Analista de criptomoedas considera que ata da reunião de juros do Fed "não trouxe nenhuma surpresa" (Getty Images/Reprodução)
O mercado de criptomoedas começou 2023 com um movimento de valorização "animador", conseguindo um nível de "boa recuperação" após encerrar 2022 com fortes perdas, segundo Lucas Josa, analista do BTG Pactual em relatório para a Mynt, corretora de criptoativos do banco. Mesmo assim, ele alerta em relatório que é preciso ficar atento a alguns fatores.
Josa lembra que o setor "apresentou um alto nível de sensibilidade a fatores macroeconômicos, com uma correlação muito grande com o mercado de ações norte-americano" ao longo de 2022, e isso não deve mudar em 2023. Mesmo assim, novidades internas do mercado podem acabar ajudando a ter movimentos de recuperação.
Já em relação à macroeconomia global, o analista considera que a mais recente ata da reunião de juros do Federal Reserve "não trouxe nenhuma surpresa", com mais detalhes sobre a política monetária do país neste ano indicando um ciclo de juros mais altos e por mais tempo.
"Em relação a inflação no país, as surpresas de novembro e dezembro, com números abaixo do projetado, foram bem-vindas, mas ainda não são suficientes para trazer evidências concretas para o comitê de que sua trajetória esteja realmente sob controle", destaca Josa.
As criptomoedas e outros ativos considerados de risco têm sido especialmente afetadas pela alta de juros nos Estados Unidos, iniciada em 2022. A expectativa é que possíveis sinalizações de um encerramento desse ciclo beneficiem o setor, e abram margem para novos movimentos de ganho.
Ao mesmo tempo, o analista observa que a China iniciou um processo de retirada de restrições para evitar a disseminação da Covid-19, o que pode ajudar a reduzir o impacto inflacionário global e, indiretamente, beneficiar ativos como o bitcoin ao ajudar a aliviar ciclos de alta de juros.
No mercado de criptomoedas, o analista acredita que será importante ficar de olho na confusão entre duas gigantes do mercado, a Gemini e a Digital Currency Group (DCG), mais especificamente em uma de suas subsidiárias, a Genesis.
A Gemini depositou parte dos ativos de seus clientes na Genesis como parte do seu programa de renda fixa. Entretanto, a empresa do DCG suspendeu saques culpando o mau momento do mercado e sua exposição à FTX, que havia acabado de entrar em falência.
O CEO da Gemini, Cameron Winklevoss, adotou desde então uma postura "mais direto e transparente possível com seus clientes, esclarecendo a situação em uma carta pública, que transfere toda a culpa do problema com o earn para a Digital Currency Group, grupo controlador da Genesis", explica o relatório.
Desde então, ele e o CEO do DCG, Barry Silbert, tem trocado cartas públicas com acusações sobre o tema. O conglomerado é responsável não apenas pela Genesis, mas também pela Grayscale, que possui o maior fundo de bitcoin do mundo.
Por isso, Josa acredita que é importante continuar acompanhando os desdobramentos dessa disputa, que, "eventualmente, poderia desencadear uma nova pressão vendedora no mercado".
"Mesmo sem muita novidade no cenário macroeconômico nos últimos dias, o mercado de cripto conseguiu uma boa recuperação, em um movimento que parece ser muito mais de descompressão do que propriamente uma mudança na tendência", avalia o analista.
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