Redação Exame
Publicado em 4 de setembro de 2024 às 17h37.
O grupo de 11 ETFs de bitcoin negociados nos Estados Unidos chegaram na última terça-feira, 3, a uma sequência de cinco consecutivos de perdas de investimentos. Dados da plataforma SoSo Value apontam que, até o momento, os fundos de bitcoin somam saques de US$ 765 milhões (R$ 4,3 bilhões, na cotação atual).
Os dados indicam ainda que a última terça-feira, 3, teve o maior volume de saques por investidores, resultando em um saldo negativo de mais de US$ 287 milhões. Com as perdas, os ETFs têm reduzido seus ativos sob gestão (AUM, em inglês), mas eles seguem acima dos US$ 50 bilhões.
Além dos ETFs de bitcoin, os ETFs de ether - que estrearam nos Estados Unidos em julho deste ano - também têm amargado um período de perda de investimentos. Apenas na última terça-feira, os saques totalizaram US$ 47,4 milhões, concentrados no fundo da gestora Grayscale.
As perdas refletem um cenário adverso para o mercado de criptomoedas nos últimos dias, após semanas de lateralidade ou leves perdas em agosto. Agora, temores de uma recessão nos Estados Unidos têm gerado uma aversão a riscos entre os investidores, prejudicando especialmente as criptomoedas.
Nesta quarta-feira, 4, o bitcoin chegou a ser negociado na casa dos US$ 56 mil, indicando que o quadro negativo para o setor deve se estender nesta semana. Além disso, ações de grandes empresas de tecnologia estão em baixa, lideradas pela Nvidia, o que também prejudica o setor.
Para o analista Kristian Haralampiev, a venda de ações da Nvidia é o evento que mais contribui para a saída de investidores dos ETFs da maior criptomoeda do mercado, mas o evento também está ligado aos temores de recessão nos EUA. Em 24 horas, a empresa chegou a perder quase US$ 300 bilhões em valor de mercado.
Segundo Haralampiev, "com a excitação inicial em torno dos ETFs de bitcoin caindo, o bitcoin é cada vez mais visto como um ativo especulativo – favorecido quando o mercado está forte, mas vulnerável quando as forças macroeconômicas negativas dominam o mercado".
O analista acredita que, além do quadro macroeconômico negativo, o ativo também está sendo prejudicado por uma queda significativa na lucratividade da mineração da criptomoeda, levando mineradores a venderem o ativo e aumentarem a pressão de venda, contribuindo para a desvalorização. Há, chances, porém, que isso resulte em uma queda excessiva do ativo, abrindo margem para uma alta subsequente pelo desconto no preço.