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Indígenas criam criptomoeda para vencer extração ilegal na Amazônia

Suruís e Cintas-Largas desenvolvem projeto de criptoativo para arrecadar fundos e acabar com extração ilegal de recursos de povos amazônicos

Líderes de povos amazônicos: Ruth Buendia Mestoquiari, do Peru (esquerda) Sheyla Yakarepi Juruna, da tribo Juruna (centro) e Almir Narayamoga Surui, líder Suruí (direita)  (JOEL SAGET/AFP/Getty Images)

Líderes de povos amazônicos: Ruth Buendia Mestoquiari, do Peru (esquerda) Sheyla Yakarepi Juruna, da tribo Juruna (centro) e Almir Narayamoga Surui, líder Suruí (direita) (JOEL SAGET/AFP/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 11h23.

Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 12h38.

A tecnologia foi a ferramenta escolhida por duas tribos indígenas brasileiras que, apesar de sua rivalidade histórica, se juntaram para vencer as dificuldades econômicas, resgatar sua cultura e preservar a floresta amazônica. E o caminho escolhido para isso foi o blockchain, com a criação do token OYX.

Chamada de "Moeda Mundial Indígena Transcultural", o projeto tem no token OXY a ferramenta para arrecadar fundos para indígenas em condições vulneráveis e evitar a extração ilegal de recursos da região onde as tribos Suruí e Cinta-larga se concentram, entre os estados do Mato Grosso e Rondônia.

"A ideia básica do OYX é, por meio do uso do blockchain, tornar as transações envolvendo recursos dos territórios Suruí-Cinta-Larga transparentes, eliminando a extração ilegal. Uma vez registradas as transações no blockchain, elimina-se a necessidade de intermediários entre a comunidade indígena e os compradores de recursos" diz o documento de apresentação do projeto, que faz referência a omissão de governos quanto ao controle da origem dos recursos extraídos de povos amazônicos.

"Basta ao governo israelense, ou qualquer outro, exigir que os eventuais possuidores de recursos apresentem o correspondente registro em blockchain da transação. A referência a Israel é feita pelo número de israelenses que adquirem ilegalmente pedras preciosas do território Suruí-Cinta-Larga. Ou seja, não se pretende impedir que cidadãos israelenses ou de outros países adquiram recursos da comunidade Suruí-Cinta-Larga. O que se quer é que tudo seja feito conforme determina a Constituição", diz o texto.

O manifesto sobre a criação do token OYX também ressalta que tal medida é benéfica ao governo brasileiro: "Protege os interesses do governo brasileiro, pois, na medida em que se registra toda e qualquer transação no blockchain, a União poderá facilmente verificar se determinado recurso for adquirido de forma legítima ou não".

Elias Oyxabaten Suruí é o idealizador do projeto que une os dois povos em torno de um objetivo comum. "A intenção é viabilizar, de forma emergencial e contínua, a arrecadação de recursos e a proteção da nossa cultura. Os fundos gerados pelo token OYX serão destinados a construir um centro cultural e manter projetos nas regiões onde vivem os indígenas, além de garantir renda mínima, segurança alimentar e integração das aldeias, criando um efeito de união e uma estrutura que possibilite o desenvolvimento de outros projetos", disse, na apresentação do projeto.

Para ele, a "primeira criptomoeda criada por um povo indígena da Amazônia" também pode ser útil para pessoas interessadas em fazer doações, pois "poderão fazê-las de forma direta, sem o temor de que sejam indevidamente apropriadas pelo governo brasileiro".

"As pessoas que investirem nesta moeda estarão ajudando a salvar vidas indígenas. O blockchain é a nossa arma, e a OYX é o meio de vencer essa guerra sem derramamento de sangue", finalizou.

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