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Empresas de mineração de bitcoin vão continuar falindo em 2023? Confira as perspectivas para o setor

A mineração de criptomoedas passou por um ano difícil em 2022, fortemente atingida pelos impactos do "inverno cripto". Descubra se a prática pode voltar a ficar mais lucrativa em 2023

Mineração de criptomoedas necessita de equipamentos potentes e caros (Divulgação/Divulgação)

Mineração de criptomoedas necessita de equipamentos potentes e caros (Divulgação/Divulgação)

O mercado de mineração é de extrema importância para criptomoedas como o bitcoin, a atual maior do mundo em valor de mercado. No entanto, a grande queda de mais de 65% nas cotações em 2022 tornou a prática pouco lucrativa e desencadeou uma onda de falências em empresas do setor, levantando preocupações sobre o futuro da mineração em 2023.

Relembre 2022

Para relembrar o que aconteceu no mercado de mineração de criptomoedas em 2022 e entender o cenário para 2023, é necessário resgatar eventos bastante negativos para o setor cripto e a economia mundial, como a alta da inflação, o estouro da guerra entre Rússia e Ucrânia, colapso do protocolo Terra/Luna e grandes falências, como FTX e Three Arrows Capital.

Tudo isso fez com que o ânimo gerado em 2021 quanto aos criptoativos fosse deixando o mercado aos poucos ao longo do último ano.

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“O ano de 2022 começou com um certo otimismo herdado do final de 2021 com uma grande expectativa de resiliência no preço do bitcoin, mas com uma certa cautela quanto ao aumento do hashrate”, disse Ricardo Alcofra, diretor de ativos digitais no BTG Pactual, em entrevista à EXAME.

Segundo o especialista, as grandes mineradoras planejavam grandes expansões em suas operações. No entanto, a cotação do bitcoin e das principais criptomoedas continuaram em queda livre, impactando diretamente na rentabilidade dos serviços de mineração.

Se no primeiro semestre de 2022 os principais acontecimentos foram a queda da Terra/Luna e o fundo de venture capital Three Arrows Capital, no segundo semestre a situação do mercado de mineração foi impactada ainda mais pela queda duradoura na cotação das criptomoedas.

“Na segunda metade do ano, tivemos uma revisão das expansões incialmente anunciadas pelas grandes mineradoras colocando o hashrate no patamar de aproximadamente 300 EH/s. Com o preço do bitcoin fortemente correlacionado com os mercados tradicionais e olhando os movimentos do banco central americano com relação as mudanças nas taxas de juros, iniciamos um semestre com cautela olhando ainda para possíveis repercussões por conta de possíveis contaminações em outros grandes players do mercado cripto desencadeado pela quebra do protocolo Terra/Luna”, apontou Ricardo Alcofra.

Além disso, ocorreu também no segundo semestre de 2022 a atualização chamada “The Merge” na Ethereum, segundo maior blockchain do mundo. Com isso, a rede abandonou a mineração para utilizar um outro mecanismo de consenso, em busca de maior sustentabilidade e integração com conceitos ESG.

Por conta disso, muitos mineradores de ether, a criptomoeda nativa da rede Ethereum, tiveram de procurar outras criptomoedas para minerar com o equipamento, incompatível com a mineração de bitcoin, por exemplo.

Entre os 10 maiores blockchains do mundo em valor de mercado, apenas o Bitcoin e Dogecoin mantêm o uso da mineração com o mecanismo de consenso da prova de trabalho (PoW).

“O que já estava difícil ficou ainda pior com a implosão da exchange FTX”, mencionou Alcofra. Perto do fim do ano, a então segunda maior corretora de criptomoedas do mundo veio à falência em menos de uma semana, por conta de escândalos e o vazamento de informações que levaram a uma onda de saques e insolvência.

Na mesma esteira da FTX, outras empresas do setor cripto foram contaminadas por um “contágio” que impulsionou outras falências, incluindo de empresas de mineração, que já vinham enfrentando problemas para fechar as contas com a cotação do bitcoin cada vez mais baixa.

Na época, o preço do bitcoin se manteve em patamares estáveis de US$ 16 mil, o que “apesar de esmagador para mineradoras com altos níveis de endividamento e operações custosas, pode ser lido com certo otimismo no caso do bitcoin e seu futuro”, pontuou Alcofra.

“Concluindo 2022 com um hashrate bem abaixo da previsão inicial no nível de aproximadamente 260 EH/s, mas de grande impacto nas margens de mineração de bitcoin a preço de US$ 16 mil, diversas grandes mineradoras entraram com pedido de falência e uma grande oferta de maquinas de mineração de bitcoin a preços em torno de US$ 13/TH começou a aparecer no mercado, convidando novos entrantes com interesse pelo segmento e dessa forma reciclando os players existentes nesse mercado”, concluiu o especialista.

(Mynt/Divulgação)

Previsões para 2023

Para este ano, o mercado de mineração de criptomoedas tem um longo caminho a percorrer se quiser recuperar as perdas de 2022.

A cotação das principais criptomoedas ainda está bem longe das máximas atingidas em 2021. O bitcoin, por exemplo, já subiu 17% para US$ 19.444 em 2023, segundo dados do CoinMarketCap. Mas a maior criptomoeda do mundo e a principal que utiliza a mineração ainda precisa subir 71% se quiser voltar à máxima de US$ 69 mil.

“Para 2023 podemos certamente prever ainda um aperto nos retornos dos mineradores e, caso o preço do bitcoin se mantenha nesses mesmo patamares, sem uma correção para baixo do hashrate fruto do desligamento de operações deficitárias, levando até a falência de outras grandes mineradoras ou cortes em suas operações”, disse Alcofra, em entrevista à EXAME.

No entanto, nem tudo está perdido para o setor, que pode voltar a apresentar melhor lucratividade e sustentabilidade, com o uso de energia renovável para suas operações.

“Para o preço da energia temos também um grande desafio na renovação de contratos, podendo levar a uma pressão nos custos dos mineradores que certamente serão revistos pra cima, dado o preço do gás natural e inflação. Por outro lado, a busca por fonte renováveis e mais eficientes de geração de energia continua forte como exemplo o anúncio feito pelo Lawrence Livermore National Laboratory na California sobre reproduzir em laboratório a fusão nuclear, tal marco representa algo inédito na pesquisa de geração de energia, sendo possível a geração de energia limpa de forma extremamente eficiente”, explicou o diretor de ativos digitais do BTG Pactual.

“Podemos esperar para 2023 uma manutenção do nível do hashrate atual com caso o preço do bitcoin se mantendo em patamares de US$ 17-20 mil, como fruto da revenda de maquinas de mineração inicialmente adquiridas por empresas em situação de falência ou com aperto de caixa, sendo possível até mesmo quedas no hashrate caso o preço se mantenha por muito tempo e a pressão nos custos de energia aumente, forcando assim o desligamento de operações”, concluiu.

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