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Empresa brasileira usa tokenização para facilitar investimento em startups

Implementação de mercado secundário da Estar faz parte do Sandbox promovido pela CVM voltado ao tema

Estar foi uma das selecionadas pela CVM para desenvolver projetos ligados à tokenização de ativos (D-Keine/Getty Images)

Estar foi uma das selecionadas pela CVM para desenvolver projetos ligados à tokenização de ativos (D-Keine/Getty Images)

As startups brasileiras que buscam adquirir fundos para investir em seus negócios muitas vezes precisam recorrer a uma forma de capitação no mercado primário que exige um valor mínimo excludente para investidores pequenos. Mas o uso da tecnologia blockchain, permitindo a tokenização desses ativos, pode mudar esse cenário e aumentar a negociação no mercado.

Esse é o objetivo da Estar, uma empresa que pretende criar o primeiro mercado secundário para negociação de ativos de startups tokenizados no Brasil. A companhia faz parte do atual Sandbox Regulatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que busca fomentar iniciativas em áreas como a de tokenização e, ao mesmo tempo, garantir que elas cumpram as regras da instituição.

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Pedro Rodrigues, CEO da Estar, explica que, atualmente, a obtenção de capital por meio de ofertas primárias de ações, os chamados IPOs, ainda é restrita a empresas com alto grau de maturidade e mais estabelecidas, o que acaba excluindo startups que, mesmo assim, precisam de fundos para investir em seus projetos.

Pensando nisso, foi criado um mercado primário, de crowdfunding, em que a empresa vende participações nela na forma de títulos conversíveis, que depois se convertem em ações na startup em um prazo de cinco anos. Entretanto, o aporte mínimo exigido nessas operações costuma ser alto, na casa dos R$ 3 mil, o que exclui muitos investidores interessados nos projetos, mas sem o capital exigido.

A ideia é que a Estar permita realizar "um mini IPO", em que as cotas emitidas são tokenizadas, fracionadas e então colocadas no mercado. A partir daí, os investimentos podem ser feitos em valores bem menores, na casa dos R$ 10, permitindo também que os compradores iniciais possam negociar suas frações e obter rendimentos sem precisar esperar a conversão em ações para recebimento de dividendos. Há planos, ainda, de permitir também a negociação de dívidas dessas startups, que renderão pagamentos dentro de determinados períodos de tempo.

"A vantagem do mercado secundário é que, se você não quiser esperar, pode negociar isso [a cota]. Hoje tem muito investidor que se identifica muito com a startup, vê potencial, mas não consegue entrar no mercado primário", explica Rodrigues. E a tokenização foi a forma encontrada pela empresa para tornar esse processo ainda mais barato e simples.

Rodrigues comenta que, no mercado convencional, é necessário ter uma central depositária que registra e controla as ações de investidores em cada corretora, mas que ela acaba sendo "cara de se contratar, porque depende de algumas garantias para a corretora e para a CVM".

"O blockchain faz o mesmo trabalho, com as mesmas garantias de segurança, de que os ativos não vão sumir, que a transação não pode voltar, tendo também um registro público", ressalta. Por isso, a tecnologia foi usada para estruturar toda a operação da Estar, que espera que a tokenização "se torne mais palpável para o público em geral nos próximos anos, ainda mais com a chegada do Real Digital".

"O token nada mais é que uma representação digital de algo que é físico. No mercado primário tem um contrato que assina, o token é esse papel em um sistema, e aí é como trocar moeda", diz Rodrigues.

Ele destaca ainda que o Sandbox da CVM foi "extremamente importante" para o sucesso da empresa, uma das quatro que participam do projeto e que pretende abrir as negociações entre janeiro e fevereiro de 2023: "muitas pessoas têm um certo preconceito, falando que o Sandbox não traz inovação, coloca barreiras, mas na nossa leitura foi o contrário. É melhor fazer com o regulador do que fazer fora e depois dar problema.

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