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Drex é criptomoeda? Entenda as diferenças e se ele pode substituir o bitcoin

Principal diferença da versão digital do real é a vinculação a uma entidade centralizada, apesar de também envolver a tecnologia blockchain

Drex tem previsão de lançamento para o público no fim de 2024 (Reprodução/Reprodução)

Drex tem previsão de lançamento para o público no fim de 2024 (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Editor do Future of Money

Publicado em 10 de agosto de 2023 às 18h20.

Última atualização em 7 de novembro de 2023 às 10h32.

Com teste piloto já em andamento e previsão de lançamento para o fim de 2024, o Drex promete impulsionar a digitalização da economia brasileira e ser uma nova versão da moeda nacional. Mas como o projeto do Banco Central é baseado na tecnologia blockchain, a mesma por trás das criptomoedas, começam a surgir dúvidas sobre o papel do real digitalizado e até se ele poderá substituir ativos como o bitcoin.

O Drex, antigo Real Digital, é a versão digitalizada do real e gerada em uma rede blockchain, ou seja, é uma combinação entre a economia tradicional e a economia digital, atualmente baseada em blockchain e ativos criptográficos e também chamada de economia tokenizada. A classificação técnica do projeto é de uma moeda digital de banco central, ou CBDC na sigla em inglês.

Atualmente, o Drex está na segunda fase de seu projeto de desenvolvimento, com um teste de um piloto da CBDC aplicada a um caso de uso prático. O Banco Central anunciou as 16 propostas de empresas do setor financeiro selecionadas para esta fase em junho. Elas já foram integradas à plataforma de testes e a previsão é que esta etapa do desenvolvimento do Drex termine no primeiro trimestre de 2024.

O Drex é uma criptomoeda?

Se a definição de uma criptomoeda envolvesse apenas a emissão de uma moeda digital baseada em uma rede de registros distribuídos (como um blockchain), seria possível dizer que o Drex é uma criptomoeda. Mas esse não é o caso. O "Dicionário Cambridge", um dos mais respeitados do mundo, define esses ativos como "produzidos por uma rede pública, e não por qualquer governo, que usa criptografia para garantir que os pagamentos sejam enviados e recebidos com segurança".

Esse exemplo de definição já mostra a principal diferença entre a CBDC brasileira e as criptomoedas que existem no mercado atualmente: a existência de um órgão central e estatal por trás do projeto — no caso, o Banco Central. As criptomoedas costumam ser descentralizadas, ou seja, sem um dono ou controlador, e em geral têm sua oferta determinada no seu próprio código, como é o caso do bitcoin.

Essa distinção reflete a própria lógica por trás do surgimento desses ativos. O bitcoin, primeira criptomoeda do mundo, foi criado como uma alternativa ao sistema monetário tradicional, em que há um banco central que controla a emissão e circulação da moeda. A emissão de bitcoins foi definida previamente — o total máximo de ativos em circulação será de 21 milhões — e isso não pode ser alterado.

No caso do Drex, a emissão de novos tokens depende apenas do seu controlador — assim como acontece com a moeda de papel, que pode ser impressa de acordo com a vontade de seus controladores, os governos.

Por isso, é possível dizer que o Drex não é uma criptomoeda, mas sim uma alternativa, e até resposta — estatal e centralizada — a esse segmento, mostrando como as vantagens da tecnologia blockchain foram percebidas por instituições mais tradicionais e atraíram esse setor.

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Drex vai substituir o bitcoin?

Provavelmente não. Mas, para uma resposta mais precisa, é preciso primeiro entender quais são as funções do bitcoin atualmente. Pesquisas apontam que os usuários da criptomoeda a utilizam principalmente como uma opção de investimento, como uma reserva de valor e, ainda em menor escala, como uma forma de pagamento — esta última, aliás, era o grande objetivo do seu criador, cuja identidade não é conhecida e identificado apenas pelo pseudônimo de Satoshi Nakamoto.

Já o Drex é visto pelo Banco Central muito mais como uma nova infraestrutura para o sistema financeiro. A moeda digital será associada a uma rede de registros distribuídos — a Hyperledger Besu — e este ecossistema permitirá tanto o uso da CBDC para transações entre bancos, instituições financeiras e a autarquia, quanto para facilitar e incentivar a tokenização de ativos do mundo real — de investimentos ou não —, criando um ambiente de registros e transações totalmente digital e seguro.

Isso significa que, a princípio, os escopos do Drex e do bitcoin são diferentes. O próprio Banco Central aponta, no entanto, que idealizou a CBDC como uma alternativa mais segura e regulada em relação às stablecoins, criptomoedas de valor estável, que são pareadas a outros ativos, em geral moedas fiduciárias, como o real ou o dólar. Isso significa que, se o bitcoin não parece estar ameaçado, o risco pode ser maior para essa classe de moedas, em especial aquelas atreladas ao real.

Em entrevista à EXAME, Guilherme Nazar, diretor-geral da corretora Binance no Brasil, opinou que a CBDC brasileira e as criptomoedas "conseguem conviver", em especial devido ao tamanho do mercado de meios de pagamento e do potencial de usos para os dois tipos de moeda digital. "O mercado é grande, as usabilidades são muitas, serão muitas, e vão se multiplicar cada vez mais. Acho que dá para conviver".

Este conteúdo é parte do "Especial: Real Digital", que tem apoio da Mynt e patrocínio de Aarin Tech-Fin e Febraban. Para saber mais e acompanhar todos os conteúdos exclusivos com quem mais entender de Drex no Brasil, acesse a página do evento na EXAME clicando aqui

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