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Após novo recorde a US$ 58 mil, bitcoin cai 10% e liquida US$ 1 bilhão em futuros

Preço da criptomoeda despenca após nova máxima, mas analistas vêem "correção normal" e explicam movimento de baixa desta segunda-feira

 (S3studio / Colaborador/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 22 de fevereiro de 2021 às 11h05.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2021 às 12h24.

Menos de 24 horas depois de atingir um novo recorde de preço a 58.330 dólares, no último domingo, 21, o preço do bitcoin caiu cerca de 10% na manhã desta segunda-feira, para pouco menos de 53 mil dólares. A queda promoveu a liquidação automática de quase 1,5 bilhão de dólares (cerca de 8 bilhões de reais) em contratos futuros de bitcoin.

Contratos futuros são derivativos que apostam no desempenho futuro de um determinado ativo. Se o investidor acredita que o preço do ativo vai aumentar, ele opera "comprado" (ou, em inglês, "long"); se acredita que o ativo vai desvalorizar, opera "vendido" (ou "short", em inglês).

Essa operação é feita com alavancagem, que é uma espécie de empréstimo, e, por isso, depende de garantias para ser realizada. Assim, quando o preço do ativo anda para o lado contrário ao que o investidor apostou, ele pode ter sua posição liquidada automaticamente.

As liquidações, em geral, provocam um efeito "bola de neve", já que reforçam o movimento de preço que as provocou. Por exemplo, quando o preço sobe e liquida posições vendidas, a tendência é que suba mais, já que força aumento nas compras. Ou, como aconteceu nesta manhã, o preço em queda aumenta o número de vendas com as liquidações de posições "compradas", impulsionando o preço para baixo.

Segundo o site Bybt, que monitora os contratos futuros de bitcoin nas principais exchanges de criptoativos do mundo, foram 1,48 bilhão em liquidações nas últimas horas, sendo metade disso apenas na Binance. Para especialistas, entretanto, a queda no preço da criptomoeda é normal.

"Nas últimas semanas, houve grande acumulação de posições 'compradas', então os traders já deveriam esperar esse tipo de correção", disse o CTO da exchange Bitfinex, Paolo Ardoino, em entrevista ao The Block.

Já o analista Joseph Young, do Cointelegraph, diz que a queda no preço do bitcoin se justifica por uma combinação de fatores: "A combinação de uma alta taxa de financiamento dos contratos futuros de bitcoin, a presença de um 'gap' na Bolsa de Chicago e os depósitos de grandes investidores nas principais exchanges dos EUA provavelmente alimentaram a queda", explicou.

A taxa de financiamento de contratos futuros é, em média, de 0,01%. No último fim de semana, chegou a variar entre 0,1 e 0,15%, ou seja, entre 10 e 15 vezes mais, indicando que superaquecimento do mercado e excesso de posições "compradas".

Já o "gap" no na Bolsa de Chicago (CME) acontece quando há uma grande diferença de preço entre o fechamento e a abertura do mercado — a CME é a maior bolsa de contratos futuros de bitcoin do mundo, mas, diferente das exchanges de criptoativos, não funciona aos finais de semana e feriados. Quando o mercado fechou, na sexta-feira, o bitcoin era cotado a cerca de 54 mil, preço muito diferente de quando abriu nesta segunda, a 56 mil.

“Uma correção de 15% poderia acontecer, tirando um pouco de vapor do mercado aquecido, antes de atingir novas máximas”, disse David Lifchitz, CIO da gestora ExoAlpha, ao CoinDesk. “Quanto mais parabólico e rápido for um movimento para cima, mais frágil ele será, então um leve recuo seria mais do que bem-vindo.”

No Brasil, o impacto no preço do bitcoin é minimizado pela alta do dólar, mas ainda assim significativo: depois de chegar a 320 mil reais, é negociado a 295 mil nas exchanges que operam em território nacional.

A queda no preço do bitcoin, entretanto, tem impacto muito pouco significativo no seu desempenho acumulado nas últimas semanas. Mesmo perdendo 10% em relação à sua máxima histórica, a criptomoeda continua com mais de 70% de ganhos em fevereiro, mais de 80% em 2021 e mais de 400% desde meados de outubro de 2020, quando iniciou sua tendência de alta e estava cotado perto de 10 mil dólares.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.

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