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Criptomoedas de metaversos têm recorde negativo e colocam expectativa sobre o setor em xeque

Dados apontam menor volume de negociações da história de criptomoedas relacionadas ao metaverso e especialistas comentam chance de sucesso no longo prazo

Interesse por metaversos em blockchain diminuiu consideravelmente em 2022 (Getty Images/Reprodução)

Interesse por metaversos em blockchain diminuiu consideravelmente em 2022 (Getty Images/Reprodução)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 18 de outubro de 2022 às 16h45.

O termo metaverso é antigo, mas foi em 2021 que ele se popularizou. Impulsionado pela mudança de nome do Facebook para Meta, como parte de um plano ambicioso da empresa de construir o seu próprio metaverso, o termo ganhou as rodas de conversa no mundo todo. Nesta época, metaversos construídos em blockchain aproveitaram o embalo e o fato de serem vistos como uma forma de investir na nova tecnologia e também viveram uma fase de crescimento sem precedentes. Agora, pouco menos de um ano depois, a situação parece ter se invertido.

(Mynt/Divulgação)

Em fevereiro deste ano, os números já eram desanimadores: tantos as criptomoedas MANA (do metaverso Decentraland) e SAND (de The Sandbox), quanto as ações da própria Meta, acumulavam forte queda no ano. E a situação só piorou com os passar do tempo. Em setembro, a EXAME mostrou que o volume de negociação de terrenos virtuais nas plataformas em blockchain caiu 98% desde o pico do ano passado.

Este mês, a aparente derrocada dos metaversos continua. Em outubro, um levantamento do site DappRadar mostrou que os dois metaversos mais famosos que utilizam blockchain tiveram uma queda acentuada no número de usuários ativos por dia. Em um determinado dia, o Decentraland chegou a registrar apenas 38 usuários ativos. No The Sandbox, o número chegou a 522 usuários.

O número de usuários ativos parece ter recuperado o fôlego - o mesmo DappRadar mostra que nesta terça-feira, 18, o Decentraland acumula 652 usuários ativos no período de 24 horas, número semelhante ao The Sandbox, com 623. Mas as plataformas ainda parecem distantes da expectativa criada quando o assunto ganhou as manchetes do mundo todo no ano passado.

Se por um lado o número de usuários ativos não vive mais os seus piores dias - ainda que muito longe do que se esperava - o mesmo não se pode dizer do preço das criptomoedas que mantêm as duas plataformas de pé. Tanto a MANA quanto a SAND atingiram a menor liquidez de suas histórias.

Na última segunda-feira, 17, a Kaiko publicou uma análise de dados de oito corretoras cripto e constatou que o volume de negociação dos principais tokens ligados ao metaverso atingiu o menor patamar de todos os tempos - além de MANA e SAND, a lista tem AXS, do game Axie Infinity, e ENJ, do protocolo Enjin.

(Kaiko/Reprodução)

Nos últimos 30 dias, MANA, SAND, AXS e ENJ registraram o menor volume de negociações da história somadas as oito corretoras centralizadas que negociam os tokens. Juntos os quatro criptoativos totalizam menos de 1% do volume de bitcoin negociado no mesmo período.

"A queda no volume de negociação dos tokens de metaverso é reflexo, primeiro, do atual cenário macroeconômico, que passa por um grande 'enxugamento' de liquidez, o que, por sua vez, reduz a intenção de investidores de ter exposição a ativos de risco, principalmente de teses que ainda não se consolidaram", disse Lucas Josa, do BTG Pactual. "Depois, é afetado também pelo hype que foi criado no ano passado em torno do tema, muito maior do que deveria, devido à complexidade desse tipo de projeto e do conceito em si", completou. 

Opinião parecida tem Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da gestora cripto QR Asset: "Minha percepção é que o hype, o frisson com metaverso, foi exagerado, com valuations altíssimos mas pouco paralelo na usabilidade e realidade dos metaversos. Os experimentos tanto dos metaversos privados, como do próprio Meta/Facebook, quanto os projetos lideres dos metaversos decentralizados, como Decentraland e The Sandbox, têm mostrado pouca tração e hoje ainda são muito mais provas de conceito do que mercados virtuais para consumo de conteúdo digital", comentou.

Apesar do mau momento, ainda é cedo para falar que a expectativa criada para os metaversos - em blockchain ou não - nunca será atingida. Se a adoção e a negociação dos tokens atravessa uma fase de baixo interesse, outros dados apontam no sentido contrário.

Um deles é o interesse de grandes empresas pelo conceito. Apenas no terceiro trimestre de 2022, projetos e startups que usam blockchain e são relacionados a metaverso receberam US$ 1,3 bilhão em investimentos. No segundo trimestre, o número foi ainda maior, perto de US$ 2 bilhões. Além disso, várias grandes marcas já demonstraram interesse e deram a largada para iniciativas relacionadas a metaverso, como Nike, Adidas, Disney, Konami e várias outras - além da própria Meta, cujo plano segue ativo.

"Acredito piamente no potencial da tecnologia, e sem dúvida o tempo será o maior catalizador dessa adoção por pessoas mais jovens que hoje já utilizam muito ativos digitais, tokens de jogos como Roblox e Fortnite, etc. Para mim, o melhor paralelo é com a bolha das 'pontocom' nos anos 2000, quando vendeu-se a ideia de que quem estivesse fora da internet iria perecer e ocorreu um movimento de exagero, de overshooting, que acabou causando uma enorme destruição de valor com o fim da bolha. Mas, passados 20 anos, podemos ver que realmente essa revolução veio e hoje as maiores empresas do mundo são frutos dessa corrida da internet do início do século", explicou Ludolf.

"Todos achavam que o metaverso estava próximo, mas pouquíssimas pessoas realmente refletiram sobre o nível de dificuldade de desenvolvimento desses projetos, principalmente em relação ao hardware, como os óculos de realidade virtual (VR) e outros equipamentos. Os metaversos ainda não estão prontos para receber milhões de pessoas. Mas isso ainda poderá acontecer. Depende muito de desenvolvimentos futuros que facilitem o acesso e adoção da tecnologia", completou Josa.

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