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Citi: diretor afirma que stablecoins trazem benefícios para o mercado (Enrique Marcarian/Reuters)
Editora do Future of Money
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 17h45.
Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 18h05.
Driss Temsamani, executivo no Citi há quase 30 anos, afirmou na última quarta-feira, 27, que o “dinheiro é incompatível com a economia digital”. Responsável por liderar a área digital do banco, ele comentou sobre o cenário atual de evolução da indústria financeira em um painel no evento Stablecoin Conference 2025.
Temsamani participou do painel “Integrando stablecoins nos sistemas financeiros tradicionais”, no evento organizado pela Bitso Business na Cidade do México. O principal tema do evento foram as moedas digitais pareadas a outros ativos, geralmente o dólar, chamadas de “stablecoins”.
“Existem desafios. Acho que precisamos nos concentrar novamente onde está a oportunidade e, em 1995, tivemos o nosso momento Netscape. Olhamos para a internet e dissemos: 'Uau, esta é uma infraestrutura na qual podemos construir valor'. Toda uma economia nasceu disso. Se você olhar para trás, para essa economia digital que nasceu da internet, incluindo os avanços dos smartphones, das mídias sociais e de todos os modelos de streaming, os dados se tornaram o centro da avaliação de muitas empresas” disse Temsamani.
“Mas o que acabamos tendo? Acabamos com uma grande confusão de interoperabilidade. Basicamente, cada participante cria seu próprio formato, seu próprio banco de dados. É assim que nós ainda temos dinheiro físico”, acrescentou.
Para o executivo, “o desafio é que estamos presos em uma infraestrutura da era pós-Segunda Guerra Mundial e não evoluímos. E não evoluímos porque a tecnologia não está disponível. Não evoluímos porque muitos participantes protegem sua infraestrutura porque é assim que eles ganham dinheiro”.
Segundo Temsamani, a indústria financeira precisa se unir para criar uma infraestrutura de mercado financeiro global e moderna, sem medo de “canibalizar” algumas de suas fontes de lucro.
O executivo citou como exemplo os pagamentos instantâneos, que já são realidade em países como o Brasil, com o Pix, mas que em outros locais enfrentam resistência por conta do alto volume de taxas de transação dos sistemas tradicionais.
“Não funciona se uma instituição não o faz e a outra não o faz. Temos que nos conectar uns com os outros e criar uma infraestrutura de mercado financeiro global e moderna, onde o dinheiro seja o problema, ok? Então, lembre-se: dinheiro é incompatível com a economia digital. O dinheiro é o nosso maior concorrente. Para cada um de nós aqui sentados, nosso maior concorrente não é um banco, fintech ou big tech. Nosso maior concorrente é o dinheiro”, disse o executivo.
Posteriormente, em entrevista à EXAME, Temsamani afirmou acreditar que as stablecoins podem ser a ferramenta monetária ideal para a economia digital.
“Uma coisa que a internet não tinha quando começamos a utilizá-la era uma forma de dinheiro. Construímos muita coisa em cima dela, incluindo serviços financeiros, mas ainda contando com dinheiro físico para liquidações. Acredito que as stablecoins e pagamentos tokenizados são o caminho para finalmente trazermos uma nova forma de dinheiro, compatível com a economia digital”, destacou.
*A jornalista viajou para a Cidade do México a convite da Bitso Business. O Future of Money é parceiro de mídia da Stablecoin Conference 2025.
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