Future of Money

Currículo de Steve Jobs é vendido por R$ 1,8 milhão, mas NFT fracassa

Promotores de leilão tentaram criar disputa entre formatos físico e original, mas interesse pelo NFT foi irrisório quando comparado ao documento original

Primeiro iPhone, lançado pela Apple em 2007. (Apple/Divulgação)

Primeiro iPhone, lançado pela Apple em 2007. (Apple/Divulgação)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 28 de julho de 2021 às 18h54.

Terminou nesta quarta-feira, 27, o leilão de um currículo preenchido à mão por Steve Jobs em 1973. O item estava sendo leiloado em dois formatos: o original e um digital, emitido em blockchain como um NFT. Ao todo, foram arrecadados mais de 370 mil dólares (1,9 milhão de reais) com as vendas.

A ideia dos organizadores era promover um duelo entre os dois formatos, com uma campanha promocional que focava em discursos sobre "quebra de paradigmas", "novas tecnologias" e o "novo mercado descentralizado de ítens colecionáveis". O marketing não colou: enquanto o original foi vendido por 343 mil dólares, ou quase 1,8 milhão de reais, o NFT foi arrematado por 12 ETH, equivalente a 27.500 dólares (140 mil reais).

O valor ainda é significativo, especialmente quando convertido para reais, mas pode ser visto como decepcionante para os organizadores do leilão, que esperavam uma disputa acirrada e cheia de rivalidade entre os dois formatos. Além disso, fica distante de outros NFTs famosos vendidos recentemente, por cifras muitas vezes milionárias.

Apesar de possivelmente ter ajudado a promover o leilão, a disputa criada entre os dois formatos não faz muito sentido, já que o comprador do item original, físico, poderá emitir quantos NFTs quiser do documento no futuro, o que reduziria consideravelmente - ou totalmente - o valor do token não-fungível colocado à venda agora.

Um dos fatores mais importantes para a valorização de um NFT é a sua raridade. Quando um NFT tem tiragem única, é muito provável que valha mais do que um NFT que tenha tiragem maior. Com a venda do documento original, não é possível garantir que outros NFTs idênticos não serão emitidos no futuro, diminuindo o interesse dos possíveis compradores pelo documento digitalizado.

Em entrevista à EXAME, os organizadores citaram o fato de ser o "primeiro NFT do currículo de Steve Jobs", o que faria dele único, mesmo que o novo comprador do documento original decida emitir novos tokens. O discurso, entretanto, não funcionou. Foram apenas 10 lances no NFT, contra 43 no documento original.

O currículo foi escrito por Steve Jobs quando estava atrás do seu primeiro emprego - no ano seguinte, ele começaria a trabalhar na Atari e, dois anos mais tarde, fundaria aquela que hoje é a maior empresa do mundo, com valor de mercado superior a 2,4 trilhões de dólares.

Esta é o quarto leilão do documento preenchido pelo criador da Apple. Em 2017, foi vendido pela primeira vez por 18.750 dólares. No ano segunite, em nova venda, o preço aumentou quase 10 vezes, para 174.757 dólares. Por último, no início de 2021, foi arrematado por 224.750 dólares. Agora, mesmo com a disputa dos dois formatos tendo fracassado, o lucro ainda foi enorme na operação, de quase 55%.

Acompanhe tudo sobre:AppleBlockchainCriptomoedasSteve Jobs

Mais de Future of Money

A disparada do bitcoin, regulação cripto ao redor do mundo e as perspectivas para 2025

Mulheres nas finanças e na tecnologia: paridade de gênero não pode esperar até 2155

Shaquille O'Neal vai pagar R$ 63 milhões para encerrar processo sobre NFTs

Coreia do Norte é acusada de roubar US$ 1 bilhão em ether com ataque hacker