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Criptomoedas geram déficit de R$ 14 bilhões na conta de capitais do Brasil

Importação de criptomoedas atingiu US$ 14 bilhões de janeiro até outubro de 2024, de acordo com dados do Banco Central

 (SOPA Images/Getty Images)

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Cointelegraph
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Agência de notícias

Publicado em 27 de novembro de 2024 às 16h26.

Última atualização em 27 de novembro de 2024 às 16h32.

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O saldo líquido de importação de criptoativos no Brasil somou US$ 14 bilhões entre janeiro e outubro de 2024, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central (BC), contribuindo para o valor recorde de US$ 56,2 bilhões que deixaram o país por vias financeiras neste ano.

Trata-se do maior fluxo de saída de dólares no período desde que o BC começou a contabilizar oficialmente esses dados em 1982. O fluxo financeiro engloba operações de entrada e saída de dólares nos mercados de capitais, incluindo investimentos em criptoativos e ações em bolsas de valores estrangeiras, remessas de lucros e dividendos para o exterior e investimentos estrangeiros diretos no país.

O volume de importações de criptoativos atingiu US$ 15 bilhões no acumulado do ano em outubro, o que representa um crescimento de 57,9% em relação aos US$ 9,5 bilhões registrados no mesmo período no ano passado. As exportações no período somaram US$ 949 milhões este ano, contra US$ 463 milhões em 2023.

Apesar do déficit na conta financeira do Brasil, os criptoativos não afetam as transações correntes do balanço de pagamentos, que acumularam um déficit de US$ 37,7 bilhões entre janeiro e outubro, segundo os dados revisados apresentados pelo BC.

Em julho, o BC adotou uma norma técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI) que modifica o status dos criptoativos nas estatísticas de balanços de pagamentos. A revisão metodológica teve um impacto significativo no saldo de transações correntes registrados em 2023 e 2024.

Anteriormente classificados como bens, os criptoativos passaram a ser considerados 'ativos não financeiros não produzidos'. Com isso, as importações de criptoativos deixaram de ser registradas na balança comercial e passaram a ser contabilizadas na conta de capital do Brasil, que compreende as transações de compra e venda de ativos não produzidos e transferências de capital.

Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC, atribuiu o resultado negativo registrado este ano à redução das entradas de capital estrangeiro pela via cambial, em uma reportagem publicada pela Folha de São Paulo:

“Neste ano, registramos um ingresso líquido menor de capital estrangeiro, que são aqueles fluxos de investimento direto, ações, renda fixa, empréstimos e outros. Eles somaram R$ 54,8 bilhões de janeiro e outubro do ano passado e agora foram R$ 31 bilhões.”

A tendência é que haja uma aceleração do fluxo de saída de capital do país no último trimestre, segundo Rocha, o que pode resultar na maior fuga de dólares do país na história. Até agora, o recorde foi registrado em 2019, quando US$ 65,8 bilhões deixaram o país.

Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, citou a aceleração da remessa de lucros e dividendos de empresas estrangeiras e dos investimentos em criptomoedas como fatores estruturais para o saldo negativo da conta financeira do Brasil.

“A dinâmica de investimentos está favorecendo a saída de recursos do país neste ano", afirmou Damico. “No momento, não vejo perspectiva de reversão desse comportamento.”

Apesar do saldo negativo recorde na conta financeira, o fluxo cambial segue positivo no acumulado de janeiro a outubro, devido aos resultados positivos da balança comercial. Em outubro, foi registrado um superávit de US$ 3,4 bilhões.

A importação de criptoativos no Brasil está em tendência de alta em 2024, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.

Em setembro, pela primeira vez na história, os criptoativos movimentaram mais de R$ 100 bilhões em um único mês, com um aumento de 300% em relação a agosto.

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