(Waitforlight/Getty Images)
Especialista em criptoativos
Publicado em 11 de fevereiro de 2024 às 11h14.
Existe risco em migrar de uma exchange centralizada (CEX) para uma exchange descentralizada (DEX)? Recebi essa pergunta nas redes sociais esses dias.
Sabemos que qualquer operação financeira envolve risco, independentemente de ser centralizada ou descentralizada, e a transição para o ambiente DeFi não seria diferente.
Mas a questão é bem mais profunda. Fazer esse movimento não é simples, como trocar um banco por outro, por exemplo, como fazemos nas finanças tradicionais.
Usar uma exchange descentralizada exige conhecimentos e práticas que um investidor iniciante ou um usuário de corretoras centralizadas, em geral, não tem.
Estamos há pouco mais de 60 dias do halving, um histórico catalisador de bull markets, e é provável que vejamos um aumento significativo da adoção de DEXs pelos investidores. Em especial, por conta das importantes melhorias que as plataformas têm feito para facilitar a experiência do usuário, rompendo uma barreira de entrada aos menos experientes.
Vamos mergulhar mais no assunto. Começando por entender o que são e como funcionam as DEXs.
As exchanges descentralizadas são corretoras que permitem aos usuários negociar criptos entre si, modalidade chamada de peer-to-peer. Todo o processo de negociação é feito de forma automatizada, eliminando o papel de uma autoridade central, que é característica de corretoras centralizadas, como é o caso da Binance. Em vez disso, o sistema descentralizado coloca algoritmos e contratos inteligentes no controle.
A DEX mais popular do ecossistema hoje é a Uniswap. PancakeSwap, Curve Finance e Orca também figuram entre as mais atuantes.
As CEX operam via “order books” ou livros de ordem, um registro usado para determinar a liquidez do ativo e encontrar contrapartes para as negociações. A corretora funciona como intermediária no sistema.
Nas DEXs, o match entre compradores e vendedores acontece com a ajuda de algoritmos automatizados, contratos inteligentes que são executados quando determinadas condições são atendidas, como, por exemplo, quando uma ordem de compra ou venda é colocada.
Em geral, o preço de mercado dos ativos depende das quantidades de tokens depositados nas chamadas liquidity pools, ou piscinas de liquidez, uma grande reserva de criptomoedas à espera de ordens de compra ou venda. Quando uma ordem é colocada na corretora, a piscina é responsável por fornecer liquidez.
Se você está em dúvida sobre usar exchanges descentralizadas, é porque não se sente preparado.
De fato, a usabilidade das DEXs exige do investidor conhecimento mais aprofundado e técnico. Por isso, quem está desembarcando agora na criptoesfera ou tem apenas experiência com corretoras centralizadas, precisará começar devagar e cautelosamente.
A orientação é iniciar com pouco dinheiro apenas para ir testando as plataformas. Assim, o investidor vai tateando o terreno e pegando o jeito.
Os novos navegantes terão de se familiarizar com aspectos específicos do DeFi para ter sucesso nessa jornada.
Aconselho que você não use corretoras descentralizadas até entender esses quatro conceitos bastante básicos:
As DEXs geralmente requerem o uso de carteiras descentralizadas para interagir com as plataformas. Então, fica a cargo do próprio investidor escolher a mais adequada para essa interação, levando em conta que alguns protocolos exigem carteiras específicas.
Depois de escolher, terá que aprender a configurar e administrar a wallet, para armazenar as criptos com segurança. Isso se chama autocustódia, ou seja, o usuário é responsável pelo controle total sobre os seus fundos. É diferente do que ocorre nas CEX, que se encarregam de fazer essa custódia para investidor.
As carteiras podem ser de software, a partir da instalação de aplicativos em computadores e smartphones, ou de hardware, dispositivos físicos parecidos com um pen drive que mantêm as chaves privadas, de acesso aos fundos, armazenadas em um ambiente offline. Exemplos de carteiras de software são MetaMask e Phantom. De hardware, temos entre as mais populares Ledger e Trezor.
Como falamos anteriormente, as chaves privadas são as credenciais de acesso aos fundos contidos na wallet. Elas são usadas para assinar transações na blockchain, permitindo aos usuários enviar ativos de suas carteiras para outras.
A exemplo do que fazemos com as nossas senhas de banco, as chaves privadas nunca devem ser compartilhadas, ao risco de ter as criptos roubadas.
Já a chave pública é derivada da chave privada: pode e deve ser compartilhada caso queira receber criptomoedas na sua carteira. Assim, como dono da carteira, você pode acessar esses ativos recebidos usando a chave privada correspondente.
O investidor precisa ter cuidado redobrado para não perder ou comprometer a chave privada, pois isso pode resultar em perdas irreparáveis.
A boa notícia é que avanços já estão sendo feitos para atacar essa questão. Um exemplo é a tecnologia de abstração de contas, que vem sendo implementada com sucesso e atua de forma a permitir a recuperação do acesso em caso de perda. Um passo importante para descomplicar a autocustódia e atrair novos usuários para a criptoesfera.
As taxas e custos de transação variam de DEX para DEX. Os investidores precisam estar atentos aos encargos associados à negociação e a outros tipos de operações típicas das corretoras descentralizadas. Procure entender como essas taxas são calculadas e qual será o impacto final nos resultados do seu investimento.
Como otimizam processos e eliminam intermediários, as DEXs têm estrutura mais enxuta e tendem a ter taxas mais baixas que as centralizadas, mas é necessária uma investigação mais detalhada antes de qualquer movimento.
A rede Ethereum, por exemplo, pode alcançar taxas de gás absurdas em momentos de grande demanda na rede. Se você não estiver atento, pode ser pego de surpresa e ter de arcar com um prejuízo terrível.
As exchanges descentralizadas podem ter liquidez e volumes de negociação menores em comparação com as plataformas centralizadas. Isso pode resultar em spreads (diferença entre o preço de compra e de venda) mais amplos e uma execução de ordens potencialmente mais lenta, em especial para ativos com menor volume de negociação.
Os investidores devem se preparar para enfrentar essas diferenças e ajustar suas estratégias para não comprometer seus rendimentos.
Como vimos, a migração para uma DEX é para os corajosos e pacientes. Exige cautela, dedicação e, acima de tudo, educação contínua. Para os dispostos a embarcar nessa jornada, porém, as corretoras descentralizadas oferecem uma nova visão revolucionária do futuro financeiro, na qual autonomia e transparência são os ingredientes principais. O seu esforço será recompensado!
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