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Descoberta de criador do bitcoin pode desestabilizar mercado, diz Coinbase

Em documento para abertura de capital, Coinbase lista Satoshi Nakamoto como possível risco para sua operação, mas homenageia criador do bitcoin

 (NurPhoto/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 26 de fevereiro de 2021 às 13h42.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 14h30.

Na última quinta-feira, 25, a Coinbase, maior exchange de criptoativos dos Estados Unidos, divulgou os documentos para sua abertura de capital. Além de números impressionantes, que podem levar a empresa a fazer um dos maiores IPOs da história, a Coinbase também apontou riscos. E afirmou que a descoberta da identidade de Satoshi Nakamoto, pseudônimo usado pelo(s) criador(es) do bitcoin, é um deles.

Segundo a Coinbase, a identificação do criador do bitcoin poderia desestabilizar o mercado. O documento faz referência ao fato de Satoshi Nakamoto, que pode ser um indivíduo ou um grupo de pessoas, ter minerado mais de 1 milhão de bitcoins antes de torná-lo público, a fim de evitar riscos para o blockchain da principal criptomoeda do mundo.

A medida foi tomada para evitar um "Ataque de 51%", que acontece quando um único minerador tem mais da metade do poder computacional da rede, o que daria a ele "superpoderes", inclusive para alterar e duplicar transações. Os bitcoins gerados por Satoshi Nakamoto estão guardados desde então.

Caso Satoshi Nakamoto decida vender seus bitcoins, isso poderia causar um colapso nos preços, afirma a Coinbase. Apesar de não possível medir o impacto que esse acontecimento teria, é certo que despejar esse grande volume de bitcoins no mercado — o montante equivale hoje a mais de 50 bilhões de dólares — faria o preço da criptomoeda despencar.

Os bitcoins de Satoshi Nakamoto equivalem a quase 6% de todos os 18,6 milhões de bitcoins em circulação atualmente — ou 5% de todos os bitcoins que um dia estarão em circulação, cuja quantidade é limitada a 21 milhões de unidades.

Como uma das principais características para atrair investidores é o fato do bitcoin ser descentralizado, isto é, não ter uma pessoa ou empresa capaz de controlá-lo, a identificação de Satoshi Nakamoto poderia levantar discussões sobre o assunto. Na prática, a posse de 5% dos bitcoins não causaria nenhum problema, mas, para a Coinbase, a desconfiança que isso causaria é, sim, um risco a ser considerado.

Apesar de citar Satoshi Nakamoto como um risco para seu negócio, a Coinbase também homenageou o criador do bitcoin: quando enviou os documentos relativos ao seu IPO, a exchange acrescentou o email do criador do bitcoin, pelo qual ele tornou o projeto da criptomoeda público, como um dos destinatários.

Além disso, em carta enviada junto à documentação, Brian Armstrong, CEO da companhia, o citou: "Quando li o whitepaper do bitcoin pela primeira vez, em 2010, percebi que esse avanço da ciência da computação pode ser a chave para desbloquear essa visão do futuro", disse Armstrong. "A criptomoeda pode fornecer os princípios básicos da liberdade econômica para qualquer pessoa: direitos de propriedade, dinheiro sólido, livre comércio e a capacidade de trabalhar como e onde quiserem".

O pseudônimo Satoshi Nakamoto surgiu com o lançamento do whitepaper do bitcoin, documento que serve como manifesto e manual do projeto, em 2008. Em 2009, quando o bitcoin foi lançado, seu criador se tornou popular e, em 2011, ele anunciou, por email, que estava deixando a empreitada, afirmando que, naquele momento, "o bitcoin já estava em boas mãos". Desde então, sua real identidade é especulada e alvo de polêmicas, mas segue sem resposta.

Sobre a Coinbase, a empresa mostrou, na documentação, que possui mais de 43 milhões de usuários, receita de 1,28 bilhão de dólares e avaliação de mercado de 100 bilhões de dólares, valor que faria do IPO da empresa o maior de todos os tempos.

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