(Joe Raedle/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 16 de junho de 2021 às 12h52.
Última atualização em 16 de junho de 2021 às 18h32.
Com mais de 92 mil bitcoins em suas reservas, a MicroStrategy chocou o mundo ao anunciar a emissão de 500 milhões de dólares em títulos e uma oferta de ações de mais 1 bilhão de dólares para novas compras de criptomoedas. Chamado de louco por muitos, o CEO Michael Saylor explicou, em entrevista à CNBC, a estratégia e objetivos da empresa de desenvolvimento de softwares.
Saylor, que ficou famoso ao levar à MicroStrategy ao posto de pioneira no investimento de suas reservas em bitcoin e se tornou um dos maiores entusiastas e porta-vozes do mercado de criptomoedas, também participou do processo que levou Elon Musk a investir fundos da Tesla em bitcoin e, mais recentemente, à criação do "Conselho de Mineração de Bitcoin", que pretende incentivar o uso de energia renovável no processo de obtenção de novos bitcoins.
Questionado sobre as opiniões dos acionistas sobre sua possível obsessão com o bitcoin, Saylor explicou que, antes de investir no ativo digital, as ações da MicroStrategy eram negociadas a cerca de 120 dólares. Era uma empresa lucrativa, mas, segundo o executivo, o dinheiro era "um passivo que os acionistas chamavam de lixo e consideravam uma fraqueza do negócio" e que, se tivesse sido mantido, "teria levado os papeis da companhia a serem negociados atualmente a metade daquele valor". A empresa então mudou de forma, mudou sua base de acionistas e se transformou em "uma empresa capaz de vender softwares empresariais e de adquirir e manter bitcoin".
Hoje, as ações da empresa são negociadas acima de 628 dólares, e Saylor estima que o poder de sua marca foi multiplicado em quase 100 vezes. No último trimestre, diz o CEO, o resultado com o desenvolvimento e a venda de softwares foi o melhor da empresa nos últimos 10 anos, citando que seu negócio central cresceu 10% e que isso comprova que a MicroStrategy não deixou o seu negócio principal de lado para focar nas criptomoedas. Segundo ele, funcionários e acionistas "estão felizes".
Michael Saylor ainda respondeu àqueles que consideram o bitcoin um ativo intagível: “O mundo está acordando para o fato de que o Bitcoin é uma propriedade digital em uma rede monetária aberta. E isso é muito profundo porque vai se espalhar para bilhões de pessoas em todo o planeta. É ouro digital em uma grande rede de tecnologia”.
Ele também explicou porque a companhia investe apenas no bitcoin, sem diversificar o portfólio de ativos digitais da MicroStrategy com exposição à outras criptomoedas: “O bitcoin é a maior e mais dominante rede de propriedade digital. (...) O bitcoin é feito para durar para sempre. Alta integridade. Muito durável”, disse, complementando que, apesar disso, "existe um lugar para todas essas coisas [citando outras criptomoedas, como as stablecoins e a rede Ethereum], se devidamente compreendidas”.
Por fim, Saylor explicou porque é mais vantajoso para os investidores comprar ações da MicroStrategy e não investir em em um ETF de bitcoin: "A Microstrategy tem a capacidade de transferir seu fluxo de caixa dos softwares para o bitcoin. E tem a capacidade de obter financiamento emitindo títulos de dívidas. Podemos pegar um bilhão de dólares emprestado com juro zero para comprar bitcoin. O seu ETF não pode fazer isso".
A MicroStrategy, que começou a investir suas reservas em bitcoin em agosto de 2020, comprou seus mais de 92 mil bitcoins a um preço médio de 24.450 dólares cada, o que significa que, com a cotação atual próxima de 40 mil dólares, a empresa lucrou quase 1,5 bilhão de dólares - ou 7,5 bilhões de reais - com a operação.
No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o seu funcionamento. Confira.