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Criadores da nova era: como a blockchain potencializa produtores de conteúdo e artistas

Descubra como a tecnologia blockchain e a chegada da Web3 podem redesenhar e descentralizar a produção de conteúdo online, trazendo uma nova perspectiva para artistas e produtores

 (imaginima/Getty Images)

(imaginima/Getty Images)

*Por AlmaDAO

Viver de arte sempre foi para poucos. Quase tanto quanto para pessoas que gostariam de ser astronautas. Mas estamos adentrando a uma Nova Era, onde a tecnologia blockchain e a cultura Web3 tornam esse antigo sonho, muito mais plausível de ser vivido.

Certamente muitos executivos de grandes empresas, quando mais jovens, teriam escolhido viver o sonho de ter uma banda, dirigir um filme, ser VJ da MTV, escrever um livro de ficção, ou viver de alguma forma de arte. E teriam assim escolhido caso tivessem alguma possibilidade de ganhar dinheiro e viver uma vida próspera. Mas certamente muitos não chegaram nem a tentar.

A criação do sonho

Porém, com o surgimento das redes sociais, surgiu a corrida pela atenção das pessoas que estavam online. Vimos os softwares comerem o mundo, e empresas como Facebook, Instagram, TikTok, Snapchat usarem algoritmos para incentivar criadores a criar conteúdo (UGC) em alto volume para interagir com seus seguidores.  Muitas pessoas levantaram bandeiras dizendo que "Content is King", e muito conteúdo gratuito foi criado, profetizando o que Bill Gates disse em 1996. A atração de bilhões de pessoas para as redes, chamou a atenção das marcas que queriam chegar nos seus públicos. E foi através do dinheiro das marcas, que as plataformas passaram a alimentar o sonho de criadores de ganharem dinheiro e viverem de seu talento.

Para que as redes conseguissem prender a atenção dos usuários 24h por dia, era preciso um volume gigantesco de conteúdo. E seus algoritmos levaram criadores a priorizar a quantidade de conteúdo à qualidade de conteúdo. E o que nós vimos acontecer ao longo do tempo, foi o processo de comoditização do conteúdo na internet

E ao mesmo tempo, passamos a encontrar algumas pessoas ganhando muito dinheiro online. Até hoje alguns jovens criadores faturam dezenas de milhões de dólares ao ano fazendo vídeos na internet sobre fantasias de Halloween, cupcakes, ou unboxing de brinquedos, por exemplo. O que para muitos ainda é uma aberração, para outros se tornou o novo sonho da família americana. 

Em 2019 uma pesquisa apontou que crianças das novas gerações tem a tendência muito maior de sonhar em um dia serem youtubers a serem astronautas. E recentemente todas as plataformas anunciaram fundos bilionários para investir em criadores, para continuar fomentando o sonho de viver da sua arte. 

A descoberta

Mas, o que parecia ser uma corrida promissora para criadores, se revelou uma grande "meia verdade". De fato alguns criadores ficaram muito ricos, mas a esmagadora maioria não viram um centavo. A prova disso é que hoje nos Estados Unidos 96,5% dos youtubers não ganham o suficiente para cruzar a linha da extrema pobreza. No Spotify, 90% das receitas distribuídas foram para menos de 1% dos artistas. Na Twitch 1% dos creators levam mais da metade de toda receita

A luta pela quantidade de seguidores, de likes, comentários e compartilhamentos, criou um ambiente de competição e comparação entre criadores. O sucesso de poucos e a derrota de muitos, criou o senso de escassez, que disparou a ansiedade desses criadores no mundo inteiro. Não é à toa que muitos criadores sofrem burnout e outros problemas de saúde. Para eles é vendido um sonho, que provavelmente nunca será realizado. 

Essa dura realidade não é uma surpresa quando analisamos o contexto de cima para baixo. O principal interesse das big techs é remunerar seus acionistas. Depois, agradar os seus clientes (as marcas). E o produto são os criadores de conteúdo e a tecnologia. Portanto, por mais que as redes anunciem fundos bilionários para investir em criadores, elas estão apenas reinvestindo no seu produto para que as marcas continuem conquistando seus objetivos.

A falta de um olhar genuíno para artistas e criadores tem levado muitos deles à desesperança. Nesse cenário, como diz Li Jin, criadores não são donos de nada nem dos meios de criação nem das suas audiências e, portanto, na Web2, artistas e criadores são reféns. Estão sempre trabalhando para alguém. 

A chegada de uma nova era

No entanto, a boa notícia é que o mundo dá voltas. E com o surgimento da tecnologia blockchain, artistas e criadores podem voltar a sonhar. 

A centralização de poder dessas plataformas e o modelo de negócios baseado em publicidade, pode ter vencido na era da Web2, mas sua vitória não é inevitável ou definitiva. Criadores do mundo todo já estão impacientes com as plataformas tradicionais e já buscam alternativas, ou então, questionam a forma como as plataformas tomam suas decisões (sem muito sucesso).

Enquanto isso, a tecnologia blockchain e suas derivadas, que constituem a cultura Web3, nascem para apoiar criadores a terem ownership sobre suas criações e informações. E em poucos anos, essa nova era já mudou a vida dos criadores e artistas. 

Apenas no ano de 2021, enquanto o Spotify pagou, em média, US$ 636 por artista, o YouTube pagou US$ 405 por canal, o facebook pagou US$ 0,10 por usuário, as NFTs pagaram em média US$ 174 mil por criador.

