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ETFs de bitcoin completam 1 ano como marco para o ativo, com recordes e bilhões em investimentos

Grupo de 11 fundos de investimento na criptomoeda gerou maior adoção institucional e contribuiu para alta do ativo em 2024

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 12h13.

Última atualização em 10 de janeiro de 2025 às 13h34.

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Os ETFs de bitcoin completam nesta sexta-feira, 10, o "aniversário" de 1 ano da sua aprovação pela SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos. O lançamento, que ocorreu no dia seguinte, foi um marco para a criptomoeda após anos de espera no mercado, resultando em uma das melhores estreias da história dos ETFs e em bilhões em investimentos.

Fundos negociados em bolsa de investimento em criptomoedas não eram exatamente uma novidade no mercado financeiro. O Brasil, por exemplo, saiu na frente e já contava com ETFs de bitcoin, ether e outras criptos desde 2021. Mas o lançamento de 11 fundos nas bolsas da maior economia do mundo e por algumas das maiores gestoras do mercado foi significativo.

Não à toa, o bitcoin chegou a bater um recorde de preço dois meses depois do lançamento dos ETFs, e os fundos foram essenciais para atrair mais investidores de varejo e institucionais para a criptomoeda, criando uma nova porta de entrada para o ativo que contribui até hoje para os seus movimentos de alta.

Números e recordes

Dados reunidos pela plataforma Dune Analytics apontam que, até a data do seu aniversário, o grupo de 11 ETFs acumula 1,15 milhão de unidades de bitcoin, equivalentes a cerca de US$ 109 bilhões. O montante equivale a 5,83% de toda a oferta da criptomoeda, e os fundos já conseguiram superar o próprio criador do ativo, Satoshi Nakamoto, em unidades acumuladas.

Hoje, o maior ETF do grupo é o IBIT, da BlackRock. Inicialmente, o título pertencia ao ETF da Grayscale, que converteu seu fundo da criptomoeda em um ETF, mas a empresa foi superada em poucos meses. O desempenho do ETF da BlackRock foi tão positivo que ele foi classificado como o "maior lançamento da história" do segmento de ETFs.

Sozinho, o ETF da BlackRock soma US$ 51,4 bilhões em unidades da criptomoeda, seguido pela Fidelity, com US$ 20,2 bilhões, a Grayscale, com US$ 19,4 bilhões e a 21Shares, com US$ 5,5 bilhões.

Completam o grupo, ainda, os ETFs da Bitwise (US$ 4,1 bilhões), VanEck (US$ 1,3 bilhão), Invesco (US$ 739 milhões), Franklin Templeton (US$ 601,8 milhões), Valkyrie (US$ 581 milhões) e WisdomTree (US$ 366 milhões). Com exceção da Grayscale, todos os fundos começaram do zero. Há, ainda, o ETF da gestora Hashdex.

A recepção aos ETFs de bitcoin foi tão positiva que a adoção foi classificada como a "mais rápida" para qualquer categoria de fundos das bolsas dos EUA.  O ETF da BlackRock chegou a ocupar a 3ª posição entre os que mais atraíram investimentos em todo o mercado americano em 2024.

O fundo da gestora também já superou o ETF de ouro da BlackRock em ativos sob gestão. E a expectativa é que a classe de ETFs de bitcoin supere os de ouro em breve.  Para 2025, a expectativa é que os fundos continuem crescendo, com potencial para dobrar seus ativos sob gestão, ultrapassando os US$ 200 bilhões.

E todo esse crescimento impactou diretamente o preço do bitcoin. Antes dos fundos serem aprovados, no início de janeiro, o ativo estava cotado na casa dos US$ 42 mil. A criptomoeda terminou 2024 na casa dos US$ 96 mil, representando um salto de 127% no ano.

Importância para o bitcoin e futuro

Guilherme Sacamone, country manager da OKX Brasil, avalia que a aprovação dos ETFs foi "um marco crucial, confirmando que a maior e mais importante das criptomoedas não podia mais ser ignorada. O bitcoin teve seu acesso simplificado, especialmente para instituições, ampliando participações e atraindo novos talentos para o setor".

"A aprovação dos ETFs de bitcoin também representa uma mudança em como o establishment financeiro enxerga o criptoativo, reconhecendo não apenas o potencial transformador do bitcoin, mas também das altcoins e outros tokens", avalia, se referindo ao grupo de criptomoedas alternativa ao bitcoin.

Como resultado, ele acredita que os ETFs conseguiram unir "as forças do mundo cripto com as das finanças tradicionais" e que "o jogo atingiu um nível totalmente novo, e cada player deve estar pronto para se adaptar e competir".

A Coinbase é a responsável por realizar a custódia de bitcoins de oito dos 11 ETFs. Fábio Plein, diretor regional para as Américas da Coinbase, comenta que "à medida que olhamos para 2025, percebemos que o mercado de cripto está pronto para um crescimento transformador. A maturação dessa classe de ativos continua ganhando força, com a adoção crescente por instituições e a expansão dos casos de uso em seus diversos setores".

"Os ETFs remodelaram a dinâmica do mercado para o bitcoin ao estabelecer um novo ponto de ancoragem para a demanda, fazendo a dominância da criptomoeda subir de 52% no início do ano para um pico de 62% em novembro de 2024. Esse produto se consolidou rápido e já faz parte do portfólio de fundos de pensão, fundos de hedge, consultores de investimentos e family offices", afirma.

Ele ressalta ainda que "à medida que os cenários regulatório e tecnológico evoluem, esperamos ver um crescimento substancial no ecossistema cripto, conforme a adoção mais ampla aproxima a indústria de alcançar seu pleno potencial. As inovações e avanços de 2025 podem, de fato, ajudar a moldar a trajetória de longo prazo da indústria cripto nas próximas décadas".

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