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Empresas da China e da Europa anunciam compra de US$ 100 milhões em bitcoin

"Acreditamos que o bitcoin estará no lado certo da história", diz bilionário que preside conselho da gigante norueguesa Aker ASA, que investiu US$ 60 milhões na criptomoeda

 (NurPhoto/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 8 de março de 2021 às 15h55.

Última atualização em 8 de março de 2021 às 19h00.

A holding norueguesa Aker ASA, dona de gigantes da indústria como a petrolífera Aker BP, anunciou nesta segunda-feira, 8, a sua entrada no mercado de criptoativos com a compra de 1.170 bitcoins, em um investimento de quase 60 milhões de dólares.

Segundo comunicado da companhia, a Aker ASA constituiu uma nova empresa, chamada Seetee AS, "focada em investir em projetos e empresas no ecossistema do bitcoin". No texto, também afirma que "a Seetee vai manter todo o seu ativo para investimentos em bitcoin".

A empresa anunciou que a Seetee começará a operar com um patrimônio de 500 milhões de coroas norueguesas, o que equivale a cerca de 60 milhões de dólares (343 milhões de reais). A companhia afirma que, entre suas principais atividades, estão “investir e possuir bitcoin”, “juntar-se às comunidades do bitcoin e da blockchain, estabelecendo parcerias com os principais players destes setores", “lançar operações de verificação de bitcoin” e “construir e investir em projetos de inovação e empresas no ecossistema bitcoin e blockchain”.

“Quero deixar claro que estou ciente de que o bitcoin é frequentemente criticado por uma série de desafios percebidos, incluindo seu consumo de eletricidade, sua incapacidade de escalar transações e seu potencial para facilitar pagamentos ilegais anônimos. Acreditamos que o bitcoin pode ser uma solução e não um problema para cada um deles", disse o bilionário Kjell Inge Røkke, presidente do conselho administrativo da Aker ASA, em carta aos acionistas da empresa.

“A decisão da Aker de entrar no bitcoin através da Seetee é resultado de uma longa e fundamental discussão sobre valor. Tenho bebido da fonte desde o verão passado. Embora esta carta seja minha maneira de expressar meus pensamentos sobre o assunto, minhas percepções derivam em grande parte da leitura de artigos e livros, de ouvir podcasts e de assistir a vídeos, bem como de conversas com pessoas ao meu redor", explicou Kjell, citando conversas com nomes relevantes do mercado de criptoativos, como Andreas Antonopoulos, Adam Back, Nick Carter, Anthony Pompliano, o CEO da MicroStrategy, Michael Saylor, e o megainvestidor Ray Dalio.

O executivo também falou sobre riscos, dizendo que não investir em bitcoin seria o maior deles: "O risco não é um conceito óbvio. O que é comumente considerado arriscado, frequentemente não é. E vice-versa. Estamos acostumados a pensar que o dinheiro é livre de riscos. Mas não é. É implicitamente tributado pela inflação a uma pequena taxa todos os anos. Isso faz sentido. Os banqueiros centrais concordaram magicamente que deveriam ter como meta a inflação de 2%, o que implica que um terço do valor do seu dinheiro é tributado a cada vinte anos. Se fosse 3%, quase metade teria desaparecido nesse tempo".

“No ano passado, o bitcoin evoluiu significativamente para se tornar um investimento comum. Quando investidores com histórico indiscutível, como Paul Tudor Jones e Stanley Druckenmiller, revelam que têm posições significativas, todos com uma mente curiosa devem prestar atenção. Empresas como Tesla, MassMutual, MicroStrategy e Square anunciaram posições, enquanto Fidelity, Blackrock, Morgan Stanley e outros gigantes da gestão de ativos estão trabalhando para lançar produtos de investimento em criptomoedas, o que tornaria o acesso mais fácil para os investidores", prosseguiu, citando grandes investidores institucionais que estão se aproximando do mercado de criptoativos.

“Acreditamos que o bitcoin estará no lado certo da história. Mas devemos nos lembrar que alguns resistirão veementemente: a Noruega foi o último país da Europa a adotar a TV em cores em 1972, vários anos depois que a tecnologia estava disponível“, completou.

Gigante chinesa também investe em criptoativos

Outra empresa que anunciou compra milionária de bitcoin neste início de semana foi a chinesa Meitu. Dona de um aplicativo de edição de fotos e vídeos que causou polêmica com o seu slogan que fala em "permitir que qualquer pessoa fique linda", a comprou 40 milhões de dólares (230 milhões de reais) em bitcoin e ether.

Em comunicado divulgado no último fim de semana, o CEO da Meitu, Cai Wensheng afirmou que a empresa comprou 22 milhões de dólares no criptoativo da rede Ethereum e outros 18 milhões de dólares em bitcoin. O valor equivale a 3% do valor de mercado da empresa, de pouco mais de 1,3 bilhão de dólares.

“Apesar das perspectivas de longo prazo, os preços dos criptoativos em geral ainda são altamente voláteis e, portanto, o Conselho decidiu investir nos dois maiores criptoativos por capitalização de mercado, ether e bitcoin, que o Conselho acredita que devem aumentar o valor para os acionistas no longo prazo”, disse Wensheng, explicando porque a empresa investiu também no ether, e não apenas em bitcoin, como a maioria das empresas que entram nesse mercado têm feito.

A entrada de investidores institucionais, sejam empresas alocando parte das suas reservas ou grandes investidores diversificando seus portfólios, é apontada como a principal razão para o crescimento do mercado e o aumento no preço do bitcoin, que passou de 7 mil dólares em outubro de 2020 para pouco mais de 58 mil em fevereiro. Atualmente, a criptomoeda é negociada na faixa de 50 mil dólares no mercado internacional.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.

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