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Cripto, NFTs, metaverso ou renda fixa: especialistas dizem onde investir

Qual o melhor investimento para 2022? Especialistas discorrem sobre as criptomoedas, renda fixa e renda variável, mas concordam em uma coisa: é preciso diversificar os investimentos

Quatro especialistas opinam sobre gama diversa de investimentos (Jirapong Manustrong/Getty Images)

Quatro especialistas opinam sobre gama diversa de investimentos (Jirapong Manustrong/Getty Images)

Cointelegraph Brasil

Cointelegraph Brasil

Publicado em 17 de fevereiro de 2022 às 15h19.

Com fevereiro já perto de seu fim, o ano de 2022 começa a desenhar o cenário econômico que se aproxima. E isso impacta diretamente a forma como as pessoas devem investir para potencializar suas economias.

As expectativas individuais não são ideais: com inflação em alta e juros subindo, projeções para a economia brasileira em 2022 pedem cautela e projetam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 0,42%, segundo o relatório Focus, do Banco Central.

Neste cenário muitos investidores se perguntam qual é o melhor investimento para 2022? Criptomoedas, NFTs, bitcoin, ações, empresas, tokens de metaverso, CDB, renda fixa, ou imóveis? As opções são inúmeras e muitas vezes deixam os investidores confusos com o que escolher.

"Em termos de investimentos, uma estratégia que oferece proteção contra contextos é diversificar o portfólio", recomenda Jorge Castellar, que é diretor global de vendas da Bricksave e possui MBA em Finanças pelo IBMEC.

Portanto, para Castellar, um dos princípios fundamentais de uma estratégia de investimento é evitar colocar todo o dinheiro em um único lugar, para que haja uma margem de segurança para recorrer. Investir quantias menores em uma variedade maior de aplicações evitará a perda total se um investimento tiver um desempenho ruim.

Nesta linha ele aponta que uma das melhores maneiras de diversificar o portfólio é investir internacionalmente. Complementar os investimentos domésticos com investimentos em mercados historicamente estáveis é uma excelente forma de proteção contra as oscilações que são comuns no Brasil e na América Latina, e que podem afetar seriamente os retornos financeiros.

O especialista também recomenda que se deve invistir em diferentes classes de ativos, e em diferentes indústrias, sempre em setores que você conhece.

"Isso não significa apenas investir em lugares diferentes, mas também considerar diferentes tipos de investimentos. Colocar todo o seu dinheiro em ações destinadas a gerar retornos de curto prazo, por exemplo, não proporcionará estabilidade de longo prazo. Setores como tecnologia e farmacêutico estão em uma situação favorável, o que não significa que todo o dinheiro tenha que ser investido neles. A escolha de indústrias diferentes garantirá que - no caso de algum setor ser particularmente afetado - os investimentos não sejam reduzidos significativamente", destaca.

Castellar também aponta que os investidores devem sempre adicionar um imóvel ao portfólio de investimentos, pois à medida que os preços continuam a subir, a compra de uma propriedade inteira estará cada vez mais fora do alcance de investimentos comuns.

"Além disso, fintechs ou proptechs permitem investir em um imóvel a partir de quantias menores. É uma opção viável para receber renda contínua e potencialmente obter um retorno sobre seu investimento quando a propriedade for vendida no futuro", finaliza.

Bitcoin é a melhor aposta

No caso das criptomoedas, para Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb, o desafio é encontrar o melhor ativo entre os milhares disponíveis no mercado. E a resposta é única: o bitcoin.

“O novo investidor não precisa entrar no universo cripto aplicando em criptomoedas altamente arriscadas, voláteis e de projetos pequenos e duvidosos. Ele pode começar por onde já existe mais histórico, estudo, utilidade, enfim, mais clareza e menos insegurança. O bitcoin é a criptomoeda soberana, a que rege o mercado e o projeto que mais se provou no tempo”, aponta.

E quando o investidor se familiarizar com o bitcoin, seugndo o analista, e encontrar outros projetos e investimentos com bons fundamentos, é importante planejar uma agenda de compras parceladas.

“As criptomoedas são muito voláteis, por isso o investidor precisa se proteger da oscilação dos preços. Mesmo que o bitcoin seja um bom projeto, não compre tudo de uma vez e jamais aporte todo o seu patrimônio em somente um projeto. A diversificação na carteira é o melhor caminho”.

Criptomoedas são opção contra a inflação ⠀

Em um mundo com inflação em alta, preços em ascensão e impressão descontrolada de moeda estatal, poucos ativos protegem os investidores da perda do poder de compra. Por isso, a descentralização e o aspecto deflacionário do bitcoin - na prática, a sua impossibilidade de emitir mais de 21 milhões de unidades -  são características importantes da maior moeda digital. ⠀

“É preciso tempo para que o mundo entenda a importância de um ativo deflacionário, e isso só pode acontecer em um momento de descontrole da inflação. Para se proteger da inflação, os investidores precisam recorrer a ativos que não possam ser simplesmente criados de acordo com o interesse de governantes. Precisam recorrer a ativos que não percam o seu poder de compra e que possuam potencial de atuarem como reservas de valor”, conclui Bernardo.⠀

Para Lucas Schoch, CEO e fundador da Bitfy, as criptomoedas estão entre os melhores investimentos para 2022 e destaca criptoativos como a Avalanche, um blockchain de primeira camada que teve a sua rede principal lançada em 2020, com o objetivo de desenvolver um ecossistema descentralizado próprio para criação de dApps.

