Estados Unidos pode enfrentar estagnação em regulação cripto este ano (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2023 às 09h04.
No meio de janeiro estive mais uma vez em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial. Escrevo somente agora pois emendei a ida a Davos com merecidas férias com a família. De qualquer forma, o Fórum ainda é tema quente porque é lá que se tecem as previsões para o ano todo.
E, embora nem sempre os consensos se mostrem verdadeiros, as discussões que acontecem nessa simpática cidade dos Alpes suíços são importantes para entender o mundo de hoje e planejar o futuro próximo. Fora os encontros que acontecem nos eventos paralelos ao Congresso principal, que reúnem lideranças importantes de governos, empresas e terceiro setor.
Mas, afinal, o que significa Davos e por que esse evento é tão importante? O nome da cidade é uma forma abreviada para se referir ao Fórum Econômico Mundial. Criado em 1971 pelo economista alemão Klaus Schwab, no princípio a ideia era reunir apenas empresários americanos e europeus.
Ao longo dos anos, o evento cresceu e acabou se tornando o ponto de encontro da elite mundial, onde se discutem os problemas globais, com temas que variam dos clássicos econômicos à tecnologia e sustentabilidade. Daí sua importância: em uma única semana, líderes do mundo todo, de todos os setores, se encontram para debater as questões mais relevantes do momento.
Como tudo no mundo polarizado atual, Davos divide opiniões. Ambos os lados do espectro político/ideológico têm suas teorias da conspiração e as adaptam para as narrativas que lhes convêm. Em quase todas, Davos não passa de uma reunião de homens ricos e poderosos tramando em segredo como manipular o mundo e a vida das pessoas.
Para mim, ir a Davos é uma oportunidade única de entender as principais tendências e discussões globais que vão impactar a economia e os negócios no próximo ano. E, em um intervalo de poucos dias, ter reuniões com gente e empresas do mundo inteiro gastando só uma passagem. Produtividade é isso!
Esse foi o meu terceiro ano no evento. Se em 2019 os temas principais eram ESG, mudanças climáticas e desigualdade, em 2022 os temas mais urgentes eram decorrentes dos fatos que abalavam o mundo naquele momento, como a Guerra na Ucrânia, crise energética e o mundo pós-pandemia (aliás, em 2020 e 2021 não houve evento por causa da Covid-19). Agora, em 2023, as discussões foram mais sóbrias e os temas dos anos anteriores – crise energética, meio ambiente e inflação – voltaram de forma mais madura.
O sentimento geral este ano foi mais positivo. Os preços de energia estão diminuindo, o crescimento é melhor do que o esperado, a Covid ficou para trás e a inflação parece ter atingido o pico. Apesar do tom mais positivo, o consenso é que as taxas de juros sigam altas por mais tempo por conta da inflação, escassez de trabalhadores e preços de energia e commodities em patamares mais altos em decorrência do esforço de descarbonização do planeta.
Se falou de um “mundo 4/4/4”: 4% de desemprego, 4% de crescimento do PIB e 4% de taxas de juros. A abertura da China, os impactos nas exportações da Rússia e da Ucrânia por causa da longa guerra e os desafios dos investimentos sustentáveis num mundo cada vez mais preocupado com a mudança climática – sempre o tema mais importante do Fórum na última década – foram outros relevantes tópicos.
Em relação ao mundo crypto, o tom também foi mais maduro. Os caminhos da regulação mundo afora foi o tema mais abordado e, para minha surpresa (estava mais otimista nesse ponto), a expectativa geral é que a regulação nos Estados Unidos não avance neste ano. Por outro lado, falou-se muito sobre o marco regulatório no Brasil e avanços similares em países como Inglaterra e Singapura.
A necessidade do amadurecimento do setor após as mazelas vividas em 2022, em especial a quebra da FTX, também foi assunto importante. A convergência da colaboração entre empresas nativas de crypto e empresas tradicionais segue em curso e a narrativa anarco-utópica original de crypto tem cada vez menos espaço.
Por fim, os desdobramentos de crypto como tecnologia e os avanços da infraestrutura estiveram presentes na maioria dos debates. Há muita coisa a ser construída e a indústria está cada vez mais preparada para isso.
Abraços e até o próximo Crypto Insights!
*André Portilho é responsável pela área de Ativos Digitais do BTG Pactual e head da Mynt, plataforma de investimentos em criptoativos. Com mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro, Portilho começou sua carreira como estagiário no Banco Icatu, no Rio de Janeiro, em 1993. Em 1994, mudou para a mesa proprietária para negociar ações e opções de ações. Em 2000, ingressou no BTG Pactual para iniciar a mesa de negociação de derivativos de ações. Três anos depois, criou a mesa de negociação de derivativos de câmbio para atuar como market maker nos mercados de BRL local e offshore. Em 2004, tornou-se responsável pelas mesas de negociação de ações e derivativos de câmbio da América Latina com traders no Rio de Janeiro, São Paulo e Stanford. Foi o responsável pela expansão da mesa de trading de volatilidade para os mercados internacionais em 2012. Em 2017, montou a mesa de Digital Assets do BTG Pactual, pioneira no mercado de crypto entre os bancos brasileiros. Em 2019, liderou o lançamento do ReitBZ, o primeiro security token emitido por um banco no mundo.
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