Criptoativos

Após mobilização em redes sociais, criptoativo Dogecoin "imita" GameStop e dispara 220%

Em movimento semelhante ao que aconteceu com ações da GameStop, criptoativo mais que triplica de valor em apenas um dia e atinge preço mais alto de sua história

 (Yuriko Nakao/Getty Images)

(Yuriko Nakao/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 18h42.

Última atualização em 29 de janeiro de 2021 às 10h05.

Depois que operadores da bolsa de valores se mobilizaram para fazer o preço das ações da rede varejo GameStop subir 900% em apenas duas semanas, outros grupos se tentam se articular para tentar fazer o mesmo com diferentes ativos. No mercado de criptoativos, o alvo é a Dogecoin. Apenas nesta quinta-feira, 28, o ativo digital subiu mais de 220% e atingiu o maior preço de sua história, pouco acima de 2 centavos de dólar.

Assim como no caso das ações da GameStop e da brasileira IRB, o movimento de alta da Dogecoin tem indícios de ser impulsionado por grupos mobilizados para promover a alta artificial no preço do ativo. Esse tipo de manipulação, claro, é proibida e arriscada, mas ainda difícil de ser provada — ou, pelo menos, de identificar os seus responsáveis.

Nesta quinta-feira, o número de postagens sobre o criptoativo que tem os memes da internet em sua alma — e no seu logo — subiu 300% no Twitter em relação ao dia anterior. Hashtags como #dogecoin e #DogecoinInto1dollar tiveram volume considerável na rede social.

No Reddit, mensagens sobre a Dogecoin no fórum "Wall Street Bets", onde se iniciou o movimento pela alta da GameStop, publicações citando o criptoativo foram rapidamente deletadas pelos administradores da página — as regras do fórum proíbem publicações sobre cripto, que podem ser citadas "apenas de passagem".

Segundo a Bloomberg, entretanto, um outro fórum do Reddit pode ter sido a fonte para o início da mobilização. Chamado de "Satoshi Street Bet" — nome que mistura o criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto, com o fórum de dicas de ações e outros ativos do mercado tradicional — registrou grande quantidade de discussões sobre o assunto.

Vale a pena investir na Dogecoin?

Quando o preço de um ativo sobe sem nenhuma explicação razoável, o risco do investimento já é altíssimo. Se a principal suspeita é de manipulação do mercado, o risco é ainda maior.

Não apenas em relação à possível ilegalidade da operação, mas aos prejuízos financeiros. Quando um grupo decide se juntar para comprar um ativo e fazer os preços subirem artificialmente, eles terão que vender em algum momento para realizar os lucros. Se você não souber qual é esse momento e perder o timing, poderá ver o preço desabar na mesma velocidade que subiu, e ficar com ativos de pouco valor — e possivelmente de baixa liquidez — nas mãos.

A subida de preço artificial não se dá pela velocidade com que a alta aconteceu, mas pela falta de fundamentos que justifiquem o movimento. O bitcoin, por exemplo, teve uma alta meteórica em 2020, mas justificada: aumento de investimento institucional, adoção pelo Paypal e outras empresas de pagamentos, popularização de sua tecnologia, entre outros.

No caso da Dogecoin, à parte o burburinho nas redes sociais, não há nenhum fato relevante para justificar sua alta acentuada de preço. O único acontecimento mais notável sobre o criptoativo foram tweets de Elon Musk sobre o assunto.

O fundador da Tesla vive fazendo gracinhas sobre o criptoativo no Twitter, onde chegou a colocar em sua bio “ex-CEO da Dogecoin”, sempre em tom irônico, até por ser um criptoativo muito ligado à cultura de internet. A última vez que isso aconteceu, entretanto, foi no dia 20 de dezembro, e o impacto no preço, na época, foi de "apenas” 20%.

Por outro lado, a Dogecoin está entre os 50 maiores criptoativos do mundo já há alguns anos e, mesmo antes da alta desta quinta-feira, já tinha valor de mercado próximo de 1 bilhão de dólares — atualmente, está em quase 3 bilhões. Não é um projeto pequeno e desconhecido mas, de qualquer forma, é importante que investidores pesquisem e estudem antes de fazer aportes, para evitar riscos desnecessários — e, num caso de manipulação, também para não cometerem nenhuma ilegalidade.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. O especialista usa como exemplo o jogo Monopoly para mostrar quem são as empresas que estão atentas a essa tecnologia, além de ensinar como comprar criptoativos. Confira.

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresCriptomoedas

Mais de Criptoativos

Trump anuncia NFTs colecionáveis de si mesmo

Criptomoedas: o que muda com a regulamentação das moedas virtuais aprovada pelo Congresso

Estado de Nova York proíbe 'mineração' de criptomoedas; entenda

Mineradores de Bitcoin serão desligados da rede em caso de crise energética, diz União Europeia