilidade nas atividades. Além disso, a proximidade com Estados Unidos e Europa facilita na conexão e transmissão de dados, junto com uma escalabilidade potencial maior para os projetos.

"O Brasil tem um potencial enorme e reúne mais elementos que, combinados, geram uma vantagem competitiva maior, que vai além da energia pura. E conforme vai evoluindo as questões tributárias, reduzindo custos importantes, de importação e tributários, a prática de computing fica ainda mais atraente aqui e o Brasil ganha ainda mais competitividade. A competição é com o mundo todo, mas o Brasil pode se tornar o país do computing", defende.

O executivo da Eletrobras reforça sua visão da mineração de bitcoin como a "transição para outros tipos de computing. Se essa onda ocorreu com os EUA, é natural que ocorra no Brasil, e vamos precisar dessa infraestrutura construída para substituir a mineração por IA".

"O Brasil pode hospedar e se beneficiar dessa capacidade computacional, baratear no país e ter menos latência, elevando a competitividade do país em diversas formas, elevando o mercado de energia elétrica e criando novas oportunidades nessa indústria, e em tecnologia também. É preciso ir além de exportar energia via dados, é desenvolver capital humano a partir de capacidade computacional", comenta.

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