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Crise na mineração de bitcoin: Nasdaq pode expulsar empresa do setor por forte queda em ações

Ações da Digihost são negociadas abaixo de US$ 1 e empresa pode precisar sair da Nasdaq caso não recupere cotação mínima

Mineração passa por mau momento em meio a "inverno cripto" (Bloomberg/Getty Images)

Mineração passa por mau momento em meio a "inverno cripto" (Bloomberg/Getty Images)

Há pouco mais de uma década, o bitcoin foi a primeira aplicação bem-sucedida e em massa da tecnologia blockchain. Desta forma, as moedas digitais se tornaram realidade e puderam ser transacionadas de forma completamente online. E a solução encontrada para realizar a validação de tais transações foi a “mineração”, que paga recompensas em criptomoedas por cada bloco validado no blockchain.

No entanto, pouco mais de uma década depois, o método não se demonstra tão lucrativo quanto antes, gerando uma crise em empresas do setor. A Digihost, empresa de mineração de bitcoin sediada em Houston, nos EUA, corre o risco de ter de sair da Nasdaq após listar suas ações na bolsa em 15 de novembro de 2021.

(Mynt/Divulgação)

A empresa recebeu um aviso de carência da Nasdaq após suas ações serem negociadas por preços inferiores a US$ 1 por um longo período, violando a conformidade de listagem da bolsa.

“Se a empresa não conseguir organizar seu compliance dentro do período da regra 5550 (a)(2) até 10 de abril de 2023, ela pode ser qualificada para um período adicional de conformidade de 180 dias corridos”, diz um comunicado da Nasdaq.

A Digihost tem até 10 de abril de 2023 para entrar em conformidade com as regras de listagem da Nasdaq. Isso significa que suas ações devem ser negociadas acima de US$ 1 por dez dias úteis consecutivos antes da conclusão deste período.

No momento, as ações da DGHI são negociadas por US$ 0,60, de acordo com dados do Yahoo Finance. Em 2022, elas despencaram mais de 88%.

Cenário atual para mineração de bitcoin

No início, para cada bloco minerado, a recompensa era de 50 unidades de bitcoin. Atualmente o valor é de 6,25. Embora tenha valorizado de forma expressiva desde então, a queda de mais de 60% na cotação do bitcoin em 2022 pode ser uma das principais causas para uma crise no mercado de mineração.

Além disso, neste intervalo de tempo, novos métodos foram desenvolvidos e adotados por grandes redes. Como a Ethereum, segundo maior blockchain do mundo, que abandonou a mineração em setembro de 2022. Atualmente, entre as 10 maiores redes em blockchain, apenas duas utilizam a mineração. Uma delas é a própria rede do bitcoin.

O cenário acaba se tornando desfavorável para a estabilidade de empresas como a Digihost. Além dela, a empresa de mineração australiana Mawson Infrastructure Group também não cumpriu a conformidade de listagem da Nasdaq, já que suas ações foram negociadas abaixo de US$ 1 por um período prolongado.

Em um processo na Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), a Digihost garantiu aos investidores que resolveria os problemas de conformidade com a Nasdaq e esclareceu que as operações comerciais da empresa não foram afetadas pelo aviso da bolsa.

A mineração de bitcoin ainda é rentável?

Para o especialista Ricardo Alcofra, diretor de ativos digitais no BTG Pactual, é preciso estar preparado para as oscilações do mercado para se sustentar no setor de mineração, já que a cotação da criptomoeda minerada também pode afetar a rentabilidade do procedimento.

“A mineração ainda é uma atividade atrativa e rentável, mas envolve riscos e aqueles que ainda seguem nessa estratégia buscam maneiras mais eficientes de otimizar a sua operação para se adequar ao mercado de baixa e ao mesmo tempo contra pressões regulatórias quanto ao consumo de energia ou mesmo de ruído”, disse Alcofra, especialista em tecnologia blockchain pela Universidade da Califórnia Berkeley.

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