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CEO da Binance provoca Elon Musk sobre impacto ambiental do bitcoin

CZ compara consumo energético do bitcoin e da Tesla em mensagem sobre suposta 'preocupação seletiva' dos críticos da criptomoeda

 (Olemedia/Getty Images)

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GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 31 de maio de 2021 às 11h20.

CEO da Binance, uma das maiores corretoras de criptoativos do mundo, Changpeng Zhao (CZ) usou as redes sociais na noite de domingo, 30, para se posicionar sobre o consumo energético do bitcoin e aproveitou para "cutucar" o fundador da Tesla, Elon Musk.

"Quando você usa eletricidade para fazer carros funcionarem, é ecologicamente correto. Quando usa eletricidade para para fazer funcionar a mais eficiente rede financeira do mundo, é uma preocupação ambiental", publicou, no Twitter, seguido por emojis com risadas e bonequinhos com cara de confusos.

Apesar de não citar nominalmente o executivo, a mensagem tem como alvo Elon Musk, fundador e CEO da Tesla, empresa que comprou 1,5 bilhão de dólares de bitcoin em fevereiro e que, há algumas semanas, anunciou que deixaria de aceitar a criptomoeda como pagamento por seus carros elétricos, alegando preocupações com o alto consumo energético do bitcoin - fato que, segundo especialistas, desencadeou a queda recente no preço do ativo digital.

A provocação se apoia em um argumento recorrente entre os defensores do bitcoin: a de que os seus críticos são seletivos. A decisão da própria Tesla levanta a bola do debate sobre essa suposta preocupação ambiental seletiva, já que, segundo os entusiastas dos criptoativos, as questões citadas pela empresa em relação ao bitcoin não influenciam outras decisões da companhia, como o uso de outros componentes e fornecedores que causam grande impacto no meio ambiente.

"Devido a transparência da rede Bitcoin, é fácil estimar o seu consumo energético. Isso resulta em críticas frequentes ao bitcoin, mas essas críticas raramente são feitas contra outras indústrias tradicionais", afirmam especialistas da Galaxy Digital, que conduziu um estudo sobre o tema.

No documento, os pesquisadores mostram que o consumo energético do bitcoin é de fato elevado - de 113,89 terawatt-hora ao ano, incluindo todos os aspectos da rede, o que equivale ao consumo de países inteiros, como a Holanda (110,68 TWh/ano). Por outro lado, é muito menor do que da mineração de ouro (240,61 TWh/ano) e do sistema bancário (263,72TWh/ano) - e, nestes dois casos, ainda há outros impactos ambientais além do uso excessivo de energia elétrica.

“Se quisermos ter uma conversa honesta sobre o uso de energia do bitcoin, parece apropriado considerá-lo à luz dos setores aos quais ele é mais frequentemente comparado”, dizem os pesquisadores da Galaxy Digital, citando o fato de que é bastante incomum ouvir questionamentos sobre o consumo energético dessas e de outras grandes indústrias.

Apesar das críticas, Elon Musk parece decidido a buscar soluções para o mercado de criptoativos. Recentemente, ele participou de uma reunião com mineradores de bitcoin e com o CEO da MicroStrategy, Michael Saylor, no qual decidiram criar um "Conselho de Mineração" para promover iniciativas que ajudem a tornar o bitcoin e o mercado de criptoativos mais sustentável - como, por exemplo, expandir o uso de energia renovável na mineração da criptomoeda.

Recentemente, uma mineradora de bitcoin dos Estados Unidos também divulgou planos para construir o quarto maior parque solar do país com investimento total de mais de 4 bilhões de reais, para reduzir o impacto ambiental da sua operação.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o seu funcionamento. Confira.

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