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China pressiona investidores e mineradores, e preço do bitcoin despenca

Bancos chineses emitem comunicado sobre encerramento de contas após pressão do banco central; mineradores de bitcoin também são afetados em diversas regiões

Bitcoin tem fim de semana de alta volatilidade, após nova ameaça da China | Foto Marc Bruxelle (Marc Bruxelle/Getty Images)

Bitcoin tem fim de semana de alta volatilidade, após nova ameaça da China | Foto Marc Bruxelle (Marc Bruxelle/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 21 de junho de 2021 às 10h51.

Última atualização em 21 de junho de 2021 às 12h25.

A semana começou agitada no mercado de criptomoedas - e não muito boa para os investidores. Na manhã desta segunda-feira, 21, o principal ativo digital do mundo, o bitcoin, opera em queda de quase 5%, negociado a cerca 33 mil dólares, depois de chegar à mínima de 32 mil dólares. O ativo acumula queda de 18% nos últimos sete dias.

A baixa no preço do bitcoin tem, mais uma vez, grande influência da China, que nesta manhã reforçou a proibição às criptomoedas no país. O Banco Popular da China, banco central local, comunicou aos cinco maiores bancos do país que eles cortem os serviços de contas ligadas aos mercados de balcão (OTC) de criptomoedas do país - método mais usado pelos chineses que investem em criptomoedas desde que o país proibiu as corretoras de criptoativos, em 2017.

O Banco Agrícola da China, por exemplo, terceiro maior banco do país, confirmou em comunicado que não permitirá o uso dos seus serviços para atividades ligadas ao bitcoin ou quaisquer outras criptomoedas. Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), o China Construction Bank (CCB)e o AliPay também emitiram comunicados no mesmo sentido, enfatizando que terminarão contas que estejam de alguma forma ligada ao uso de criptomoedas.

Esse tipo de ameaça do banco central chinês e dos bancos do país são comuns pelo menos desde 2013, quando começou a pressão do governo local contra o uso de criptoativos. No entanto, desta vez o tom adotado foi mais agressivo: antes, os bancos diziam que, se encontrassem atividade ligada ao mercado cripto, se reservavam o direito de encerrar a conta, sem necessariamente fazê-lo - diferente do aviso desta segunda, que afirma que as contas serão encerradas.

A resposta do mercado foi imediata. Na hora seguinte ao anúncio chinês, o bitcoin, que se recuperava de uma leve queda no fim de semana, despencou mais de mil dólares. No momento da publicação, o bitcoin é cotado a 32.500 dólares.

Segunda maior criptomoeda do mundo, o ether também opera em queda acentuada, no menor preço desde o "crash" de maio. A criptomoeda da rede Ethereum é negociada a 1.950 dólares, com queda de mais de 6% nas últimas 24 horas e quase 23% de perda nos últimos sete dias.

Mineração em xeque

Além da pressão contra os bancos, a China também tem pressionado os mineradores de criptomoedas de bitcoin no país. A China tinha, até pouco tempo atrás, cerca de 65% do hashrate (poder computacional) da rede Bitcoin, mas o número vem caindo desde que o governo passou a proibir a atividade em algumas regiões.

A primeira a "expulsar" as empresas de mineração foi a Mongólia Interior. Agora, Xinjiang, Qinghai e Sichuan também emitiram comunicados estabelecendo prazo para os mineradores interromperem suas atividades. Isso fez com que essas empresas, que movimentam mais de 1 bilhão de dólares por mês, começassem um processo de migração para outros países.

Mas, além disso, fizeram despencar o poder computacional da rede Bitcoin, que caiu quase 50% desde o seu pico, em maio. Segundo o site Bitinfocharts, o hashrate do Bitcoin está atualmente em 91,2 EH/s (quintilhões de hashes por segundo), quase metade dos 171,4 EH/s registrados há pouco mais de um mês. É o hashrate mais baixo dos últimos oito meses.

Apesar de não ter efeito direto sobre o preço da criptomoeda, a briga da China com as mineradoras de bitcoin é certamente um fator que aumenta o temor do mercado e influencia na queda de preço, e deverá perdurar até que as grandes empresas do setor tenham um novo lar, onde sejam bem recebidas - o estado do Texas, nos EUA, aparece como um dos favoritos, mas El Salvador, Cazaquistão e outros países também já demonstraram interesse em receber essas empresas.

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