Schoch também chama a atenção para o BNB, recém rebatizada como “Build and Build”, devido a corretora de criptomoedas Binance ter mudado seu nome em uma tentativa de dissociação da companhia ao seu blockchain e token.

No caso do BNB, seu ecossistema blockchain, anteriormente conhecido como Binance Smart Chain (BSC), foi alterado para BNB Chain, e o porque está explicado nas palavras da coordenadora do ecossistema, Samy Karim: “ao longo dos anos, percebemos que o BNB evoluiu para algo além da Binance e, de fato, BNB significa ‘Build and Build’ (e não Binance Coin)”.

Lucas Schoch também aponta as criptomoedas estáveis, ou stablecoins, como a TerraUSD (UST), que é uma moeda descentralizada e algorítmica do blockchain Terra, com valor atrelado ao dólar norte-americano, e que foi criada para resolver os problemas de escala enfrentados por outras stablecoins.

A criptomoeda foi lançada em 2020 e também pode ser trocada facilmente por outras stablecoins da mesma rede, como por exemplo a moeda atrelada ao won coreano, a TerraKRW.

"Outra moeda atrelada ao dólar norte-americano, é a Binance USD, uma stablecoin emitida sob o padrão ERC-20, suportando também BEP-2. A moeda que visa fundir a estabilidade do dólar com a tecnologia blockchain, e nesta última semana vem tendo uma singela valorização de 0,25%", disse.

Também na lista de Schoch estão bitcoin e ether, a criptomoeda nativa da rede Ethereum. Ambas são as principais criptomoedas do mercado.

SELIC impacta investimentos

Já Diogo Santos é assessor de investimentos da iHUB Investimentos, e aponta que Tesouro Direto Selic, CDB, LCI, LCA e Fundos DI fazem parte da listagem para quem deseja se beneficiar do aumento da taxa básica de juros e portanto, podem ser bons investimentos para 2022.

“Assim que o Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia que a Selic subiu, essa mudança faz com que as aplicações no Tesouro Direto Selic, por exemplo, passem a render mais no dia seguinte”, comenta Santos.

Na mesma linha de Santos, Bernardo Pascowitch destaca que a atual de alta dos juros brasileiros deve favorecer os investimentos de renda fixa, em detrimento dos ativos de renda variável. Isso porque a Selic mais alta pressiona o crédito, encarece os financiamentos para empresas e tende a desvalorizar as ações em razão do maior desconto exigido por investidores.

Pascowitch detalha também que o desafio ao pequeno investidor é analisar a remuneração de cada investimento em renda fixa, para confirmar se sua rentabilidade está acima da inflação. Um comportamento que não é tão comum no dia a dia dos investimentos.

"Os investidores costumam analisar somente o rendimento nominal, que é a informação que aparece na tela do investimento, mas não fazem o cálculo quanto ao rendimento real, ou seja, o rendimento descontando a inflação. É fundamental que haja essa preocupação agora em 2022, para que cada um consiga aproveitar as melhores oportunidades em renda fixa", conclui.

Tecnologia

Rodrigo Lima, analista de investimentos e editor de conteúdo da Stake, aponta que os investidores brasileiros estão de olho nas ações de empresas de tecnologia e que no último mês, duas companhias brasileiras se destacaram: Nubank e Vale.

“Dentre as primeiras posições das ações mais negociadas por brasileiros nas bolsas americanas, vemos os papéis da Alphabet, holding detentora do Google, que disparou depois que a companhia divulgou os resultados do quarto trimestre de 2021. Quem não teve a mesma sorte foram os compradores da Tesla, já que mesmo após divulgar um balanço extraordinário, a companhia rebaixou o seu guidance para 2022 por acreditar que a crise logística deve persistir e impactar sua receita durante o ano”, avalia.

No setor de investimento em tecnologia, Rafael Beraldi, administrador formado pelo Universidade Presbiteriana Mackenzie, aponta que uma empresa para evitar é a Meta (ex-Facebook), que pela primeira vez em 18 anos, registrou em 2022 uma queda em seu número de usuários diários.

A perda de 500 mil usuários diários se estendeu à divisão de anúncios da plataforma, que foi afetada diretamente. A receita para a empresa em relação ao último trimestre diminuiu.

Beraldi aponta que as pessoas têm passado muito tempo em aplicativos como o TikTok, e o próprio Mark Zuckerberg reconhece isso, reforçando a importância do foco da empresa nos Reels do Instagram, vendo os possíveis benefícios que podem ser alcançados a longo prazo.

A previsão da companhia é que o faturamento do primeiro trimestre de 2022 seja de, no máximo, US$ 29 bilhões. Enquanto analistas esperavam US$ 30,15 bilhões, segundo dados da Refinitiv.

"Parte desse prejuízo está na divisão Reality Labs, responsável pelo metaverso e por toda a operação de realidade aumentada e virtual da Meta. A expectativa é que a divisão continue gerando perdas durante todo o ano de 2022", afirma.

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