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Empresa de criador do Twitter lança no Brasil "camada de segurança" para transações internacionais

Criada pela TBD, plataforma tbDEX combina sistema de troca de mensagens e de transferências financeiras e quer modernizar segmento

Jack Dorsey criou a empresa Block após deixar o comando do Twitter (Cole Burston/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Jack Dorsey criou a empresa Block após deixar o comando do Twitter (Cole Burston/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 16 de abril de 2024 às 08h00.

Última atualização em 16 de abril de 2024 às 09h12.

A TBD, empresa que faz parte do grupo Block, criado por Jack Dorsey, anunciou nesta terça-feira, 16, o lançamento na América Latina do tbDEX, um procolo que busca adicionar uma "camada de segurança" para a realização de transferências internacionais. O projeto faz parte do objetivo do criador do Twitter de aumentar a inclusão financeira ao redor do mundo.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Emily Chiu, COO da TBD, explicou que os diferenciais da tbDEX estão na característica open-source e em um foco em resolver problemas ligados à falta de confiança e compliance que ainda existe nas novas soluções para a área de operações transfronteiriças, área destacada por Chiu como ainda pouco atualizada.

Para isso, o protocolo usa um serviço de troca de mensagens entre os usuários, para que "qualquer contraparte possa se encontrar ao redor do mundo", buscando facilitar o processo de envio de dinheiro e tornar a operação mais "eficiente e barata". A ideia é que o tbDEX funcione como uma "infraestrutura nova" para esse tipo de operação.

Por isso, será possível que desenvolvedores criem seus próprios projetos e os integrem à rede, além de permitir transferências entre empresas e pessoas usando moedas fiduciárias e criptomoedas.

"Muitos países possuem sistemas de pagamentos antiquados, mas também temos várias inovações em vários países, mas isso ainda não chegou ao nível transfronteiriço. As transferências crossborder ainda são muito lentas e caras, sem interoperabilidade, mesmo em países mais modernos", avalia a executiva.

Ela comenta ainda que "vivemos em uma era em que a internet democratizou o acesso à informação, mas os pagamentos ainda não chegaram no mesmo nível. As fintech fazem crossborder para os indivíduos, mas ainda usam sistemas tradicionais, pools grandes em bancos tradicionais, para ter algo que parece ser em tempo real, mas não é".

Para Chiu, o grande diferencial do tbDEX não está no processamento instantâneo e sem custos das transações, mas sim no esforço de criar "credenciais verificáveis" para dar mais confiança aos usuários. "A confiança é necessária na internet, é a pré-condição, e também para o comércio. Precisa confiar, mas a internet não foi construída com isso em mente", destaca.

Nesse sentido, a TBD criou um "sistema de identidade e de credenciais confiáveis, não apenas de que a pessoa é quem diz ser, mas que ela consegue fazer o que consegue fazer. São credenciais identificáveis, criptografadas e que atestam o que o usuário que está sendo verificado pode fazer".

A executiva explica que o projeto "usa as melhores qualidades da tecnologia blockchain, que hoje ainda não está ligada a grandes casos de uso no mercado financeiro". O objetivo é apresentar uma "rede de confiança" para os usuários e as instituições, respondendo a uma das queixas mais comuns no mundo cripto.

Chiu diz que o objetivo final da TBD e da Block é "ajuda a reduzir as barreiras para que as pessoas se conectem à economia, não importando o país onde está. Buscamos um empoderamento econômico". Para isso, ela pontua que é essencial "tornar as ferramentas mais simples para que a acessibilidade seja maior".

"É preciso ter uma camada interoperável com linguagem comum para as transferências transfronteiriças. A falta disso está sendo custosa a pessoas, empresas, países e ao desenvolvimento da América Latina como um todo. Por isso, acreditamos que o projeto vai mudar esse cenário", destaca a executiva.

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Aplicações em empresas

O tbDEX já chega ao mercado com alguns casos de uso implementados. Um deles é o da empresa Conduit, que processa pagamentos crossborder entre companhias. Kirill Gertman, CEO da startup, comenta que esse tipo de operação é "lenta, ineficiente, com taxas de intermediários e você não consegue ver o que está acontecendo até a transação ser concluída".

Ele considera que, apesar do mundo cripto ter oferecido soluções ao problema, elas ainda esbarram em uma falta de confiança e adoção em massa. "O tbDEX resolve essa questão de confiança, já que os fundos foram verificados e a operação não tem sanções ou lavagem de dinheiro. Temos um jeito mais fácil, e agora temos uma forma de provar que os fundos estão limpos, pertencem a quem devem pertencer, é legítimo. É o que nos deixa mais animados com o projeto".

Já Mauricio Cordero, CEO da Bankaya, startup especializada em transferências financeiras entre o México e os Estados Unidos, avalia que o protocolo do tbDEX é "mais seguro, rápido e barato", e na prática "muda a experiência dos consumidos". "Ao invés de ir presencialmente pegar o dinheiro, você entra na conta da empresa e tem acesso a um ecossistema financeiro em que pode ter acesso a pagamentos, crédito, cashback".

"Quando você pensa em inclusão financeira e empoderamento, nenhuma empresa consegue fazer isso sozinha. Precisa ser algo em conjunto, precisa ter uma estrutura apropriada. E agora temos", diz o executivo.

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