Mas você deve estar se perguntando, como isso foi possível.

Distribuição de valor mais justa

Através de blockchain, toda e qualquer criação digital pode ser identificada como sendo a única e original (como nossas impressões digitais). Essas criações são ativos digitais, também conhecidas como NFTs (entenda mais sobre NFTs aqui).  

A rastreabilidade desse ativo (que é outro aspecto fundamental de blockchain) viabiliza que um artista ou criador que criou e vendeu uma obra de arte digital, seja remunerado com royalties sempre que sua arte for revendida no mercado secundário. 

Por exemplo. Se um artista vender um quadro digital para Fulano, esse Fulano deve pagar o artista e receber o quadro. Até aí, nada de novo. Mas quando Fulano revender para Ciclano, por ser um ativo em blockchain, o artista fica sabendo e pode ter direito a receber royalties desta revenda (e por todas as vezes ela for revendida). Essa automatização para qualquer tipo de obra digital é inédito na história do mundo artístico.

Ao entender todos os fundamentos de blockchain, você perceberá que essa tecnologia é a viabilizadora e validadora de qualquer tipo de transação comercial, fazendo o papel que intermediários hoje executam na web2. Ou seja, tanto artistas e criadores, como consumidores, não precisam mais de intermediários para garantir que a compra ou venda aconteça. E isso muda o jogo, pois a partir de agora, não precisam existir plataformas centralizadoras ditando as regras sobre como, quanto, quando e se criadores devem ser pagos pelas suas criações.

Ou seja, a razão pela qual NFTs remuneram melhor criadores, é por que blockchain permite que exista uma DISTRIBUIÇÃO DE VALOR MAIS JUSTA. Quem gera valor, deve capturar valor.

Mundo novo, criador novo

Algumas consequências incríveis desse mundo novo para os criadores são muitas, mas destacarei algumas abaixo: 

  1. O restante da originalidade e qualidade: o incentivo que as redes sociais impuseram com seus algoritmos, estimulando uma alta quantidade de conteúdo e a consequente comoditização, fica para trás. Com a web3 passamos a incentivar a qualidade de criação. Se o criador quer que sua criação viva por muito tempo, para ganhar royalties ao longo de sua vida, ele precisa investir em algo que não seja efêmero.
  2. Construção de comunidades: em 2008 Kevin Kelly escreveu um artigo intitulado de 1.000 true fans, (que foi reinterpretado para os dias atuais pela Li Jin em 100 true fans) onde defendem a ideia que criadores podem viver da sua arte e talento com poucos e bons fãs. Em um cálculo rápido, um criador com 100 bons fãs que paguem 1.000 dólares ao ano pelo conteúdo do criador, levariam o criador a arrecadar 100.000 dólares ao ano, algo inimaginável para um criador "comum" no Youtube ou qualquer plataforma. Veja bem, não estamos falando da necessidade de milhares ou milhões de seguidores (como as redes sociais incentivam). Portanto, uma tendência a partir de agora, é que criadores se aproximem de seus fãs e criem relacionamentos de confiança, criando uma comunidade. Com estratégia e trabalho, fazer uma boa vida como criador passa a ser possível.
  3. Tokenização de ativos como o novo crowdfunding: criadores conhecem de longa data o crowdfunding, e muitas vezes tiveram seus projetos viabilizados por eles. Mas nunca foi algo sustentável e de longo prazo. Muitas vezes o crowdfunding até desvaloriza o projeto. No entanto, a partir da tokenização de ativos, fãs não apenas doam para o criador o seu dinheiro. Ele passa a ser investidor e holder de um ativo que tem valor real, e que pode valorizar no futuro, ou dar acesso a benefícios e experiências. Eventualmente, o fã pode até ganhar dinheiro por ter apoiado o criador no início do projeto.
  4. Intensificação das colabs: ouso dizer que o futuro da arte não está nos indivíduos mas sim nos coletivos. As novas gerações já nascem com o chip da colaboração e eles têm deixado claro o poder de não agir sozinhos mas agir em grupo, criando movimentos. Mas até então as colabs são comuns entre pessoas que se conhecem. Agora, através de blockchain, artistas do mundo todo, mesmo que não se conheçam e sejam anônimos, podem confiar na tecnologia blockchain, e co-criar conteúdo/ativos, sem medo de serem passados para trás. Em outras palavras, a tecnologia serve como um veículo de construção de CONFIANÇA entre criadores.

        Criadores são mais importantes do que nunca

        Em um mundo onde pessoas "procuram uma fuga" no seu dia desligando o celular e o computador, fica nítido que nós já estamos mais online do que offline. Mas ainda não em experiências imersivas. 

        Como Ray Dalio diz em seu livro Principles, o princípio de vida mais poderoso é o de evolução, e nós, seres humanos, não temos como pará-lo. Portanto, para falar de futuro, é preciso pensar na evolução das coisas. E a pergunta que fica é: para onde vai o mundo? Eu não sei qual a resposta certa, mas o futuro tem sido muito discutido recentemente, e em praticamente todas as pautas, o metaverso está presente. Na minha visão, mais importante do que metaverso, é qualquer experiência imersiva. 

        E se a premissa de que viveremos muito tempo em realidades imersivas for verdadeira, existem muitos mundos e universos digitais a serem criados. E ninguém melhor do que os criadores para cocriar o futuro. E via tecnologia blockchain, se temos como distribuir valor para quem gera valor, o que eu vejo é que muito valor irá para as mãos de artistas e criadores. 

        Continua… 

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