Criptoativos

Bitcoin cai 35% no maior fluxo de venda de criptomoedas da história

Elon Musk, China e derivativos são as principais razões para queda acentuada no mercado de criptomoedas, que perdeu US$ 1 trilhão nos últimos dias

Bitcoin (Siegfried Layda/Getty Images)

Bitcoin (Siegfried Layda/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 19 de maio de 2021 às 11h58.

Última atualização em 19 de maio de 2021 às 12h58.

O mercado de criptoativos opera em queda acentuada nesta quarta-feira, 19, com seus dois principais representantes, o bitcoin e o ether, chegando a acumular quedas de 35% e 40% nas últimas 24 horas, respectivamente. Foi o maior fluxo de venda da história do setor, com mais de 1 trilhão de dólares deixando o mercado - 350 bilhões apenas no bitcoin. As explicações para a baixa passam por diversos fatores - de Elon Musk à China, do superaquecimento do mercado de derivativos às discussões sobre consumo energético.

Maior criptomoeda do mundo, o bitcoin opera no momento a cerca de 35.500 dólares, depois de chegar a 32.200 na mínima do dia - valor quase 50% abaixo da máxima registrada em abril, próximo a 64 mil dólares, e 35% abaixo do dia anterior. Já o ether, poucos dias depois de registrar seguidos recordes e uma máxima a 4.360 dólares no último dia 12, é negociado a 2.460 dólares, depois de atingir 2.059 dólares na mínima do dia, 40% abaixo do dia anterior.

Como representam a grande maioria do dinheiro investido no mercado de criptoativos, a queda de bitcoin e ether levam o preços dos outros ativos digitais para baixo, com praticamente todas as criptomoedas seguindo o movimento de baixa.

Musk, China e contratos futuros

O movimento de baixa das criptomoedas começou na última semana, quando Elon Musk foi às redes sociais criticar o bitcoin por seu alto consumo energético, afirmando que a Tesla suspenderia o uso da criptomoeda como método de pagamento para compra dos veículos elétricos. Depois, fez piada sobre a possibilidade da companhia vender todos os seus bitcoins, dando a entender que esta era uma chance real - o que, mais tarde, ele acabou desmentindo.

O estrago, entretanto, já estava feito. Segundo dados da empresa de análise de blockchain Glassnode, os comentários desencadearam um grande volume de vendas de novos e/ou pequenos investidores. A empresa notou que carteiras recentes e carteiras com menores valores armazenados estavam vendendo seus bitcoins - ao mesmo tempo, carteiras antigas e grandes investidores estavam guardando ou acumulando mais bitcoins.

Esse movimento de forças opostas segurou o valor do ativo acima de 43 mil dólares nos últimos dias, mas, no final da tarde da terça-feira, 18, quando o governo da China reiterou a proibição da oferta de serviços com criptoativos por bancos e instituições financeiras do país - algo que já havia sido feito em 2013 e em 2017 - o mercado pesou.

Junto a isso, a enorme quantidade de posições em aberto no mercado de derivativos, que operam alavancados e, por isso, têm ordens de venda automáticas - para garantir que o investidor não perca tudo e possa pagar o empréstimo tomado para a operação.

Quando o bitcoin brigava na faixa de 43 mil dólares, acumulando queda de 20% em relação a semana anterior, o número de investidores comprados, apostando na alta do ativo, já era gigantesco. Conforme o preço do ativo caía ainda mais, essas posições foram sendo automaticamente liquidadas, intensificando ainda mais o fluxo vendedor e empurrando os preços ainda mais para baixo. Em apenas uma hora nesta quarta, foram 2,7 bilhões de dólares em liquidações de contratos futuros de bitcoin - nas últimas 24 horas, o valor chega a 6,5 bilhões de dólares.

Com a queda, o bitcoin viu mais de 350 bilhões de dólares serem retirados do ativo digital, com seu valor de mercado caindo de 1 trilhão para 650 bilhões de dólares - a maior queda do seu "market cap" já registrada na história. O mercado de criptoativos como um todo também sofreu, com o valor de mercado de todas as criptomoedas somadas despencando de 2,5 trilhões para 1,5 trilhão de dólares.

Apesar dos números expressivos, as principais criptomoedas ainda acumulam alta em 2021. O bitcoin, cotado no momento a 35.500 dólares, teve ganhos de 19% no ano, enquanto o ether, nos atuais 2.460 dólares, ainda vale 240% mais do que no último dia de 2020.

No curso Decifrando as Criptomoedas da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da EXAME, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.

Acompanhe tudo sobre:BitcoinBlockchainChinaCriptomoedasElon MuskTesla

Mais de Criptoativos

Trump anuncia NFTs colecionáveis de si mesmo

Criptomoedas: o que muda com a regulamentação das moedas virtuais aprovada pelo Congresso

Estado de Nova York proíbe 'mineração' de criptomoedas; entenda

Mineradores de Bitcoin serão desligados da rede em caso de crise energética, diz União Europeia