Future of Money

ETF de bitcoin à vista nos EUA: sai ou não sai?

SEC cria travas para aprovação de fundos negociados em bolsa de bitcoin à vista, enquanto os investidores institucionais se mostram prontos para diversificar com ativos digitais. Entenda o que está acontecendo

 (Reprodução/Reprodução)

(Reprodução/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 1 de julho de 2023 às 11h09.

Por Felippe Percigo*

Será que testemunharemos em breve o início do maior verão cripto institucional da história?

Podemos estar próximos de um ponto de inflexão na indústria das criptomoedas. E a decisão da BlackRock de solicitar um ETF spot de bitcoin tem tudo a ver com isso. O movimento representa uma chance de catapultar a adesão institucional aos ativos digitais e, assim, contribuir também para romper a resistência ainda forte de muitos investidores de varejo.

Para quem não está familiarizado, a BlackRock é a maior gestora de ativos e investimentos do mundo, detentora de impressionantes US$ 9 trilhões em ativos sob administração. A gigante vem acompanhando de perto a evolução cripto há vários anos, embora, no início, tenha adotado uma postura de cautela. Agora, a empresa pode ser a grande catalisadora de um momento inédito na história do criptomercado.

  • Uma nova era da economia digital está acontecendo bem diante dos seus olhos. Não perca tempo nem fique para trás: abra sua conta na Mynt e invista com o apoio de especialistas e com curadoria dos melhores criptoativos para você investir.  

Ao entrar com um pedido de ETF spot de bitcoin, a BlackRock reconhece a crescente demanda de investidores institucionais e de varejo em busca de exposição ao bitcoin. Caso seja aprovado, o ETF funcionará para os investidores como um meio acessível e regulamentado para investir na cripto e, assim, poderão se beneficiar de sua valorização.

O mercado, como não podia deixar de ser, reagiu com otimismo. A companhia registrou o pedido na SEC - a comissão de valores mobiliários americana - no dia 15 deste mês e fez o Bitcoin pular à sua máxima em quase um ano, US$ 31.400, com ganhos de quase 30%.

Como era natural imaginar, a indústria foi tomada pelo efeito BlackRock, com outras gestoras tirando proveito da fresta aberta pela líder. A Fidelity Investments, outra gigante com US$ 4 trilhões sob gestão, reativou o seu pedido de ETF de Bitcoin à vista na última quinta-feira (29). Invesco e WisdomTree seguiram o mesmo caminho. O rali para saber quem vai - e se vai - ganhar primeiro a aprovação da CVM americana está quente.

Mas o que um ETF spot de BTC pode, de fato, fazer pela indústria?

Não sei se vocês se lembram, mas a aprovação e o subsequente lançamento do primeiro ETF baseado em futuros de BTC na história, o ProShares Bitcoin Strategy ETF, foi um dos maiores catalisadores do salto do Bitcoin para quase US$70 mil em 2021.

Agora, imagine o que a aprovação de um ETF à vista será capaz de fomentar… Quem aí está na expectativa?

Um fundo negociado em bolsa com exposição direta ao Bitcoin traria maior liquidez, transparência de mercado e seria uma porta de entrada para uma gama maior de investidores na criptoesfera. Também abriria precedente para a aprovação de produtos de investimento semelhantes atrelados a outras criptos.

Queremos muito que isso aconteça, mas não sabemos se essa aprovação realmente vem. Não no curto prazo.

Prova disso é que, na sexta (30), o Wall Street Journal deu um banho de água fria no otimismo ao soltar uma informação, em primeira mão, dizendo que a SEC considerou a “recente onda de pedidos de fundos de ETFs spot de bitcoin” insuficientemente clara e abrangente, não atendendo “aos padrões projetados para prevenir práticas fraudulentas e manipulativas e proteger investidores e o interesse público”.

Novamente, o mercado reagiu com desconfiança e, até o fechamento deste texto, o bitcoin operava com um pequeno recuo pós-anúncio.

Pode ser que a SEC rejeite a proposta da BlackRock e das outras gestoras, mas a reguladora terá que entrar em discussões construtivas com todos os solicitantes sobre como abrandar o receio em relação ao potencial de manipulação de mercado.

Acredito que as aprovações vão ocorrer, talvez não tão rapidamente quanto desejamos. O processo pode se estender, mas quem sabe ainda chegue a tempo de ser um dos motores que fará a criptoesfera decolar em 2024, quando também teremos o halving do bitcoin.

Mesmo com a trava no ambiente regulatório, a verdade é que os investidores institucionais estão à espreita para surfar a próxima onda dos ativos digitais.

A tendência foi respaldada recentemente por uma pesquisa da Laser digital, do grupo global de serviços financeiros Nomura, feita com mais de 300 investidores institucionais detentores de US$ 4,9 trilhões em ativos sob gestão - cerca de “meia BlackRock”. Foram consultadas empresas com operações na Europa, Oriente Médio, Estados Unidos, China, Hong Kong, Singapura, África do Sul e também no Brasil.

O estudo apurou que 90% dos entrevistados ressaltaram a importância de contar com o apoio de uma instituição financeira tradicional de renome para qualquer fundo de ativos digitais ou veículo de investimento. Essa condição foi considerada crucial tanto para os próprios investidores quanto para seus clientes considerarem aderir a criptoativos. Ou seja: o ETF da BlackRock poderia cumprir essa função.

Além disso, 96% dos entrevistados veem o BTC como uma oportunidade de diversificação de investimento.

Já em termos de sentimento, 82% dos investidores institucionais acenaram com uma perspectiva positiva para o setor em geral, demonstrando otimismo principalmente em relação às performances de bitcoin e Ether nos próximos 12 meses. Só uma pequena porcentagem (3%) expressou uma perspectiva negativa, enquanto uma posição de neutralidade foi apurada em 15% dos consultados.

Conclusão

Apesar do crescente interesse em ETFs de bitcoin, obstáculos regulatórios ainda são um desafio a ser superado. Ainda assim, como ficou claro na minha exposição acima, o fato de uma gigante financeira como a BlackRock ter tomado a iniciativa reflete essa evolução da percepção das criptomoedas entre os institucionais. Os investidores reconhecem que os ativos digitais têm tudo para desempenhar um papel importante na diversificação do portfólio.

Agora, nos resta acompanhar como a situação vai se desenrolar. Não acredito que a SEC tenha a intenção de travar durante muito mais tempo o que tantos investidores estão querendo. Torço para que o enredo seja favorável e, através de regras consistentes, possamos aproveitar um futuro sem obscuridades nos investimentos digitais.

*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.

Uma nova era da economia digital está acontecendo bem diante dos seus olhos. Não perca tempo nem fique para trás: abra sua conta na Mynt e invista com o apoio de especialistas e com curadoria dos melhores criptoativos para você investir.  

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube Telegram | Tik Tok

Acompanhe tudo sobre:CriptomoedasCriptoativosBitcoinSEC

Mais de Future of Money

Bilionários do bitcoin: conheça pessoas que fizeram fortuna com a criptomoeda

O bitcoin pode ser sustentável? Satsconf reúne especialistas e mestre em física para esclarecer tema

Câmara aprova projeto de lei que exige segregação patrimonial por corretoras de cripto

Presidente de El Salvador comemora lucro de R$ 800 milhões com bitcoin: "Eu avisei"