Tecnologia blockchain e as criptomoedas promoveram a disrupção dos sistemas financeiros tradicionais (metamorworks/Getty Images)
No cenário atual, de alta da inflação e forte queda nos mercados tradicionais e de cripto, é o momento perfeito para a gente revisitar os fundamentos e as teses do bitcoin e da tecnologia cripto. Vamos lá?
Primeira grande tese do bitcoin: ser um sistema peer-to-peer de dinheiro digital.
Criar uma sistema de transações ponto a ponto, ou de pessoa para pessoa. Esse foi o primeiro caso de uso imaginado por Satoshi Nakamoto quando criou o bitcoin.
Hoje, com as várias criptomoedas e blockchains ativas, temos redes globais que funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano, que permitem esse tipo de transação peer-to-peer.
Embora a maioria dessas redes não tenha escala para ser usada como um dinheiro digital global, os desenvolvimentos que tem acontecido e soluções futuras eventualmente poderão permitir que esse caso de se concretize.
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Segunda grande tese: eliminar intermediários
Nosso dinheiro já é digital. Uma pequena quantidade do dinheiro em circulação é na forma de papel. No fim das contas, lidar com dinheiro digital é o mesmo que transferir dados.
E por que ainda temos tantos intermediários nesse sistema? A tecnologia de cripto pode simplificar a transacionalidade digital e é para esse caminho que a tecnologia avança.
No Brasil, o Pix permite transações online, 24 horas por dia, sete dias por semana, mas na maioria dos países isso não existe, e as pessoas só podem fazer transações em horário comercial.
A tecnologia de cripto pode permitir que você tenha esse acesso para uma quantidade muito maior de pessoas. É como se cripto fosse uma grande base de dados distribuída que permitisse esse tipo de comunicação de valor, de forma global e mais eficiente do que os sistemas financeiros atuais.
Terceira tese: seja o seu prório banco
Da forma como funciona o blockchain, para acessar essa base de dados e fazer uma transferência de bitcoins ou qualquer cripto para outra pessoa, você só precisa de um dispositivo conectado à internet, uma chave pública e uma chave privada.
Em uma analogia, a chave pública é como a sua conta bancária, e a chave privada é a sua senha. Uma vez que essa base de dados seja distribuída e sincronizada na internet, os intermediários podem ser eliminados e cada pessoa poderia, em tese, ser o seu próprio banco.
Mas, claro, aqui vale uma ressalva: nem todo mundo quer ser o "seu próprio banco", da mesma forma que nem todo mundo quer guardar o seu dinheiro debaixo do colchão. É uma tese possível, mas precisa ser analisada com cuidado.
Quarta tese: bancarizar os desbancarizados
A maioria dos países não tem infraestrutura financeira sofisticada como a brasileira. Bilhões de pessoas não têm acesso a uma conta bancária. A tecnologia cripto pode permitir um salto de evolução e trazer para o sistema financeiro muitas dessas pessoas.
Quinto grande caso de uso: privacidade
Da forma como foi estruturado o blockchain do bitcoin, embora ele permita algum grau de anonimato, as transações são transparentes. Mas para esse sistema ganhar maior adoção provavelmente vamos ter que aguardar soluções que permitam que privacidade e anonimato sejam garantidos.
Sexta tese: escapar da inflação
Vivemos um momento importante, no qual a maioria dos bancos centrais, especialmente o Fed, nos EUA, estão imprimindo enormes quantidades de dinheiro, colocando mais dinheiro em circulação, desvalorizando as moedas, reduzindo o poder de compra e impactando a inflação.
O bitcoin foi concebido como uma moeda com emissão limitada, que garante que só existirão 21 milhões de unidades, ele em tese pode ser uma segurança para o processo inflacionário das moedas fiduciárias. Mas é preciso ser pragmático: isso é um processo, que não acontece do dia para a noite.
Hoje, o bitcoin ainda não é visto como um ativo que proteja as pessoas da inflação. Pode ser futuramente, e tem as características para isso, mas ainda não é - devido, principalmente, à sua volatilidade.
Sétima tese: separar o dinheiro do Estado
No mundo atual, no qual um único país controla a moeda responsável por mais de 70% das transações globais, como é o caso dos EUA e o dólar, faz sentido pensar que uma forma de dinheiro separada do Estado e que seja neutra, faça sentido para uma sociedade digital e globalizada.
Oitava tese: ser uma espécie de ouro digital
O bitcoin tem praticamente todas as características para ser chamado assim: ele é perene, dificil de ser falsificado, é perfeitamente divisível, fácil de ser transportado e assim por diante.
Tudo isso pode fazer do bitcoin o ouro digital e, consequentemente, uma reserva de valor. O ouro é a principal reserva de valor do mundo há milênios, no mundo analógico. No mundo digital, faz sentido que haja uma alternativa, um ativo que funcione de forma semelhante no mundo digital.
Nona tese: ser uma classe de ativos anti-frágil
A maior besteira que você pode fazer hoje é ter todo o seu dinheiro em bitcoin ou em cripto. A classe de ativos ainda é muito volátil e correlacionada com mercados tradicionais.
A segunda maior besteira que você pode fazer hoje, é não ter nenhuma exposição a bitcoin e a cripto.
É uma tecnologia nova e um investimento assimétrico, que pode multiplicar dezenas ou até centenas de vezes a partir de agora.
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