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(Heitor Pinheiro/Reprodução)
Editora do Future of Money
Publicado em 24 de outubro de 2025 às 18h03.
Na última quarta-feira, 22, ocorreu o “Especial Dólar Digital”, evento organizado pelo Future of Money da EXAME para debater as stablecoins, uma das principais tendências financeiras da atualidade. Classificadas como criptomoedas que acompanham o valor de outros ativos, geralmente o dólar, as stablecoins já são exploradas por grandes players do mercado financeiro, como bancos, e instituições financeiras.
No painel “Nova ordem financeira? Stablecoins e o futuro das transações globais”, André Portilho, sócio e head de Digital Assets do BTG Pactual, e três ex-executivos do Banco Central revelaram suas perspectivas sobre as stablecoins.
“O dinheiro já foi uma série de diferentes instrumentos e passou por diferentes evoluções tecnológicas, a mais recente do dinheiro analógico para o dinheiro digital. Agora, estamos em um momento em que o dinheiro digital está passando a ser um dinheiro em rede. Com isso as stablecoins talvez sejam o caso mais emblemático de adoção, mas também temos outras formas de dinheiro acontecendo, como as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e os depósitos bancários tokenizados”, disse André Portilho durante o painel, que pode ser acessado na íntegra no YouTube:
Participaram do painel Bruno Batavia, diretor de tecnologias emergentes na Valor Capital Group e responsável pelo primeiro relatório do Banco Central sobre blockchain, Tony Volpon, co-CEO da goindex e ex-diretor do Banco Central, e Luiz Fernando Figueiredo, chairman da Jive Investimentos e ex-diretor do Banco Central.
“Todos esses avanços e essas novas formas de ter um ativo, são maneiras mais modernas de fazer a mesma coisa. Com uma vantagem muito grande, porque essa maneira mais moderna é mais segura, mais rápida e acessível. Temos como exemplo o que aconteceu no Brasil com o Pix, que simplesmente tomou conta das transações. Esse processo que estamos vivendo pode ir na mesma direção. Já podíamos fazer uma stablecoin lastreada em dólar antes, mas o custo e o tempo era maior. Estamos deixando isso acessível inclusive para o varejo. É um caminho sem volta e vamos ter vencedores, mas serão vencedores que realmente merecem vencer”, disse Luiz Fernando Figueiredo, da Jive Investimentos.
Tony Volpon, da goindex, relembrou a aprovação do Genius Act, regulação para stablecoins nos Estados Unidos, país que proibiu a emissão de moedas digitais do banco central (CBDCs).
“Como todos vem acompanhando desde a eleição de Donald Trump e a aprovação do Genius Act, houve uma grande resistência contra uma CBDC nos EUA exatamente pela questão de dar poder e informação demais ao próprio governo. Dentro da tradição americana mais libertária, isso daria muito poder ao governo e se assemelharia ao que está acontecendo com a CBDC da China. Por isso, o governo tornou ilegal a emissão de uma CBDC e haverá apenas stablecoins, que devem seguir o que está no Genius Act”, disse ele.
Para o ex-diretor do Banco Central, a medida pode aumentar a demanda por títulos do Tesouro norte-americano e apoiar o financiamento do déficit público nos EUA:
“Tem um outro ponto importante aqui que é o seguinte, que é uma postura mais ligada à necessidade de você aumentar a demanda por treasuries na emissão desses stablecoins. E de fato é a comparação entre esse tipo de dinheiro e o dinheiro normal. Quando estamos falando de depósito tokenizado, boa parte do que a gente chama de dinheiro, na verdade é criado de uma maneira endógena dentro do próprio sistema bancário. Não é emissão do Banco Central”, disse.
“Quando o banco cria dinheiro por causa por causa de Fractional Reserve Banking, o que acaba acontecendo? Parte desse dinheiro cai em reserva do BC. Então, parte disso pode aumentar a demanda por títulos públicos. Só uma fração disso vai para a demanda por títulos públicos”, acrescentou.
“Quando você faz um stablecoin que tem que ter 100% de lastro em títulos públicos, você na verdade está aumentando muito mais a demanda nesse tipo de dinheiro, o apoio que esse tipo de dinheiro vai dar ao financiamento do déficit público, que nos Estados Unidos é um grande problema” concluiu o executivo.
“Uma coisa que tem sido muito adotada é a parte de transação transfronteiriça. A stablecoin começou como um acesso ao dólar em países emergentes que não necessariamente tinham economias estáveis. Era quase um hedge cambial para acessar de forma mais simples, através de uma exchange. Mas hoje em dia temos visto muito mais de forma institucional para transações transfronteiriças. Temos nos EUA uma espécie de legitimação com o Genius Act e muitos bancos e players institucionais começaram a trabalhar com o produto. É uma nova fase das stablecoins”, disse Bruno Batavia, da Valor Capital Group.
Para o executivo, a “nova fase das stablecoins” pode envolver uma economia tokenizada e capitalização trilionária:
“E tem uma terceira fase, uma próxima fase das stablecoins, que eu acho que está começando. Quando você pensa numa economia tokenizada de forma mais ampla, que diversos ativos financeiros, valores imobiliários, ativos reais em geral vão estar representados através de tokens numa rede de blockchain”, disse.
“Você talvez tenha um resgate dessa função de liquidação que começou contra ativos digitais, mas agora para uma economia tokenizada a gente vai ter para uma série de novos ativos. Então acho que vai ter uma função muito bacana, mais de infraestrutura de mercado, que é quase um resgate da função original. E os volumes tendem a crescer muito. Se você olha as projeções de stablecoins de consultorias estratégicas, bancos de investimentos e times de pesquisa, é algo entre US$ 3 a US$ 10 trilhões até 2030. A gente tá super animado”, acrescentou.
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