Vitalik Buterin é considerado o "príncipe das criptomoedas" (Ethan Pines—The Forbes Collection/Contour RA/Getty Images/Reprodução)
O mercado de criptomoedas reage bem às últimas notícias sobre a economia norte-americana. E um dos destaques é o ether, a criptomoeda nativa da rede Ethereum. Chegando a subir 16% nesta quinta-feira, o ativo é cotado a US$ 1.754 e continua em alta de 9,4%, de acordo com dados do CoinMarketCap.
Muito se especulou no mercado se a alta do ether estaria ligada, também, à atualização iminente de sua rede. Em uma mudança muito aguardada conhecida como “The Merge”, a Ethereum deixará de utilizar o mecanismo de consenso chamado prova de trabalho (PoW), para adotar a prova de participação (PoS) na verificação de suas transações. No entanto, seu criador discorda.
“Eu não acho que a ‘The Merge’ será precificada até depois que ela realmente aconteça”, comentou Vitalik Buterin em entrevista ao canal Bankless durante o evento EthCC 2022 Experience.
O modelo da prova de trabalho (PoW) gera controvérsia em todo o mundo por utilizar o poder computacional para confirmar transações no blockchain, processo conhecido como “mineração”, utilizado pela primeira vez na rede do Bitcoin. Conforme a tecnologia ganhou adoção e se tornou mundialmente robusta, o uso de energia elétrica se tornou uma preocupação de ambientalistas, que condenam a prática.
Por outro lado, a prova de participação (PoS), se baseia na quantidade de criptomoedas que seus validadores possuem “bloqueadas” na rede, e é considerada uma forma amigável ao meio ambiente para verificar transações em blockchain.
Gerando otimismo entre investidores de que, já que a atualização ainda não está precificada, a criptomoeda pode subir ainda mais, Vitalik Buterin justificou sua afirmação:
“Até hoje as pessoas debatem a questão ambiental e comentam que a Ethereum vai migrar para a prova de participação (PoS), mas comentam que ‘eles estão dizendo isso desde sempre e nunca realmente o fazem’”, disse. Há anos, a atualização foi anunciada, mas sofre frequentemente de adiamentos.
“Nsse ponto, eu acho que a única forma de realmente convencer as pessoas de que a atualização vai dar certo é literalmente dar certo. Quando isso acontecer, vai mudar a opinião de muita gente”, justificou Buterin.
De acordo com o criador da rede que abriga a segunda maior criptomoeda do mundo depois apenas do bitcoin, a transição é realmente necessária.
“Eu acho que é saudável para a Ethereum ter um pouco de postura ‘move fast and break things’. Especificamente nos próximos anos, porque nós realmente precisamos mudar as radicalmente as coisas. Como o mecanismo de consenso, depois o sharding, e mudar para um modelo bem diferente de como as transações são confirmadas [na rede]”, explicou durante a entrevista.
O termo “move fast and break things” a que Vitalik se refere, ou algo como “se mova rápido e quebre coisas” em português, foi uma frase popularizada pelo Facebook e adotada por desenvolvedores de software. Ela quer dizer que cometer erros é uma consequência natural da inovação em um ambiente altamente competitivo e complexo. Ou seja, se você não está quebrando as coisas, está entregando valor muito devagar.
O criador da Ethereum ainda teceu autocríticas à rede que ele mesmo criou, mencionando as altas taxas de transação como um problema tão grande quanto ataques hackers. Ainda esse ano, as chamadas “taxas de Gas” da rede geraram uma grande polêmica durante o lançamento de NFTs do metaverso da Bored Ape Yacht Club, a coleção mais valiosa da atualidade.
“Você pode perder um milhão de dólares em um ataque hacker, mas você também pode perder um milhão de dólares porque as pessoas precisaram pagar taxas [de transação] mais altas”, disse. No entanto, prometeu uma resolução: “As pessoas estão trabalhando nisso, recebo boas notícias todos os meses e estou confiante de que chegaremos em uma Ethereum que é muito boa”.
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