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Corretoras cripto recuperaram confiança do público perdida com crise da FTX, diz executivo da OKX

Em entrevista à EXAME, líder de inovação da exchange falou sobre importância do mercado brasileiro para a corretora e barreiras ao avanço da Web3

Jason Lau, da OKX, durante o Web Summit Rio 2024 (OKX/Divulgação/Divulgação)

Jason Lau, da OKX, durante o Web Summit Rio 2024 (OKX/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 19 de abril de 2024 às 15h27.

O esforço das corretoras de criptomoedas para recuperar a confiança perdida após a quebra da FTX está sendo bem-sucedida e ajudando as exchanges a recuperaram clientes. É o que avalia Jason Lau, chefe de inovação da corretora OKX, em entrevista à EXAME durante o Web Summit Rio 2024.

Lau afirmou que está "muito satisfeito em ver um progresso e evolução, em especial uma evolução de transparência, que se tornou um valor central no mercado. Nós precisamos nos responsabilizar, e a prova de reservas se tornou uma ferramenta muito importante e que também abraça o que o blockchain nos permite, de ter uma transparência e verificação de ativos".

O executivo destaca que esses esforços de transparência podem não prevenir um mau uso dos fundos de clientes - como o que ocorreu com a FTX -, mas que, ao mesmo, permitem "identificar os sinais de perigo". Lau comentou ainda que a primeira prova de reservas divulgada pela OKX foi em 2014, mas que, à época, "ninguém ligava para isso. Agora, houve um reconhecimento da sua importância".

"O setor tem visto mudanças e muito crescimento. Nos últimos dois anos, especialmente com a FTX, o nível de confiança colocado nas exchanges caiu muito, mas acredito que fizemos muito trabalho para recuperar e superar essa confiança, e estamos conseguindo", avaliou.

Outro destaque do executivo é um avanço da regulação do setor, com uma maior maturidade do tema e um esforço para proteger usuários sem barrar inovações. Com a combinação de um avanço da própria tecnologia por trás das criptomoedas, Lau diz que está "absolutamente otimista" com o futuro do mercado cripto.

"Nós temos também mais usuários familiarizados com blockchains, interagindo com múltiplas redes. Os usuários agora vão de um ecossistema para outro, e isso é algo novo", diz. Com essa visão, a OKX anunciou recentemente a X Layer, sua própria rede de segunda camada que terá interoperabilidade com outros blockchains.

O objetivo com o projeto é "incentivar a criação de novos aplicativos, protocolos. Esperamos que ela gere casos de usos novos. Esperamos que as redes não sejam silos, separadas, mas sim interajam cada vez mais". E, para Lau, os casos de uso da tecnologia blockchain são exatamente o principal motivo por trás de uma adoção mais lenta da Web3 ao redor mundo.

"A maior barreira para a adoção da Web3 é o fato de que ainda não temos casos de uso 10, 100 vezes melhores do que os que temos na Web2 [a geração atual da internet]. Estamos pensando em como fomentar isso, simplificar o acesso dos usuários a esse mundo e trabalhar a interoperabilidade, encorajando desenvolvedores a criar casos de uso novos, mas ainda há muito trabalho a ser feito", avalia.

OKX no Brasil

A OKX lançou suas operações no Brasil em novembro de 2023 e, desde então, tornou o mercado uma das suas prioridades ao redor do mundo. Jason Lau ressalta que "o Brasil é muito importante na América Latina. É um dos nossos mercados-chave, com uma grande tendência de adoção pela familiaridade do público com pagamentos e ativos digitais. É um mercado grande e vamos continuar investindo nele".

Guilherme Sacamone, que lidera a operação da OKX no Brasil, comenta que o crescimento da corretora no país está "acima do esperado, não só no número de usuários, mas de volume negociado e ativos sob gestão, algo que chamou nossa atenção". Para ele, a explicação para os resultados é o esforço de transparência da corretora, com sua prova de reservas, além de soluções de earn que passam todo o valor para o usuário final.

Para ele, o diferencial da OKX no mercado brasileiro é "ser uma empresa local, mas com capacidade de produtos globais. As empresas globais têm um portfólio excelente de produtos, mas dificuldade para adaptá-lo às necessidades locais. Já as empresas locais têm rápida capacidade de decisão e adaptação, mas falta esse portfólio".

O esforço da OKX no momento é de buscar uma intersecção entre as duas realidades, o que envolve uma "mudança de estratégia empresarial nos últimos anos" e a adaptação dos seus produtos às demandas e comportamento dos brasileiros. Um exemplo foi o lançamento nesta semana de um novo tipo de taxa para os clientes que é adaptativa ao grau de atividade dele, algo que já existe em outros mercados da exchange.

O objetivo com o projeto é "fomentar o mercado de negociação à vista da OKX no Brasil. Na prática, quanto mais negocia, melhores vão ser as taxas de negociação. Isso já é algo padrão do mercado, a novidade é que, se você mantém os fundos na OKX, vai se beneficiar tanto quanto quem negocia grandes volumes, já se qualificando nas taxas de negociação. Além disso, poderemos ter taxas negativas para usuários com mais recursos e volumes negociados".

"A autonomia das empresas globais é um ponto central. Um dos desafios que temos é competir com a autonomia das empresas brasileiras que produzem produtos para os brasileiros. É uma vantagem que elas têm. Mas temos nos diferenciado pelo esforço de ter uma autonomia local, com um produto desenhado para os brasileiros. O que funciona bem lá fora é tropicalizado para cá", diz.

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