(SOPA Images/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 18 de março de 2021 às 11h50.
Última atualização em 18 de março de 2021 às 12h15.
O mercado de criptoativos tem demonstrado, nos últimos meses, enorme crescimento e maior aceitação de players tradicionais. Mas a posição favorável ao universo dos ativos digitais não é unânime, e ainda divide os participantes de outros mercados. Um exemplo foi o que aconteceu na quarta-feira, 18, quando, ao mesmo tempo que o Morgan Stanley indicou enorme otimismo com o bitcoin, a criptomoeda foi duramente criticada pelo Bank of America.
"Não existe nenhuma razão para ter bitcoin, exceto se você observar que os preços estão subindo", disse o Bank of America, em relatório do seu time de analistas, liderados Francisco Blanch. O texto reconhece que a escassez do bitcoin pode ajudar a proteger portfólios de investimento contra a inflação, mas conclui que "os benefícios de hedge contra a inflação não são particularmente aparentes".
O relatório do Bank of America ainda diz que "o principal argumento para ter bitcoin no portfólio não é a diversificação, os retornos estáveis, ou proteção contra a inflação, mas sim os aumentos de preço, que dependem da demanda por bitcoin superar a sua oferta".
Apesar do tom negativo, o relatório confirma algumas das características positivas do ativo, como o reconhecimento de que o interesse pela criptomoeda continuará fazendo seu preço subir — e, considerando que serão emitidos apenas 21 milhões de bitcoins, dos quais mais de 18,6 milhões já foram emitidos, é bastante provável que a demanda supere sua oferta, como vem acontecendo nos últimos meses.
No mesmo dia em que o Bank of America criticava a maior criptomoeda do mundo, o Morgan Stanley adotou o caminho oposto. Primeiro, anunciou a oferta de um fundo de investimento de bitcoin para seus grandes clientes — foi o primeiro banco de investimentos dos EUA a oferecer esse tipo de produto.
Inicialmente, os fundos de investimento de bitcoin estão disponíveis apenas para os clientes com pelo menos 2 milhões de dólares investidos no banco, que vai limitar a alocação no produto a 2,5% da carteira dos seus clientes. Segundo fontes ligadas ao banco ouvidas pela CNBC, o produto foi criado para atender à demanda de clientes em busca de exposição aos criptoativos.
Mais tarde, um relatório do banco assinada pela unidade de gestão de patrimônio, afirma que os criptoativos são "uma classe emergente de ativos". Os autores do documento, Lisa Shalett e Denny Galindo, afirmam que têm posições cautelosas e citam que ativos como o bitcoin são ativos de especulação, mas que, apesar disso, apresentam uma importante mudança aos olhos de Wall Street, passando da rejeição à aceitação.
"Para que as oportunidades de investimento especulativo atinjam o nível de uma classe de ativos na qual se pode investir e que podem desempenhar um papel de diversificação de carteiras, é necessário um progresso transformacional tanto do lado da oferta quanto da demanda. Com as criptomoedas, achamos que esse limite está sendo alcançado. Uma estrutura regulatória mais firme, o aumento da liquidez, a disponibilidade de produtos e o crescente interesse dos investidores — especialmente entre os investidores institucionais — se fundiram", afirmam os especialistas do Morgan Stanley no documento.
Enquanto os bancos e o sistema financeiro tradicional bate cabeça quanto à aceitar ou não os criptoativos como uma classe de ativos, o bitcoin e outros ativos digitais seguem batendo recorde de preço. Em 2021, a maior criptomoeda do mundo acumula ganhos de quase 100% — começou o ano valendo cerca de 29.500 dólares e, no momento, é negociada a 58.200 no mercado internacional.
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.