Hackers (Pixabay/Reprodução)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 16h29.
A empresa de cibersegurança Kaspersky prevê aumento nos crimes virtuais ligados aos criptoativos em 2021. Em relatório, analistas da companhia afirmam que o roubo de bitcoin, entre outros crimes, deve aumentar no ano que vem. A Kaspersky também faz um alerta sobre o crescimento de grupos de cibercriminosos brasileiros, que agora expandiram sua atuação para outros territórios.
O documento faz uma série de previsões relacionadas à segurança digital, e colocam os criptoativos no centro da discussão sobre o assunto: "o roubo de bitcoin se tornará mais atraente conforme muitas nações mergulham na pobreza em decorrência da pandemia. Com os impactos econômicos e a desvalorização das moedas locais, mais pessoas poderão se envolver no cibercrime, resultando em mais casos de ataques", afirmam os pesquisadores, que preveem também que, devido à fragilidade das moedas locais, mais pessoas deverão se voltar para fraudes que exijam pagamentos em bitcoin como "resgate", além do próprio roubo do criptoativo, que é mais comum.
"Este ano foi significativamente diferente e, ainda assim, muitas tendências que previmos [no ano passado] tornaram-se reais. Elas incluem novas estratégias de cibercrime financeiro, desde a revenda de acesso a bancos, ao direcionamento a aplicativos de investimentos, além do maior desenvolvimento de tendências já existentes, por exemplo, uma expansão ainda maior da coleta de dados de cartões e do uso de ransomware visando bancos. A previsão de ameaças futuras é importante, pois permite que nos preparemos melhor para nos defender, e temos certeza de que nossa previsão ajudará muitos profissionais de cibersegurança a trabalhar em seus modelos de cibersegurança", afirmou Dmitry Bestuzhev, diretor da equipe latino-americana de pesquisa e análise da Kaspersky.
A série de previsões também faz um alerta sobre o uso de outros criptoativos para pagamentos de "resgates": "Com a criação de recursos especiais para monitorar e confiscar bitcoins, os cibercriminosos devem mudar a forma que os pagamentos em criptomoedas são realizados — priorizando moedas que permitam eliminar rastros e aumentar a privacidade, como o Monero, como forma de encobrir a extorsão. Posteriormente, estes criminosos converterão esses ativos para outros mais populares".
Além das preocupação ligadas aos criptoativos como o bitcoin, o relatório alerta para o possível aumento das práticas de extorsão, seja como parte de ataques DDoS ou de ransomware, e ainda ressalta que os operadores de ransomware consolidarão e usarão exploits avançados para infectar suas vítimas.
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O documento também analisa as previsões feitas em 2019 para ano de 2020. Os analistas da Kaspersky afirmam que, como previso, os cibercriminosos brasileiros se tornaram atores globais, com alvos fora do território nacional: "O ecossistema do cibercrime brasileiro costumava ser um ator regional. Este ano, vimos alguns grupos se expandindo para outros continentes, visando vítimas na Europa e em outros lugares. Apelidamos os primeiros quatro grupos a fazer isso (Guildma, Javali, Melcoz e Grandoreiro) de 'a Tétrade'. Outros grupos seguiram o mesmo caminho, como Amavaldo, Lampion e Bizarro".
Segundo a Kaspersky, as ciberameaças financeiras estão entre os crimes cibernéticos mais perigosos, já que implicam em prejuízo direto para as vítimas, sejam indivíduos ou organizações. E também faz uma análise sobre o impacto da pandemia do Covid-19 e o consequente aumento do uso de plataformas e ferramentais digitais: "É inevitável que as drásticas mudanças ocorridas em 2020 tenham influenciado o modo de operação dos cibercriminosos. Embora nem todas as táticas, técnicas e procedimentos tenham sido afetados, a influência da transformação em nosso modo de viver e trabalhar não pode ser minimizada".
As previsões financeiras fazem parte das previsões verticais da Kaspersky para 2021, que é um dos segmentos do Boletim de Segurança da Kaspersky (KSB), e tem como objetivo ajudar as organizações a se prepararem melhor para enfrentar as ameaças e riscos cibernéticos.