Future of Money

Ethereum: ainda vale a pena investir?

Inflação, concorrência e outros desafios colocam em dúvida o futuro da rede. Descubra se o ativo continua sendo uma escolha sólida para a sua carteira

 (Reprodução/Reprodução)

(Reprodução/Reprodução)

FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 27 de outubro de 2024 às 10h00.

Tudo sobreEthereum
Saiba mais

O que aconteceu com a Ethereum? É uma das perguntas que mais me fazem hoje. Sou um entusiasta confesso do projeto e estou fortemente posicionado nele, mas o fato é que a rede enfrenta um dos momentos mais difíceis da sua trajetória. Isso tem gerado muitas dúvidas entre investidores antes totalmente convencidos do seu potencial.

Um dos aspectos preocupantes da cena atual do ether é a sua inflação. Neste ano, desde abril, esse quadro vem se acentuando. O gráfico abaixo do Ultra Sound Money mostra o desempenho dos últimos 7 dias, em que fica claro um movimento crescente da inflação do ativo.

A inflação do ether é resultado do balanço entre a emissão de novos tokens (no alto da ilustração à direita: “Issued”) e a queima dos existentes (“Burned”). Quando a emissão supera a queima, o ether se torna inflacionário, aumentando a oferta. Agora, se a queima excede a emissão, o ativo se torna deflacionário, reduzindo a oferta.

  • Quer saber todas as novidades do mercado cripto mas está sem tempo? A newsletter do Future of Money é a solução. Assine!

O desafio da deflação

Mas o que seria essa queima? A queima de tokens é o processo de retirada de tokens de circulação, destruindo uma parte das taxas de transação pagas na rede. Isso reduz a oferta total da criptomoeda, ajudando a controlar a inflação e tendendo a aumentar seu valor com o tempo.

Na ilustração acima, vemos que a diferença entre emitidos e queimados é positiva em mais de 10,5 mil ether, indicando inflação. Como falamos, porém, para ser deflacionário, a queima deveria ser maior do que a emissão.

  • O JEITO FÁCIL E SEGURO DE INVESTIR EM CRYPTO. Na Mynt você negocia em poucos cliques e com a segurança de uma empresa BTG Pactual. Compre as maiores cryptos do mundo em minutos direto pelo app. Clique aqui para abrir sua conta gratuita.

Vamos olhar o mesmo gráfico, mas agora contemplando os últimos dois anos.

Percebemos acima que, desde a atualização The Merge (concluída em setembro de 2022) até mais ou menos 4 de abril deste ano (como mostra o quadrado destacado à esquerda da ilustração), houve uma queda significativa na emissão em relação à queima de ether. Depois, o ativo entrou em um novo ciclo inflacionário.

Aqui cabe um parêntese: a The Merge foi uma atualização da Ethereum que substituiu o mecanismo de consenso de Proof-of-Work (Prova de Trabalho) pelo Proof-of-Stake (Prova de Participação). A mudança reduziu a emissão de ether, diminuindo consideravelmente a inflação da moeda.

Voltando à análise, vamos entender como a inflação impacta o preço do ativo. Consideremos o período entre janeiro e abril de 2024, quando houve uma queda acentuada do suprimento de ether - para depois se iniciar um novo ciclo inflacionário. Observem no gráfico a seguir do TradingView.

No comecinho de janeiro, o ether estava por volta de US$2.500. Com a deflação elevada, o preço subiu, chegando a US$3.800 em abril. A partir de então, o ativo voltou a se tornar inflacionário e notamos que o preço começou a cair. Do máximo de preço atingido em abril, o ativo chegou a cair 40% em agosto e, em relação ao momento em que escrevo, essa queda é de 30% (com o ether cotado por volta de US$ 2.500).

Relação com Bitcoin e outras redes

O bitcoin tem uma inflação controlada por conta de sua emissão limitada a 21 milhões de unidades. O ether, por outro lado, não tem um limite pré-estabelecido, mas, como vimos, adotou um mecanismo para garantir uma taxa de emissão decrescente.

