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Erro de site sobre ETF faz bitcoin disparar, despencar e causa R$ 327 milhões em prejuízo

Uma das principais fontes de notícia no mercado cripto, Cointelegraph reconheceu que compartilhou informação falsa sobre ETF de bitcoin

SEC está analisando pedidos para lançamentos de ETFs de bitcoin nos EUA (Reprodução/Reprodução)

SEC está analisando pedidos para lançamentos de ETFs de bitcoin nos EUA (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 16 de outubro de 2023 às 17h07.

Última atualização em 16 de outubro de 2023 às 17h24.

O mercado cripto foi pego de surpresa nesta segunda-feira, 16, quando o site especializado de notícias sobre criptoativos Cointelegraph divulgou no X, antigo Twitter, de que o ETF de preço à vista do bitcoin da BlackRock teria sido aprovado pela SEC. O sinal verde para um inédito fundo negociado em bolsa animou os investidores e fez o ativo subir mais de 10%. Minutos depois, porém, a informação foi negada.

A própria BlackRock afirmou para a jornalista Eleanor Terrett, da Fox Business, que o pedido para o lançamento de seu ETF iShares Bitcoin ainda estava em análise da SEC, sem atualizações sobre uma aprovação. A informação jogou um banho de água fria nos investidores: em minutos, US$ 65 milhões (R$ 327 milhões) foram liquidados em investimentos.

Com isso, o bitcoin devolveu uma parte significativa de sua valorização. Após a publicação do Cointelegraph, a criptomoeda chegou a valorizar mais de 10% e rondar os US$ 30 mil pela primeira vez em semanas. Em seguida, ela se firmou em um patamar de ganho menor, com alta acumulada de quase 6% nas últimas 24 horas e cotada acima dos US$ 28 mil.

O motivo da alta ter reduzido, mas não encerrado, é uma notícia verdadeira sobre o processo entre a SEC e a empresa Grayscale, que quer converter seu fundo de investimento na criptomoeda em um ETF de preço à vista. Na última sexta-feira, 13, o regulador perdeu o prazo para entrar com um recurso em relação à decisão favorável à Grayscale, exigindo uma revisão do pedido inicialmente negado pelo regulador.

Mesmo assim, alguns investidores acumularam prejuízos significativos. Segundo o site LookOnChain, um investidor chegou a gastar US$ 613 mil (R$ 3,08 milhões, na cotação atual) para comprar bitcoins logo após a publicação do Cointelegraph, mas vendeu os ativos comprados por US$ 536 mil. Ou seja, em 10 minutos, a perda foi de US$ 49 mil (R$ 246 mil).

O Cointelegraph foi duramente criticado pela publicação falsa nas redes sociais. Em uma publicação, o site afirmou que pedia desculpas pelo que classificou de "disseminação de informações incorretas" sobre o pedido de ETF da BlackRock. Ele informou, ainda, que está conduzindo uma investigação interna sobre o caso.

Já em uma participação em um evento em Dubai, a editora-chefe do Cointelegraph Kristina Lucrezia classificou o episódio como "desastroso" e um "exemplo do que não pode acontecer". Ela atribuiu o erro à "pressão constante por ser o primeiro a dar qualquer notícia, e isso não é um problema do jornalismo apenas, é da sociedade e da tecnologia".

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Efeitos no mercado

À EXAME, Ayron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset, destacou que o caso pode ter sido "uma tentativa de manipulação de preço por meio da divulgação de uma notícia falsa em alguns sites de notícia. Não há certeza de qual fonte divulgou primeiro a informação, mas sabe-se que portais como Reuters, Cointelegraph e até o terminal Bloomberg, que citou a Benzinga Newswire como fonte, publicaram a notícia".

Como lição do caso, ele afirma que "é crucial ficar atento e não tomar decisões precipitadas baseadas em notícias, pois, mesmo que sejam verdadeiras, podem causar volatilidade extrema no mercado. Em momentos assim, o mercado pode ficar irracional, e é prudente evitar decisões de curto prazo baseadas nessas circunstâncias".

"Não é a primeira vez que isso acontece, e possivelmente não será a última, e não é um fenômeno exclusivo do mercado cripto. Recentemente, uma imagem falsa de uma explosão no Pentágono, feita por inteligência artificial e espalhada no Twitter, fez o S&P 500 cair quase 1%. Como a narrativa em torno desse tema está muito aquecida, é necessário ficar muito atento para não ser pego por informações falsas ou distorcidas", recomenda.

Na visão dele, o mais provável é que o ETF de bitcoin à vista seja aprovado apenas em 2024. Até lá, porém, o tema deve trazer volatilidade para o mercado — devido ao potencial desses fundos de atraírem montantes significativos de capital —, o que mostra que será "muito importante se informar, mas focar em decisões baseadas no longo prazo e sempre contar com profissionais de mercado".

"A movimentação de hoje no mercado foi um sinal do que pode ocorrer caso a aprovação do ETF realmente ocorra", destaca. Já Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, pontua que o mercado está aguardando a aprovação de um pedido de ETF devido a uma série de fatores, incluindo a capacidade de atrair investidores institucionais e a validação de grandes gestoras, como a BlackRock e a Fidelity.

"Agora, quanto a especular se ele [o ETF] vai ocorrer agora ou em janeiro, o que parece mais provável, é o mesmo conselho de sempre: não tente pegar um movimento de preço específico. É melhor se posicionar pensando no longo prazo com uma carteira que você vai montando aos poucos em várias faixas de preço. Cripto ainda é uma classe de ativo relativamente nova", aconselha Fleury.

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