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Analista vê bitcoin a US$ 1 milhão e JPMorgan a US$ 146 mil, mas banco cita riscos

Análises sobre o preço do bitcoin mostram otimismo com relação ao longo prazo da criptomoeda, mas banco de investimentos faz ressalva sobre stablecoin investigada

 (Chesnot/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 12h03.

O especialista em criptoativos Anthony Pompliano voltou a prever o bitcoin valendo entre 500 mil e 1 milhão de dólares, em podcast do canal de TV norte-americano CNBC, na quinta-feira, 18. No mesmo dia, o banco JPMorgan divulgou relatório em que reafirma o preço-alvo de 146 mil dólares para a criptomoeda, diz que "disputa" com o ouro veio para ficar e cita possível risco por causa da stablecoin Tether.

Anthony Pompliano, cofundador e sócio da Morgan Creek Digital Assets, disse que o bitcoin pode passar de 500 mil dólares e, eventualmente, chegar em 1 milhão de dólares até o final da década. “Acho que o bitcoin vai crescer até se tornar a moeda de reserva global. Acho que a capitalização de mercado do bitcoin será muito maior do que a do ouro”, disse, no episódio mais recente do podcast "Beyond the Valley".

O banco JPMorgan, por sua vez, divulgou um relatório de 86 páginas, liderado pela analista Joyce Chang, que diz que a principal criptomoeda do mundo, e sua disputa para ocupar o lugar do ouro, veio para ficar: "A competição do bitcoin com o ouro como uma moeda 'alternativa' provavelmente continuará à medida que a geração dos millenials se torna um componente mais importante do universo dos investidores, dada sua preferência pelo 'ouro digital' ao invés do ouro tradicional".

Além disso, o texto reafirma o preço-alvo de 146 mil dólares, citado em análises anteriores: "No longo prazo, nossa meta de preço teórica de 146 mil dólares está condicionada à convergência da volatilidade do bitcoin com a do ouro, o que provavelmente não será apenas um processo de vários anos, mas também dependerá da capacidade do bitcoin se tornar mais institucional e menos varejista nos próximos anos", diz o relatório.

O banco de investimentos também fala sobre as iniciativas em blockchain da companhia, que deverão ganhar cada vez mais atenção: "O JPMorgan planeja continuar aumentando seus investimentos em tecnologia blockchain, conforme muitos desses esforços amadurecem e alcançam escala em nível global. O JPMorgan está animado para progredir em várias das iniciativas de blockchain de maior impacto do setor".

Banco cita Tether como um risco para o bitcoin

Apesar da análise otimista de longo prazo para o preço do bitcoin, o JPMorgan também cita possíveis riscos para a criptomoeda em seu relatário. Segundo o banco, uma "eventual perda de confiança" no Tether (USDT) pode ser um grande risco para o bitcoin — a stablecoin, responsável por mais de 50% das transações de bitcoin desde 2019, é alvo de investigação da Promotoria de Nova York (NYAG, na sigla em inglês).

"Uma perda repentina de confiança no USDT provavelmente geraria um grave choque de liquidez nos mercados de bitcoin, que poderiam perder o acesso aos maiores pools de demanda e liquidez", disseram os analistas do banco.

O USDT é uma stablecoin — criptoativo cujo preço é estável — lastreada no dólar, o que significa que para cada USDT emitido, o Tether precisa manter 1 dólar em suas reservas, de forma que os números de USDTs em circulação e de dólares guardados sejam sempre os mesmos.

No entanto, o projeto é alvo de acusações sobre valores discrepantes entre suas reservas e a emissão de USDT, além de alvo de um inquérito da Promotoria de Nova York sobre um suposto empréstimo não registrado à exchange Bitfinex, que pertence ao mesmo grupo. Para o JPMorgan, esse pode ser o "calcanhar de Aquiles" do bitcoin.

"Caso surjam quaisquer questões que possam afetar a disposição ou capacidade dos investidores de usar o USDT, o resultado mais provável seria um grave choque de liquidez mais amplo para o mercado de criptomoedas, que poderia ser amplificado por seu impacto desproporcional nas negociações de alta frequência (HFT) [negociação de ativos automatizada, realizada por algoritmos que compram e vendem ativos em altíssima velocidade], que dominam o fluxo", dizem os analistas no relatório.

Em 15 de janeiro, Tether e Bitfinex enviaram 2,5 milhões de páginas de documentação em resposta às solicitações da NYAG. As empresas afirmam que não cometeram ilegalidades e o caso segue em análise pela Promotoria, que pode decidir pela abertura do processo, pelo arquivamento do inquérito ou por um acordo entre as partes. Não há prazo para essa definição.

Enquanto isso, o bitcoin segue seu movimento de alta e, nesta sexta-feira, 19, atingiu novo recorde de preço, muito próximo de 53 mil dólares. A maior criptomoeda do mundo está perto de atingir valor de mercado de 1 trilhão de dólares.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.

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