Já que estamos falando de outras redes, a competição é um dos grandes desafios que a Ethereum enfrenta atualmente. Uma de suas rivais mais populares é a Solana, que, apesar dos problemas de seu passado recente, caiu nas graças do mercado e, nos últimos tempos, tem visto sua atividade crescer fortemente.

Não só a Solana - com sua velocidade de transação superior e custos menores que a Ethereum - mas também outros inúmeros projetos, principalmente as segundas camadas (L2), têm atraído a atenção dos investidores. Como resultado, o volume de transações na rede principal da Ethereum tem diminuído, impactando diretamente o mecanismo de queima de tokens. Quanto menos transações, menos ether é queimado e, consequentemente, maior a tendência inflacionária do ativo.

Por isso, quem é entusiasta da Ethereum precisa usar a rede para que mais taxas sejam queimadas e o ativo se valorize.

Em termos de capitalização de mercado, o ether soma hoje cerca de US$300 bilhões (veja no gráfico abaixo do CoinMarketCap). No ciclo de alta anterior (2020/2021), esse valor alcançou quase o dobro: US$540 bilhões. Para atingirmos novamente esta marca, o ether precisaria chegar aos US$5.000. Mas pode não ser tão simples no quadro atual. É preciso que a rede volte a ser atraente, com novos projetos e narrativas que reconquistem o interesse do investidor.

Diferentemente da Ethereum, a capitalização de mercado da rival Solana, apesar de seu histórico de travamentos, está em um movimento ascendente, próximo do topo histórico, como observamos no esquema a seguir. A capitalização de mercado atual de SOL está na casa dos US$80 bilhões. Mesmo que ainda seja quatro vezes menor que a do ether, o potencial é enorme. Tanto é que especialistas mais fervorosos já falam até em "flippening" (“ultrapassagem” em tradução livre), que seria a superação da Ethereum pela Solana, tanto em nível técnico quanto em capitalização de mercado. Será mesmo?

Contexto global e econômico

O cenário macroeconômico incerto também ajudou a pressionar o valor do ether, da mesma forma que o mercado todo sofreu. Como mostrei, a moeda está distante entre 30% e 40% de seu topo deste ano, é muito capital deixado na mesa. Por isso, acho que vai se recuperar, embora tenha um longo caminho adiante.

O ether continua sendo uma cripto sólida para se ter em carteira, mas é importante diversificar e, para isso, há muitos ativos interessantes disponíveis.

Apesar de o mercado estar mais caro do que um ano atrás, nunca tivemos uma assimetria tão positiva quanto agora, considerando o sucesso dos ETFs à vista de bitcoin, os juros caindo principalmente nos EUA e na Europa, e a proximidade da eleição presidencial americana, com candidatos que se comprometeram a incentivar o setor.

Eu, particularmente, estou bastante comprado em cripto e segurando minhas posições para aproveitar ao máximo a próxima pernada de alta. Todos os indicadores apontam que teremos uma virada em breve! Você está preparado?

O JEITO FÁCIL E SEGURO DE INVESTIR EM CRYPTO. Na Mynt você negocia em poucos cliques e com a segurança de uma empresa BTG Pactual. Compre as maiores cryptos do mundo em minutos direto pelo app. Clique aqui para abrir sua conta gratuita.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube Telegram | Tik Tok  

Acompanhe tudo sobre:CriptomoedasEthereumCriptoativosFinanças

Mais de Future of Money

Criptomoeda dispara 350% após investimento de Vitalik Buterin, criador da Ethereum

Presidente da SEC, Gary Gensler anuncia que irá renunciar e anima mercado de criptomoedas

"Países vão imprimir dinheiro para comprar bitcoin", diz fundador da Binance

ETFs somam US$ 100 bilhões em bitcoin: valor supera qualquer empresa da bolsa brasileira